Aparelhamento técnico do IMS foi decisivo para a escolha, diz Verissimo
Fernando Eichenberg, Especial/Paris
Em Paris para participar de uma série de eventos no 5° Salão do Livro da América Latina, na Cité Internationale des Arts, o escritor Luis Fernando Verissimo falou a Zero Hora sobre a transferência do acervo literário de Erico Verissimo (1905 – 1975) para o Instituto Moreira Salles (IMS), no Rio. O acervo, constituído de originais manuscritos e datilografados do autor, esteve até 2007 sob os cuidados da PUCRS, organizado pelas professoras e pesquisadoras Maria da Glória Bordini e Regina Zilberman. Com a saída das pesquisadoras da universidade, a família decidiu dar outro destino aos valiosos documentos.
Segundo Verissimo, a escolha do IMS, uma das entidades culturais mais importantes do Brasil, se deu por questões puramente técnicas.
Zero Hora – Como foi tomada a decisão da transferência do acervo? Estamos conversando com o Instituto Moreira Salles há algum tempo, há mais de um ano, mas agora que vai se efetivar. Ainda não há uma data definida, mas deverá ocorrer nas próximas semanas. O acervo estava na PUCRS, quem cuidava lá era a Maria da Glória Bordini. Mas ela saiu da PUCRS, e como era ela que tinha começado tudo isso, ela que organizou o acervo do pai, então por uma questão de justiça tiramos o acervo de lá. Discutimos várias maneiras de quem ficaria com o acervo, surgiu o Instituto Moreira Salles e decidimos por eles.
Luis Fernando Verissimo –
ZH – Por que razão o Instituto? A razão foi pela conservação. Tecnicamente eles estão muito aparelhados. No Brasil, acho que quem faz melhor esse tipo de trabalho são eles. O acervo está indo em contrato de comodato. Não é nem uma doação, nem uma venda. É um contrato com prazo fixo, de 10 anos, e depois podemos fazer o que quiser. Mas nesse período de 10 anos o acervo ficará no Instituto Moreira Salles do Rio. Eles inclusive inauguraram instalações novas no Rio. É lá onde está o melhor sistema de recuperação e preservação de documentos, e essa foi a razão da nossa decisão de autorizar a ida do acervo.
LFV –
ZH – Duas questões surgiram com a ventilação dessa notícia. Uma é a de que o acervo do mais importante escritor gaúcho está sendo transferido para fora do Rio Grande do Sul. O ponto mais importante para nós é a preservação do acervo. Nesse caso, o fato de o Instituto Moreira Salles estar bem aparelhado para a preservação foi o decisivo. E, como falei, não será nem uma doação indefinida, nem uma venda, mas pelo regime de comodato. Aliás, o acervo do Mario Quintana está indo para lá também. O acervo estará à disposição de quem quiser, seja gaúcho ou não gaúcho. O importante para o Rio Grande do Sul é que o acervo seja bem preservado e bem cuidado. O decisivo é isso.
LFV –
ZH – A outra questão levantada: se disse no Rio Grande do Sul que uma das razões da transferência seria a de dar ainda maior visibilidade nacional à obra de Erico Verissimo – que hoje, por sinal, é publicada por uma editora (Companhia das Letras) de amplo alcance no país. Isso nunca foi pensado nem considerado. O importante é que o Instituto está bem aparelhado para a conservação, a preservação e a restauração, e o material vai estar lá disponível para quem quiser.
LFV –
ZH, 14/05/2009
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Lamentável notícia ! O acervo do maior escritor do Rio Grande do Sul vasi embora, como tantas outras coisas. Acho que daqui um tempo não terá mais nada que segure os gasúchos aqui, nem sua cultura.
O que tem na cabeça o Luis Fernando Veríssimo ? Qual é hein ???
O que diz o Centro Cultural CEEE Erico Veríssimo ? Pra que ele serve ? Pra bonito? Alôoooo CEEE !!!! Queremos uma atitude condizente com a cultura gaúcha !
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Ouvi dizer que mais de 4 milhões foi investido no Centro cultural par receber o acervo e agora a família quer levar embora. É muita cara de pauta! Alguém tem que fazer alguma coisa! Dinheiro do povo! O acervo tem que ficar!