Carta entregue ao Prefeito de Porto Alegre, por iniciativa dos ciclistas do Blog Massa Crítica
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Porto Alegre, 06 de dezembro de 2010.
Sr. Prefeito,
Damos total apoio à sanção do projeto da Semana de Combate à Violência no Trânsito e gostaríamos de aproveitar a oportunidade para mostrar-lhe nosso ponto de vista e, por que não, darmos algumas sugestões de atividades para a campanha.
Não há como negar, carro é uma arma. Por ano, no Brasil morrem cerca de 40 mil pessoas vítimas do trânsito e mais centenas de milhares são gravemente feridas ou mutiladas para toda a vida. É mais do que muita guerra mata. Acreditamos que a principal maneira de prevenir acidentes é reduzindo o número de automóveis que circulam pela nossa cidade. A matemática é bem simples, quanto mais carros estiverem circulando nas ruas, maior é a probabilidade de um acidente acontecer. E, quando temos uma tonelada de metal, se deslocando em zonas altamente povoadas a 30, 40, 60, até mesmo 80km/h, as chances desse acidente ser fatal são elevadíssimas.
Por isso queremos que durante a Semana de Combate à Violência no Trânsito, e por que não durante o ano todo, o senhor invista prioritariamente em políticas que incentivem o uso de bicicletas e do transporte público. Pois cada bicicleta é um carro a menos nas ruas, e cada ônibus são 40 carros a menos!
Outra maneira de se diminuir a gravidade dos acidentes é limitando ainda mais a velocidade dos veículos. Isso pode ser feito de diversas formas: barreiras físicas (lombadas), mais controladores eletrônicos de velocidade, fiscalização mais intensiva e, talvez o mais importante, um planejamento urbano que não incentive nem permita a alta velocidade dentro dos limites da nossa cidade. Todos sabemos que vias mais largas incentivam o motorista a ir mais rápido, enquanto que vias mais estreitas, com calçadas mais largas, desestimulam o motorista apressado. Uma técnica muito simples e barata, utilizada na Europa e até no nosso vizinho Uruguai, é o alargamento das calçadas nas esquinas, justamente na área onde é proibido que os carros estacionem. Desta forma o pedestre tem mais segurança para atravessar a rua e os carros têm que reduzir mais a velocidade ao fazer a conversão, dando mais segurança a todos; e de quebra ainda ganhamos mais espaço público, onde podem ser instalados bancos e jardins.
O senhor provavelmente já ouviu falar também das chamadas Zonas 30. Zonas residenciais onde a velocidade máxima permitida é 30km/h. Esse movimento começou no exterior e agora até mesmo o Rio de Janeiro já vem criando, com sucesso, as Zonas 30. Por que não as implementamos aqui em Porto Alegre?
Por falar no Rio de Janeiro, o senhor sabia que agora na Lapa, à noite, a circulação de carros é proibida? A Lapa é uma zona boêmia, por onde circulam muitos pedestres à noite. A proibição da circulação de carros deixou a zona mais agradável, com mais espaço para os pedestres e mesmo para os bares colocarem suas mesas. Ao transformar essas ruas em ruas para pedestres à noite, o ato de sair de carro para beber também é desestimulado, teremos menos motoristas bêbados na rua. Imagine só as ruas Lima e Silva, da República e João Alfredo, sem carros à noite, ou até mesmo a Padre Chagas! Cheias de mesas na calçada e pedestres andando tranquilamente pela rua, sem precisarem se espremer pelas calçadas.
Acreditamos também que a gradual substituição do atual transporte coletivo por um movido a eletricidade, só trará benefícios. Além dos óbvios benefícios ambientais, por ser mais eficiente, os veículos elétricos emitem menos ruído, e como todos sabemos a poluição sonora é geradora de estresse, que por sua vez gera violência. Existem modelos mais modernos de trólebus (ônibus elétricos) que não necessitam de rede elétrica aérea.
Entregamos essa carta para o senhor pois acreditamos que uma cidade mais humana, mais agradável, mais segura, é possível. E que para torná-la realidade, não precisamos de obras faraônicas, de viadutos de milhões de reais, pelo contrário, quanto mais investirmos em vias para automóveis mais estaremos incentivando as pessoas a utilizá-los. O que precisamos são de políticas simples, eficientes, que outras cidades já mostraram que funcionam. Contamos com o senhor para nos ajudar a criar uma Porto Alegre para as pessoas.
