Abandono da Orla
Com cerca de 60 metros de largura, a foz do Arroio Dilúvio divide duas orlas do Guaíba. Ao norte do leito, entre a Avenida Ipiranga e a Usina do Gasômetro, há infra-estrutura, local para caminhada e iluminação eficiente. Ao sul, entre o Museu Iberê Camargo e a Ipiranga, há trechos em que o piso se assemelha a crateras lunares, o mato toma conta e a escuridão completa o cenário de abandono.
Nas áreas em piores condições, o fluxo de praticantes de atividade física é menor. Para correr ou caminhar, os usuários têm de saltar sobre poças d’água ou contornar buracos. Quanto mais ao sul, mais raro se torna o asfalto da área de corrida. Em alguns trechos ele já deixou de existir.
– Corro há anos aqui e percebo que da Ipiranga para lá (trecho entre o Dilúvio e a Usina do Gasômetro) é um outro mundo. Além de limpar essa área, é preciso aumentar a segurança – comenta o advogado Vanius Guariglia, 57 anos, morador da Zona Sul.
Durante o dia, o maior fluxo é o de carros na Avenida Edvaldo Pereira Paiva (Beira-Rio). Para o lazer, os porto-alegrenses preferem utilizar o Parque Marinha do Brasil ou a parte mais conservada da orla. A preferência se explica: a visão do Guaíba está reduzida pela vegetação e a maioria das quadras esportivas estão tomadas pelo mato.
– É uma área tão bonita que tinha de receber mais atenção. A iluminação também é precária – avalia o porteiro João dos Santos, 50 anos, referindo-se ao Largo Dom Vicente Scherer, um espaço da orla localizado na junção da Beira-Rio com a Padre Cacique.
Nos últimos meses, o contraste entre as duas áreas se acentuou. As empresas que adotaram a orla entre a Usina do Gasômetro e a Avenida Guaíba (com exceção da área do antigo Estaleiro Só), em abril deste ano, concentraram os trabalhos na área nobre. Entre a Avenida Ipiranga e o Gasômetro, surgiram três novas quadras esportivas, postes e lâmpadas que reforçaram a iluminação. O trecho também ganhou duas guaritas e três painéis borrifadores de água.
De acordo com o supervisor de Praças e Parques da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Luiz Alberto Carvalho Junior, a extensão da orla – 74 quilômetros – dificulta a conservação de todos os trechos. A limpeza é priorizada em áreas mais utilizadas, como o Gasômetro, Ipanema, Lami, Belém Novo e Guarujá.
O trecho entre as avenidas Ipiranga e Guaíba deve ser revitalizado no ano que vem pelas empresas adotantes. Para os freqüentadores, é a esperança de transformação da área.
Zero Hora
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O trecho em direção ao Gasômetro não é o abandono total que a orla é em todo o sul, mas está longe de ser uma orla qualificada, bonita e segura. Muito longe.
E tem que ser repensada a overdose de maricás da orla. A visão que se tem do Guaíba nesses matagais é zero.
Ricardo Haberland.
Categorias:ORLA
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