Plano da GM tem potencial de 2 mil vagas

Projeto estimado em US$ 1 bilhão está em negociação com o governo do Estado

Vai depender do modelo de produção adotado na nova linha de montagem o aumento de empregos permitido pela ampliação do Complexo Automotivo de Gravataí. O investimento estimado em US$ 1 bilhão está em negociação entre o governo do Estado e a direção nacional da General Motors (GM).

Projeções de sindicalistas e especialistas, combinadas ao histórico de aumento de vagas na própria unidade gaúcha da GM, situam a geração de vagas entre mil e 2 mil. Edson Dorneles, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, ficou entusiasmado com a possibilidade que representa a ampliação da fábrica.

– É uma notícia bastante positiva, considerando o cenário. Estivemos com o Jaime Ardila (presidente da GM do Brasil e Mercosul) e falamos da necessidade de que unidade tivesse um novo projeto, um novo carro. Até parece que ele atendeu nosso pedido – brincou Dorneles.

Baseado no que chama de “conta de padaria” (cálculo simplificado, sem levar em conta aproveitamento integral da mão-de-obra atual), Dorneles estimou que um aumento de produção acima de 50% poderia levar o número de trabalhadores no complexo de Gravataí dos atuais 5 mil para mais de 7 mil. Para reforçar a conta, dados da montadora mostram que em 2006, quando a produção subiu de 120 mil para 210 mil carros por ano, houve contratação de 1,5 mil pessoas só na GM, sem contar as demais atividades.

– A organização em condomínio, o compartilhamento das estruturas e a alta tecnologia empregada dão à unidade de Gravataí um alto grau de eficiência – destacou o sindicalista, citando como exemplo uma prensa com mais de 20 operações simultâneas que, em 2000, no início das operações, só existia na Toyota no Japão.

José Roberto Ferro, especialista em indústria automotiva, reitera que não é possível projetar aumento de mão-de-obra exatamente igual ao da produção. Um dos motivos é o fato de que o pessoal administrativo, de suporte e de manutenção tende a ficar estável:

– Número de vagas geradas é muito variável, depende de quantos turnos serão criados, do uso da capacidade, do grau de automação.

Ferro vê como tendência a expansão da produção das montadoras para mercados emergentes como Brasil e China, além de outros contemplados com o deslocamento da produção.

– Nos últimos dois anos, todas as marcas ganharam dinheiro nesses mercados. Além disso, é sobre as nações mais ricas que o impacto da crise tem se abatido com mais força – disse.

Avaliando apenas o Brasil, ressalvou Ferro, não haveria necessidade de expansão de capacidade, em decorrência da queda da demanda e da redução das exportações. No entanto, o desempenho no país é melhor para praticamente todas as montadoras, o que se transforma num ímã do interesse em novos projetos.

O que está na mesa
As características do projeto de ampliação da GM em Gravataí:
> Investimento de US$ 1 bilhão
> Lançamento de um novo modelo
> Produção adicional de 130 mil unidades ao ano
> Financiamento de R$ 500 milhões, R$ 350 milhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 150 milhões pelo Banrisul
> Incentivos fiscais estaduais, mantendo pagamento de um quarto do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) devido sobre a venda direta
> Ampliação das instalações físicas do Complexo Automotivo de Gravataí, que poderiam até duplicar
> Acordo entre a montadora e o governo do Estado seria submetido à Assembleia Legislativa

Área para ampliação já está definida

Já existe local planejado para receber a ampliação da unidade da General Motors em Gravataí. É uma área com aproximadamente 80 hectares – o terreno do complexo automotivo chega a quase 400 hectares – situada antes da fábrica atual, tomando Porto Alegre como referência. A confirmação do projeto ainda depende de detalhes finais. Até contatos preliminares para um encontro entre o presidente mundial da GM, Richard Wagoner, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estão em andamento.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Paulo Tigre, a consolidação de um projeto como o da expansão da GM no Rio Grande do Sul, num momento como o atual, seria muito importante:

– Investimentos sempre são bem-vindos. Sabemos que a GM passa por um momento delicado em nível mundial, mas também temos informações de que a operação no Estado é muito rentável. Com boa infraestrutura e tecnologia desenvolvida, o Estado pode continuar a atrair investimentos.

Na avaliação de Tigre, o Rio Grande do Sul vive um bom momento, com a confirmação dos investimentos da Braskem na planta de polietileno verde e da Petrobras, que aplicará pesados recursos para melhorar a produção da Refap, em Canoas.

– São oportunidades que surgem em meio à crise, uma chance também de quebrar paradigmas a partir do Estado – completa.

Como o acordo desenhado entre o governo do Estado e a direção nacional da GM inclui incentivos fiscais (redução na cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), não deverá escapar da polêmica que cercou outros projetos semelhantes. Elvino Bohn Gass, líder da bancada de PT, a mais numerosa da oposição na Assembleia, já ensaia a cautela com que a proposta pode ser recebida, embora evite o tom mais duro adotado em episódios anteriores:

– Não se trata de não dar estímulos, mas de evitar que seja tão concentrado, para poucas e grandes empresas.

Atual área da GM em Gravataí, em foto aérea de Gerson Ibias

Atual área da GM em Gravataí, em foto aérea de Gerson Ibias

 

ZH



Categorias:Economia Estadual

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