Novos modelos produzidos no Estado deverão ter participação de equipamentos e componentes produzidos na China e na Coreia
Pela terceira vez em menos de uma década, o Complexo Automotivo de Gravataí terá festa. Na quarta-feira, ocorrerá a largada oficial das obras da segunda ampliação da General Motors desde sua inauguração, em julho de 2000. A expansão da capacidade anual de 230 mil para 380 mil veículos também deverá exigir investimentos dos 17 atuais sistemistas fornecedores de conjuntos de peças que formam os automóveis e até novos parceiros são esperados para a empreitada gaúcha que parte de R$ 1,4 bilhão.
– Certamente, a nova ampliação da GM trará novos players ao Estado – afirma o secretário de Desenvolvimento, Josué Barbosa.
Atuais parceiros da montadora, como a fabricante de pneus Pirelli, que comunicou investimento em Gravataí, começaram a se movimentar para atender à demanda futura. Conforme Paulo Eli, presidente do Instituto Gaúcho de Estudos Automotivos (Igea), as indústrias, especialmente em São Paulo, estão perto do limite máximo de sua capacidade. No Estado, isso ainda não ocorreu, ressalva Eli. O início das obras que vão aumentar em 65% a produção de veículos pode dar o sinal que faltava a parceiros e candidatos a novos negócios.
A perspectiva da criação de mais mil vagas, para se somar aos 5 mil empregos no complexo, abriu negociação entre o sindicato dos metalúrgicos de Gravataí e a GM para criação de uma escola técnica na cidade, adianta Valcir Ascari, da direção da entidade.
Ao menos um setor, porém, já se frustrou com as perspectivas abertas pela ampliação da GM em território gaúcho. A direção regional da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq-RS) se mobilizou para encurtar o caminho de fornecedores locais, mas acabou se decepcionando.
– A duplicação da GM em Gravataí deve gerar muitos empregos na China, Coreia e outros, pois a indústria gaúcha de máquinas e equipamentos ficou à margem do fornecimento das linhas em que serão produzidos os veículos do Projeto Onix – lamenta Hernane Cauduro, diretor regional da entidade.
Das 60 empresas que participaram da tentativa de aproximação das indústrias locais com a área de compras da montadora, nenhuma manteve o contato ou teve retorno da cliente em potencial, relata Cauduro. No encontro, o diretor de compra da GM, Fred Roldan, advertira que fabricantes da Ásia tinham boa qualidade e preços 50% menores do que os nacionais. O próprio Cauduro admite que parte da responsabilidade é do Custo Brasil, do qual faz parte a tributação de investimentos, mas reclama a exigência de contrapartida de contratos locais na negociação de incentivos fiscais como os concedidos à GM.
Nas vésperas do início das obras, não é só a preparação da festa que causa correria. Na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), técnicos trabalham em ritmo acelerado para entregar a licença de instalação da ampliação. Embora o documento não seja necessário para a cerimônia, permite o início imediato dos trabalhos. Neste ano, o aniversário de 10 anos da inauguração deve ser coroado, dias mais, dias menos, pela marca da produção de 1,5 milhão de carros gaúchos para o mercado.
Zero Hora
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