Maior problema da Capital é a falta de estrutura de gestão, diz arquiteto em debate

Evento é transmitido pela rádio e TVCOM direto do Teatro do CIEE

Logo no começo do debate, o arquiteto e professor titular do Departamento de Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Romulo Krafta destacou alguns dos problemas de Porto Alegre.

Ninguém formula nada nessa cidade. Nosso problema fundamental é falta de liderança e coordenação. Também há falta de financiamento e uma certa dispersão no uso de recursos. O terceiro problema é a descontinuidade. Curitiba, por exemplo, tem um sistema contínuo há pelo menos 50 anos. Nós estamos sempre reinventando a roda a cada gestão — defendeu Krafta.

— Nós temos que ter algum tipo de visão de futuro. Alguém tem que assumir esse papel de sugerir coisas para a cidade — completou ele.

Mobilidade urbana

O engenheiro civil, professor da Escola de Engenharia da UFRGS e representante da Escola no Conselho Rodoviário do Departamento Autônomo de Estradas e Rodagens (DAER), João Fortini Albano, falou sobre a “situação crítica da mobilidade urbana” em Porto Alegre, que tem 680 mil veículos circulando nas vias. Segundo ele, falta uma maior ousadia e coragem dos gestores, que precisam ter mais “vontade política para resolver os problemas“.

— Porto Alegre precisa de desenvolvimento sustentável, aumento da qualidade de vida e justiça social. Fizemos um levantamento, de janeiro a agosto, e constatamos o ingresso de 2 mil veículos novos por mês em Porto Alegre. A relação é de dois habitantes por veículo — disse Albano.

— A cidade tem crescido para a Zona Sul e seu desenho tem se transformado de cone para retângulo. É necessária a ligação da Estrada João de Oliveira Remião com Manoel Elias, passando pelo Morro Santana, até a freeway. Com a futura RS-010, ela poderá chegar até Sapiranga, ligando o Sul da cidade pelo lado Leste. Essa via pode desafogar o Centro — sugere ele, que defende mais Parcerias Público-Privada.

O engenheiro civil e conselheiro técnico consultivo do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (SENGE) Vinicius Galeazzi falou sobre o uso do transporte fluvial pelo Guaíba como uma alternativa importante.

— Vejo o aproveitamento do rio como um meio de transporte que Porto Alegre poderia usar muito bem. Não vejo isso acontecer. Parece que esse cidade precisa de meios de transporte coletivo como solução. Por que não ter mais ciclovias interligadas com linhas de ônibus? — questiona ele.

Contraponto

  • “Pensamos no aspecto de futuro. Em termos de mobilidade, a prefeitura está trabalhando num sistema viário importante, que é o sistema tronco (avenida Moab Caldas, que será duplicada), que tem previsão de uma via de escoamento. É um trabalho muito grande que envolve o deslocamento de famílias que estão no leito da rua. Assim como ocorreu na expansão do aeroporto, que também tivemos de deslocar famílias. Nós dependemos que os projetos sejam aprovados a nível federal. O emperramento muitas vezes ocorre pela burocracia”, do secretário adjunto do Planejamento de Porto Alegre, Francisco Dornelles.
  • “Trabalhamos com a alteração diária do trânsito, que envolve em torno de 700 pessoas e equipamentos de ponta como guinchos e monitoramento por câmeras. Temos buscado sempre uma melhoria do trânsito com projetos localizados elaborados por uma equipe muito competente. Estamos acelerando o projeto de financiamento dos Portais (da Cidade, que deve reformular o transporte coletivo) e também do aeromóvel”, do diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Capellari.

Confira quem são os participantes do debate:

Ida Bianchi, arquiteta urbanista e consultora da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) para assuntos de transportes.

Romulo Krafta, arquiteto e professor titular do Departamento de Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

João Fortini Albano, engenheiro civil, professor da Escola de Engenharia da UFRGS e representante da Escola no Conselho Rodoviário do Departamento Autônomo de Estradas e Rodagens (DAER).

Vinicius Galeazzi, engenheiro civil e conselheiro técnico consultivo do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (SENGE).

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A partir das 14h desta terça-feira, a Rádio Gaúcha realiza a última etapa da 20ª edição do Debates do Rio Grande, com o apresentador Lasier Martins no comando da discussão sobre os principais problemas da Capital para a Copa de 2014. O programa é transmitido pela rádio e também pela TVCOM direto do Teatro do CIEE, Rua Dom Pedro II, 861, em Porto Alegre. O evento é aberto ao público.

