Sob silêncio do Instituto Nacional de Meteorologia e do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, uma notícia que circula há algum tempo por sites especializados preocupa os meteorologistas brasileiros.
Responsável por gerar todos os dias informações meteorológicas, o satélite americano Goes 10 deve ser desativado até o fim do mês. Está obsoleto (os EUA já usam as versões Goes 11 e 12), mas o velhinho é mantido na reserva pelos americanos, sobre a divisa entre Roraima e Amazonas. Por sua localização, tornou-se o principal satélite de monitoramento das condições climáticas na América do Sul e no Brasil. Como o nosso país não tem um equipamento para essa tarefa, nossos institutos simplesmente copiam os modelos, de graça de sites americanos que compilam os dados do Goes 10.
Agora, o satélite será elevado algumas centenas de metros acima de sua órbita normal, para uma região conhecida como cemitério de lixo espacial. A consequência direta disso é que o Brasil utilizará as imagens geradas pelo Goes 12, localizado entre Peru, Equador e Colômbia e otimizado para registrar condições climáticas da Costa Leste dos EUA e Caribe.
Enquanto o satélite Goes 10 envia imagens ao Brasil com intervalo de 15 minutos, o Goes 12 as transmite de três em três horas (para esta parte do hemisfério).
A construção de um satélite brasileiro demoraria entre cinco e seis anos, uma eternidade se pensarmos que em 2014 o Brasil irá sediar uma Copa do Mundo – e em 2009 já sentimos por aqui as consequências das mudanças repentinas do clima. Mais: os Estados Unidos podem, de uma hora para outra, passar a cobrar pelo uso das informações de seus satélites.
É o que conhecemos como “meteorologia de Terceiro Mundo”.
ZH – DIÁRIOS DO MUNDO | RODRIGO LOPES
Categorias:Meteorologia
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