Mais uma estátua (a 5ª) da Cow Parade vira alvo de vandalismo

Paulo Serpa Antunes/Especial/JC

A escultura Mão de Vaca – criada pelo grupo Coletivo Otto e uma das 80 vaquinhas que fazem parte da Cow Parade em Porto Alegre -, foi transferida de lugar no início dessa semana. Coberta por centenas de moedas diferentes de outras épocas ou países, a escultura foi realocada do posto da esquina da Av. Venâncio Aires, no Bairro Cidade Baixa, para o hipermercado Zaffari Ipiranga.

Segundo a assessoria do evento, a transferência aconteceu porque as pessoas estavam pegando as moedas coladas na estrutura. Assim, a Mão de Vaca foi obrigada a trocar de lugar com A Incrível Hulkow, dos artistas Diego Wortmann e Samir Arrage, que estava no hipermercado.

Segundo Tiago Russell, do grupo Coletivo Otto, a escultura depredada será restaurada para que esteja pronta para o leilão beneficente das esculturas da parada, que acontece em dezembro. “Não é justo prejudicar uma entidade beneficente”, diz ele em entrevista ao Jornal do Comércio. “Inclusive vamos doar um saco de moedas e a cola especialmente desenvolvida pela Artecola para o comprador poder continuar a obra, se ele quiser”, completa.

Segundo Tiago, a obra foi, para o Coletivo Otto, como um trabalho terapêutico. “Se ela escondesse um microfone durante sua confecção, poderiamos relembrar horas e horas de conversas e desabafos do Coletivo”, brinca.

Ele ainda afirma que ações de vandalismo como essas são, infelizmente, algo comum. “Isso aconteceu em outras cidades, mesmo na Europa. O desrespeito à arte e ao que é público não é um mal geográfico, exclusivo dos gaúchos. É um problema de ignorância e falta de informação. Até por isso, a gente encara com naturalidade esse tipo de coisa”, afirma.

Para Tiago, mover a vaca de local pode ser uma boa maneira de testar se, com a troca de ambiente, este tipo de ação se repete com a mesma intensidade. “Se todas as pessoas num mesmo ambiente acham natural ver uma pessoa arrancando uma moeda de uma obra de arte, esse conceito vai se espalhar até ninguém dar importância”, diz. “Mas enquanto os nossos governantes continuarem reduzindo o debate político ao maquiavelismo do Bom x Mal, ficarem prometento bolsa isso ou aquilo, e não se concentrarem na base de tudo, que é a educação, muitas vacas como as nossas vão continuar indo pro brejo”, conclui.

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Categorias:vandalismo

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1 resposta

  1. Eu não me considero um entusiasta das artes plásticas, mas é deplorável ver uma obra de arte ter peças roubadas para serem trocadas por crack. Mas outras obras até mais relevantes sofrem com o descaso e outros tipos de vandalismo como pichações.

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