Ouça ao vivo pela Rádio Gaúcha ou

Assista pelo site da TVCOM.

Zero Hora / Rádio Gaúcha / TV Com

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Sublinhados e grifos são do editor.

Vejam os esquemas abaixo, para entender melhor a ligação Manoel Elias com Estr. João de Oliveira Remião a que o engenheiro  João Fortini Albano se refere no texto acima:

MAPA 1

MAPA 2


Edição: Gilberto Simon



Categorias:Arquitetura | Urbanismo

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5 respostas

  1. Não sou tão favorável a um túnel tão longo, devido à exaustão de ar ser uma questão bastante crítica. Fora isso, tem que se pensar em alguma alternativa que viabilize o uso por ciclistas e pedestres.

  2. “Nosso problema fundamental é falta de liderança e coordenação.”

    Essa frase é FUNDAMENTAL. É por ela que começam todos os nossos problemas históricos. Ninguém mais LIDERA nada. Não há um CAPITÃO..um COMANDANTE. Aquele cara que diz: Agora vai ser assim, porque eu quero assim. Nossos governantes embarcaram na onda do “politicamente correto”…da opiniãozinha do eleitorado, daquelas pessoas que não entendem nada de planejamento urbano. Dái surgiu o tal Orçamento Participativo, que como todos nós sabemos, é apenas uma enganação com objetivos eleitoreiros. Asfaltar favelas pra garantir votos. O resultado é evidente. Impermeabilização dos morros e, consequentemente, alagamentos cada vez mais graves.
    O executivo não tem mais CULHÕES pra deicidir por conta própria. Não tem coragem pra efetuar mudanças..não quer assumir responsabilidades sozinho. isso é COVARDIA, MEDO, INSEGURANÇA e INCOMPETÊNCIA. Delagaram essa tarefa que DEVERIA ser só deles, a pessoas que nada entendem das questões técnicas de uma cidade.
    O Executivo não tem nada que pedir palpitezinho pro povo. Tem é que apresentar soluções pensadas pelo seu enorme corpo técnico e DETERMINÁ-LAS. Tem que executar seus projetos e ponto final. Por isso é que se chama EXECUTIVO….a não ser que queira ser chamado de OPINATIVO.
    Uma cidade tem que ter uma diretriz de desenvolvimento, e essa diretriz tem que vir de cima para baixo. Manda quem pode e obedece quem precisa. O Poder público, investido no cargo pelo eleitor, tem que colocar em prática suas convicções do que é melhor pra cidade. Tem que ter luz própria. Isso não é egocentrismo nem prepotência. É ter um norte, norte esse, respaldado por centenas de técnicos e especialistas (servidores) nas áreas a serem desenvolvidas.
    Portanto, chega de enrolação! Está na hora de DECIDIR e EXECUTAR.

  3. Qual seria o custo de construir um túnel de 4,2 km atravessando o morro Santana? Compensaria o investimento da prefeitura? Esses planejadores urbanos deveriam pensar nessas coisas ao invés de se fechar em suas utopias e culpar o atraso da cidade na “falta de vontade política”.

  4. HÁ MUITO QUE PENSO NESTA SOLUÇÃO…A CONSTRUÇÃO DE UM TÚNEL SOB O MORRO SANTANA, LIGANDO A MANOEL ELIAS COM A BENTO GONÇALVES E DEPOIS COM A JOÃO DE OLIVEIRA REMIÃO…SERIA UM DESAFOGO NO PIOR FUNIL VIÁRIO DE PORTO ALEGRE…A PRÓPRIA PROTÁSIO ALVES TEM CONDIÇÕES DE TER UMA 3ª PISTA A PARTIR DA CARLOS GOMES EM DIREÇÃO A VIAMÃO…SOLUÇÕES EXISTEM, É PRECISO TER CORAGEM…JÁ PENSARAM, SE TELMO THOMPSON FLORES NÃO TIVESSE UM DIA A “CORAGEM” DE CONSTRUIR O COMPLEXO DE TÚNEIS E ELEVADAS DA CONCEIÇÃO, O QUE SERIA DO TRÂNSITO EM PORTO ALEGRE HOJE? UM TÚNEL SOB O MORRO SANTANA PARECE FANTASIA? ASSIM COMO FOI COM O COMPLEXO CONCEIÇÃO HÁ 40 ANOS…

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