Sob os arcos do Viaduto Otávio Rocha, um dos principais cartões postais de Porto Alegre, surge um movimento para tentar revitalizar o local.
Comerciantes e moradores da redondeza começaram nos últimos meses uma série de iniciativas para tentar transformar a obra em patrimônio histórico nacional e, com isso, conseguir recursos para recuperá-la.
Inaugurado em 1932 e considerado um dos monumentos arquitetônicos mais importantes de Porto Alegre, o viaduto na Avenida Borges de Medeiros está jogado às traças. Infiltrações, calçadas quebradas, iluminação deficiente, falta de segurança e pichações por todos os cantos escondem a beleza do local, reinaugurado há pouco mais de sete anos. À noite, os principais freqüentadores são moradores de rua.
Para tentar reverter a situação, os comerciantes que trabalham nas lojas da Borges se uniram a moradores. Foi criada Associação Representativa e Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha (ARCCOV), que completa um ano. Um dos primeiros objetivos é torná-lo patrimônio histórico nacional. O viaduto já é tombado pelo município. Isso facilitará a busca por recursos para a restauração da área.
– Precisamos recuperar esse local que é lindo. É um ponto turístico, mas do jeito que está não atrai as pessoas, nem turistas nem os próprios moradores da cidade. O turista chega ali (na Duque de Caxias) e não desce as escadarias – diz Adacir Flores, dono de uma loja de livros usados e presidente da ARCCOV.
Os documentos para tombar a obra deverão ser encaminhados no início do ano ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A intenção é fazer do local parte de um roteiro cultural no Centro.
– O viaduto é muito importante. Depois da sua construção, Porto Alegre começou a ser considerada uma cidade moderna – observa Rita Chang, presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural.
Os comerciantes também lutam para baixar o valor do aluguel cobrado pela prefeitura. Querem redução de 50%. Atualmente, cerca de 70% dos 24 espaços locados estão com o pagamento atrasado. O valor da locação varia de R$ 350 a R$ 900, conforme o tamanho.
– Estamos como se fosse embaixo de uma ponte. As pessoas não vêm nas lojas e por isso nosso movimento só diminui. Se o viaduto estivesse em bom estado atrairia mais pessoas – reclama Alfredo Rodrigues da Silva, 76 anos e há 37 com uma loja de cópia no local.
As principais reivindicações são a colocação de câmeras de vigilância e novo revestimento nas paredes para evitar pichações.
Zero Hora
____________________________
Logo após ter sido revitalizado, o viaduto foi pixado pelos participantes do Fórum Social Mundial, que deixaram ali o pensamento e filosofia do evento.
As idéias de resistência ali grafadas foram incorporadas pela cidade, sendo seu lema e seu norte, tanto ou mais como outrora já fora o positivismo, cujas marcas estão em todo o Centro histórico. Os registros históricos no viaduto, do grande evento que contribuiu para a formação cultura contemporânea portoalegrense, que reza por resistência e rejeição a qualquer influência externa, devem ser apagados?
_________________________________________
Ricardo Haberland
Acho louvável a decisão de tornar o viaduto Otávio Rocha patrimônio nacional.
O viaduto e seus prédios no entorno formam um conjunto impressionante, imponente, e lindíssimo. Além de que é algo único no Brasil.
Mereceria muito mais destaque turístico. Aliás, o viaduto não tem destaque turístico nenhum, e nenhuma menção nos roteiros, o que eu acho chocante, face a outros locais cantados a prosa e verso muito mais inespressivos que o viaduto. O viaduto da Borges merece ter tanta fama e ser ser tão símbolo da cidade quanto o Gasômetro, Laçador ou prédios históricos do Centro.
Categorias:Uncategorized
Faça seu comentário aqui: