Projeto foi aprovado no plano diretor cicloviário e está em fase de estudos, segundo EPTC
O terreno em volta do Arroio Dilúvio abriga buracos, montes de lixo, grama mal cortada e árvores que avançam sobre o passeio. Moradores ouvidos por Zero Hora são unânimes: querem uma ciclovia em toda a extensão da Avenida Ipiranga.
O técnico em Informática Márcio Graebin, 25 anos, é de Caxias do Sul e mora há seis meses em Porto Alegre. Com uma visão de quem vem de fora, Graebin vai mais além. Ele gostaria de ver um espaço para lazer em todo o trecho, com equipamentos de ginástica e monitores voluntários para auxiliar nos exercícios, como já ocorre na cidade serrana.
— Acho que o Dilúvio está abandonado, o espaço poderia ser reestruturado para uma ciclovia e se tornar uma área de lazer como é a orla do Guaíba. Lá, está ficando cheio demais para praticar exercícios. Porto Alegre precisa de mais opções — lamenta Graebin.
A publicitária Mocita Fagundes, 45 anos, não vê outra alternativa para a área senão substituir toda a grama por concreto.
— Aquilo é um horror. É um espaço completamente improdutivo, abandonado. Eu que não gosto do concreto vou ter que dar o braço a torcer. Ali, o mais salutar seria o calçamento — sugere Mocita, que todos os dias usa o trajeto entre a Rua Barão do Amazonas até a Avenida Praia de Belas, utilizando a cabeceira do arroio, para correr de casa até o trabalho.
Apesar de sugerir mudanças, a publicitária acrescenta que o espaço é fantástico e grande.
— Ali tem amplitude de área, é um absurdo não virar uma ciclovia. O trânsito da cidade está cada vez mais parado.
Para ela, o local precisa também de mais segurança:
— Não corro com medo de ser assaltada, mas sei que não é seguro. Entre a Avenida da Azenha e a Praia de Belas é mais movimentado, mas, perto da Avenida Coronel Lucas de Oliveira e da Rua Vicente da Fontoura, não tem policiamento, apesar de já ser um trecho tradicional de corrida — disse.
O administrador de empresas Júlio Balzano, 67 anos, utiliza a Avenida Edvaldo Pereira Paiva, conhecida como Beira-Rio, para caminhar, mas diz andar bastante de carro pela Ipiranga e observar muitos problemas na via.
— Uma ciclovia é necessária, só não pode diminuir a pista de rolamento. Acho que se o local fosse melhor aproveitado poderia haver redução no número de dejetos jogados no arroio, inclusive.
De acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), há um projeto para integrar diversas vias da cidade dentro do plano diretor cicloviário aprovado para Porto Alegre. De acordo com o Anexo 2 da Lei Complementar No. 626 de 15 de julho de 2009, a rede estrutural prevê uma rede de 495 quilômetros para as ciclovias. Neste plano, já aprovado, está prevista a implantação de ciclovia para toda extensão da Avenida Ipiranga.
Na primeira etapa, será implementado um trecho de 6,6 quilômetros de ciclovia às margens do Arroio Dilúvio entre a Avenida Edvaldo Pereira Paiva e Avenida Cristiano Fischer, próximo à PUCRS.
A nova estrutura não deve interferir nas faixas para veículos existentes e não tem ainda largura definida. Segundo a EPTC, a literatura especializada adota como largura padrão um mínimo de 2,50 metros para ciclovia bidirecional.
Isso depende, segundo a empresa, de um estudo técnico para a implementação do plano, que está sendo elaborado:
— A ciclovia pode estar em qualquer um dos lados do arroio, o que depende do espaço disponível para a construção da ciclovia, que será asfaltada. Ainda não temos uma data prevista para a construção — afirmou Emilio Merino, gerente de projetos estratégicos de mobilidade da EPTC.
Ele afirma que a empresa tem um plano bastante ambicioso para a rede cicloviária, de 130 quilômetros em uma primeira etapa, e que a prefeitura já tem o orçamento necessário.
— Além disso, estamos buscando parcerias com a iniciativa privada.
Uma das preocupações mais marcantes em relação ao uso de bicicletas como meio de transporte é a segurança no trânsito. Para isso, deve ser feita uma campanha de conscientização específica em relação aos ciclistas:
— Faremos a promoção da bicileta como veículo urbano. A ciclovia serviria para a integração com o transporte coletivo, pela a instalação de bicicletários nas estações e terminais de transporte público.
Esses bicicletários passam a ser obrigatórios de acordo com a Lei Complementar No. 626. Segundo Merino, a implementação da ciclovia deve contribuir para combater a falta de segurança ao longo da Avenida.
Atualmente, Porto Alegre tem duas ciclovias: a Airton Senna, na Avenida Guaíba, com aproximadamente 1200 metros de extensão, e a Eduardo Schaan, com 1500 metros de extensão na Avenida Diário de Notícias.
ZH
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Essas propostas de ciclovias em Porto Alegre não saem do papel.
E é uma cara de pau chamar aquilo em frente ao Barra Shopping de ciclovia; quem projetou aquilo imagina que os ciclistas cheguem até ali de helicóptero. Porque não fizeram o trecho desde o final do asfalto (da Av Beira Rio) até essa “ciclovia”. Falta de verba? falta de vergonha da EPTC que permite isso!
Andar de bicicleta pela ipiranga anda cada vez mais perigoso. Hoje um carro chegou a me derrubar da bike quando eu tentava atravessar o cruzamento da Ipiranga com a Cristiano Fischer. Por muita sorte não me machuquei.
A bicicleta é meu meio de transporte por opção. Deixo o carro em casa porque pedalando chego bem mais rápido ao trabalho, porque é mais saudável e porque neutralizo minha emissão de carbono. Também acho um absurdo a ciclovia da ipiranga não ter sido construída ainda. Enquanto isso, sigo dividindo o asfalto com os carros, que andam cada vez mais nervosos à medida que nosso trânsito piora.