O zoneamento da cana-de-açúcar é um fator que pode fazer com que o Rio Grande do Sul receba mais uma unidade de plástico verde (produzido a partir do etanol). O presidente da Braskem, Bernardo Gradin, admitiu que existe a possibilidade de ampliação de produção dessa resina, mas a concentração, atualmente, é na construção da primeira fábrica em escala industrial do produto.
O executivo, acompanhado da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e da governadora Yeda Crusius, realizou ontem, em uma cerimônia muito concorrida, o lançamento da pedra fundamental do projeto de polietileno verde no Polo Petroquímico de Triunfo. O investimento na planta de plástico verde será de cerca de R$ 500 milhões.
A unidade será capaz de produzir até 200 mil toneladas de eteno ao ano, que será utilizado para fabricar o polietileno. O início da operação comercial do novo complexo está previsto para o começo de 2011. Serão gerados cerca de 1,5 mil empregos durante a fase de obras e cerca de cem na operação. O termo verde, dado ao novo produto, vem da captura do gás carbônico que acontece com a vegetação da cana, que depois será utilizada como matéria-prima para a fabricação do etanol. O álcool, por sua vez, será usado para produzir eteno e polietileno. A cada quilo de polietileno verde produzido, há a captura de cerca de 2,5 quilos de CO2.
O presidente da Braskem destaca que o cronograma da planta independe da situação econômica global. Os estudos iniciais equiparam a competitividade do produto a um preço de petróleo de US$ 45. Gradin argumenta que a estimativa é de que o petróleo, no futuro, custará mais do que esse patamar e o etanol deverá ficar ainda mais vantajoso.
A Braskem negocia, desde ano passado, parcerias com clientes nacionais e internacionais, principalmente, da Europa, Estados Unidos e Japão, interessados em reforçar a associação de suas marcas ao conceito de sustentabilidade. A empresa firmou acordos com a Toyota Tsusho e com a Shiseido, fabricante de cosméticos. Conforme Gradin, a demanda potencial já identificada para o polietileno verde é de cerca de 600 mil toneladas ao ano. A fábrica consumirá cerca de 470 milhões de litros de etanol ao ano. O combustível chegará ao terminal de Santa Clara, em Triunfo, e dali será transferido para a planta por dutos. Originalmente, a maior quantidade de álcool será proveniente de São Paulo. “Seria excelente se tivéssemos produção no Rio Grande do Sul, por razões fiscais e de custos”, afirma Gradin. Ele salienta que isso fecharia a cadeia do plástico verde no Estado. De acordo com Dilma, o zoneamento da cana vai permitir que “o produtor gaúcho aproveite as oportunidades do plástico verde”. Na cerimônia, a governadora anunciou a concessão de incentivo para o álcool destinado à indústria petroquímica no Estado. A medida prevê o diferimento de ICMS para o álcool utilizado como matéria-prima pelo setor, por meio de projeto de lei encaminhado à Assembleia Legislativa.
Entre as razões para a instalação da unidade de plástico verde em Triunfo, Gradin cita ainda o compromisso com o governo do Estado quanto à solução sobre o crédito de ICMS represado devido a exportações das unidades gaúchas da Braskem. A empresa tem um crédito de cerca de R$ 350 milhões. Em contrapartida, a Braskem deverá realizar um investimento de R$ 1 bilhão no polo gaúcho. Metade dos recursos será aplicada na unidade e a outra parte em projetos de automação.
(por Jefferson Klein, de Triunfo)
Jornal do Comércio, 23/4/2009
Categorias:Economia Estadual
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