Os do contra, mais uma vez

O atual proprietário da Galeria Chaves, que foi o primeiro “shopping” de Porto Alegre, está fazendo um trabalho gigantesco para devolver à cidade uma preciosidade histórica. A Galeria era ponto de encontro de políticos, senhoras da alta sociedade, namorados, aposentados, trabalhadores. Porto Alegre tinha um ponto de referência que só anos depois foi suplantado pelos modernos “shopping centers”. Parece que a reforma não terá seu curso normal. Pelo que se lê nos jornais diários, algumas “forças vivas” estão contra a reforma, porque estaria “desvirtuando” as características do prédio. Em suma: começaram a melar a recuperação da Galeria Chaves. Daqui a pouco, entram no baile as ONGs, os ecologistas, os partidos ditos “populares” (é época de eleição, minha gente!), o Ministério Público e até a célebre Liga Náutica. E aí a restauração ficará para as calendas, se é que algum dia terminará.

É assim que as coisas andam em Porto Alegre. Ou não andam. Um prédio fica atirado às traças durante décadas, envelhecendo, perdendo a cor, depredado aqui e ali, sem presente e nem futuro. Durante anos o telhado do prédio estava caindo de tanto cupim. Com o vigamento apodrecido, as goteiras eram frequentes. Quando do início da reforma, saíram caminhões cheios de madeiras comidas pelos cupins, telhas aos pedaços, material em decomposição. Ninguém demonstrava o menor interesse na sua conservação ou, no mínimo, numa pinturinha para tapear. Nem mesmo a “turma do contra” se prontificou a restaurar o prédio cuja construção começou em 1929 e só foi inaugurado em 1936. Não se ouviu um pio desse pessoal que gosta de aparecer para denunciar “desvirtuamentos”.

Ao vencedor, os escombros

Eu costumo fazer a comparação entre a Galeria Chaves e a área do Estaleiro Só, que também ficou décadas desocupada, com prédios em ruínas, estruturas enferrujadas, macegas do tamanho de eucaliptos, com sua fauna de usuários de drogas. No caso do Estaleiro, já comentei em outro artigo, sobre a conclusão do “imbróglio”: uma vitória parcial, mas que atendeu a todas as partes envolvidas.

Com a Galeria Chaves a coisa ruma para outra encrenca. As “forças vivas” que defendem a cidadania nesta Cidade de Porto Alegre e que têm o monopólio da verdade e das melhores intenções estão entrando em campo. Preparem-se para a intervenção da Câmara de Vereadores, da Assembleia Legislativa, de todos os poderes do Estado. Vão criar impedimentos, obstáculos, ameaças e, no fim, para coroar a brilhante atuação dos “vigilantes da cidadania”, sairá um documento obrigando o proprietário da Galeria a não fazer mais nada, deixar tudo como está, e a fornecer cem cestas básicas a entidades assistenciais. O proprietário entrega as cestinhas e se manda, colocando à venda o prédio para o qual tinha as melhores ideias e o melhor destino. E a Galeria Chaves entra, mais uma vez, na decadência, mas com uma certeza: ela pertence ao Povo. E Porto Alegre que se dane.

Fonte: Jornal da Capital



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4 respostas

  1. ALÉM DA GALERIA CHAVES HÁ O PRÉDIO INACABADO DA GALERIA DO ROSÁRIO, UMA VERGONHA QUE É VISTA DE QUALQUER PARTE DO CENTRO OU DO GUAÍBA…VEJAM AS FOTOS DO CENTRO DA DÉCADA DE 50 E LÁ ESTÁ O PRÉDIO DO MESMO JEITO QUE HOJE…UM MONSTRENGO…TALVEZ OS “ECOCHATOS” NÃO QUEIRAM QUE O EDIFÍCIO SEJA FINALMENTE TERMINADO, POIS ESTÁ “A POUCOS METROS DO GUAÍBA”…MAS, NÃO TEM PROBLEMA NÃO, ATÉ A COPA DO MUNDO ESTARÁ TUDO RESOLVIDO…

  2. Mas afinal do que se trata? Não estou sabendo de nada. Até então a reforma ia muito bem obrigado, com abertura de novas lojas no subsolo.

  3. e viva o JORNAL DA CAPITAL
    que teve a atitude de postar isso

  4. agora nao é hora de propor mudanças que mexem com a massa popular green.. véspera de eleiçoes..deixa terminar a parada

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