ARENA – Humaitá azul

A construção da nova casa do Grêmio convida a cidade a crescer e habitar um bairro tão bem localizado como fora da rota de preferência dos porto-alegrenses. O Humaitá festeja junto com os gremistas o lançamento da pedra fundamental da Arena. A chegada do novo vizinho traz na carona promessa de investimentos, empreendimentos habitacionais e aquecimento do comércio. Localizado a menos de 10 minutos do Centro e com saídas privilegiadas da cidade, o bairro começa a passar por grande mudança.

Marcado para esta segunda-feira, o início das obras da Arena do Grêmio será, também, o ponto de partida para a transformação do bairro Humaitá.

Prefeitura e setores imobiliário e da construção civil fazem a melhor aposta possível: acreditam que o empreendimento possa trazer impacto semelhante ao verificado na região onde foi erguido o Shopping Iguatemi, na década de 1980. Trata-se de uma área nobre da Capital.

– Não tenho dúvida de que daqui a 10 anos teremos outro bairro – aposta o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), Paulo Garcia.

De fato, as mudanças não acontecerão da noite para o dia. Quem circula pelo Humaitá, hoje, encontra um lugar periférico, sem atrativos ou com grande movimentação. O último Censo disponível, de 2000, aponta 10 mil moradores no bairro, criado em 1988. O rendimento médio estava em seis salários mínimos. Depois disso, é verdade, condomínios horizontais, para a classe média, foram erguidos.

No ano passado, uma grande construtora lançou três empreendimentos residenciais. Ao todo, são cerca de mil apartamentos. Estão todos praticamente vendidos. Há planos para um quarto empreendimento nos próximos meses. Os corretores locais apontam a nova casa do Grêmio como catalisadora das vendas.

Com a Arena, vem também a expectativa de uma economia baseada no comércio, em vez de serviços – no Humaitá, comenta-se sobre a instalação de um hipermercado no local. Haverá, ainda, geração de empregos rebocada pela expansão imobiliária. Só o complexo do Grêmio, de responsabilidade da empreiteira OAS, contratará 2 mil operários para erguer estádio, 2,1 mil imóveis residenciais, hotel e centro empresarial com 480 salas e 19 pavimentos. Custo total: cerca de R$ 1 bilhão.

Mas outras construtoras devem levar pelo menos cinco anos para lançar empreendimentos no Humaitá, porque preferem esperar pela maturação da área. E, convém lembrar, não fazem grande estoque de terrenos – é algo de um ano para o outro, no máximo.

Mesmo assim, quem conhece o mercado conta o caso de uma empresa que concebeu um projeto de moradias populares no Humaitá e mudou de ideia ao detectar a movimentação do Grêmio no local. Resistiu à investida do clube pela área e, após a confirmação da Arena, já pensa em condomínio para a classe média.

O grosso da movimentação atual, porém, envolve investidores particulares, cujo objetivo é adquirir áreas para revendê-las com lucro às empreiteiras. Isso é confirmado por quem trabalha na região, como Zeli Wiechorick, gerente de um posto de combustíveis próximo à Arena. Segundo ela, apareceram muitos interessados pelo ponto quando a obra do novo estádio foi anunciada pelo Grêmio.

– Vai valorizar muito. O movimento vai aumentar – afirma.

Conforme o vice-presidente de comercialização de imóveis do Sindicato da Habitação (Secovi), Gilberto Cabeda, as construções no Humaitá terão ágio entre 20% e 30% sobre o valor atual. Não há, agora, oferta significativa de apartamentos na região devido ao perfil do bairro, por muito tempo ocupado por galpões industriais e depósitos.

A maioria dos prédios, modestos, é de quatro andares. Quando a expansão estiver consolidada, estima Cabeda, o aluguel de um imóvel com um dormitório sairá por algo em torno de R$ 800.

Os dirigentes do Secovi e do Sinduscon, aliás, acreditam em moradores entre as classes B e C. Dependerá de como a área será trabalhada.

O prefeito José Fortunati se mostra disposto a falar em investimentos. Cita a duplicação da Rua Voluntários da Pátria e a construção da Rodovia do Parque como novos acessos, além de melhorias na Avenida A.J. Renner. A localização, próxima ao aeroporto e ao centro, ajuda na valorização. E Fortunati também lembra da alteração feita no Plano Diretor de Porto Alegre, para permitir novas construções.

– A Arena será um ímã de atratividade – sustenta.

A Grêmio Empreendimentos e a OAS têm prazo de 30 meses para aprontar a Arena – março de 2013 –, que deve ficar pronta antes, no final de 2012. A ideia é que o estádio seja uma alternativa de apoio para a Copa de 2014. O restante do complexo do seu entorno levará mais tempo para ser finalizado.

Chegou a hora da contagem regressiva para o novo Humaitá, portanto.

CARLOS GUILHERME FERREIRA

http://zerohora.clicrbs.com.br/zeroh…&edition=15524


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Categorias:COPA 2014, Economia da cidade, Grêmio e Inter

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