Sinceramente,
Pedestres, ciclistas, passageiros de ônibus e até mesmo motoristas que querem uma cidade mais humana.
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Publicado em http://massacriticapoa.wordpress.com/2010/12/05/carta-ao-prefeito/
Categorias:Bicicleta
Tu mesmo Augusto que dizes que os técnicos é que têm capacidade para planejar a cidade, mês passado participei brevemente do Seminário de Mobilidade e Inclusão, organizado pela EPTC, Prefeitura, Carris, etc. onde era consenso entre todos os técnicos e autoridades presentes que ampliar vias para carro só aumenta os congestionamentos.
Augusto, o transporte motorizado particular é inviável como principal modal de transporte. É simples assim. Recentemente saiu até na ZH que 50% dos lares gaúchos possuem automóvel. 50%! Imagina quando chegar a 100%!
As ruas vãos estar sempre travadas, por mais que alarguem elas, a frota de automóveis vai continuar aumentando. Olha Brasília, que foi planejada por técnicos para ser uma cidade baseada no trânsito por automóveis particulares, que hoje em dia congestiona diariamente. Até o Eixo Monumental, com 12 faixas para carros, congestiona! Olha São Paulo com suas megavias, as marginais, 23 de maio, são vias “expressas” e mesmo assim estão sempre batendo recordes de lentidão. É isto que queres para Porto Alegre?
Precisamos investir sim em transporte público coletivo e bicicletas e vias para pedestres para distâncias curtas e médias. Só assim para ter mobilidade para todos E qualidade de vida.
“Calçadas mais largas e ruas mais estreitas tornam a cidade mais agradável, desincentivam altas velocidades e mesmo o uso do automóvel em relação a outros modais, tornando a cidade mais agradável, segura, etc, etc.”
O que desincentiva a velocidade é multa pesada e cadeia, em caso de lesão corporal. Podem fazer ruas de 3 metros de largura, cheias de lombadas..que emsmo assim os “pilotos” de plantão continuarão a correr.
Vocês querem o quê hein? Que o trânsito da cidade trave de vez? Que negócio é esse de calçada mais larga e leito mais estreito? Que mania de estar na contramão das necessidades.
Vocês são o Maquiavel às avessas. Os meios contrariando os fins.
Daniel,
Semáforos para pedestre geralmente possuem longos tempos de espera e isso associado com as avenidas largas, barulhentas e poluídas, desincentivam as pessoas a andar a pé e curtir a cidade e mesmo como meio de se deslocar.
Calçadas mais largas e ruas mais estreitas tornam a cidade mais agradável, desincentivam altas velocidades e mesmo o uso do automóvel em relação a outros modais, tornando a cidade mais agradável, segura, etc, etc.
Marcelo, a questão dos atropelamentos se resolve tanto investindo no mobiliário urbano (semáforos junto às faixas de segurança, calçadas preferencialmente com a sinalização tátil para cegos e rebaixamentos para subida de cadeiras de rodas, passarelas e túneis para pedestres), mas ainda há algo mais difícil de alterar que é a consciência dos motoristas. E atropelamentos são um negócio lucrativo, depois tem que gastar com funilaria para reparar a lataria dos carros e, para o pedestre de pouca sorte, o gesso, que não é tão barato…
“Hahaha. E tu, com certeza, fazer parte do 1% que sabe o que é bom pra cidade, né Augusto?”
Eu, em algum momento, sugeri isso?
Mas só para ficares mais tranquilo, antecipo a resposta. Não, Marcelo. Não me incluo nos 1% capazes de planejar a cidade. Essa terefa diz respeito a quem entende de planejamento urbano…aqueles funcionários públicos técnicos no assunto e com a formação específica na área em questão. Seria o mesmo que eu pretender chefiar o Laboratório de propulsão a Jato da NASA. Não estou capacitado.
Onde eu disse “fazer” leia-se “fazes”.
Hahaha. E tu, com certeza, fazer parte do 1% que sabe o que é bom pra cidade, né Augusto?
errata; exemplo é com X….obviamente.
Essas alternativas à democracia representativa são apenas teoréticas. Em resumo, há uma simples idealização de uma sociedade representada em cada um de seus indivíduos, mas na prática não passa de um exercício ficcional, visto que grupos, conglomerados, clãs, organizações, associações, clubes e quaisquer reuniões de pessoas sob um determinado interesse, são guiadas por líderes….pessoas que possuem assendência sobre as demais.
Não há organização humana sem pontífices. Um dos esemplos mais claros de que uma entidade necessida de hierarquia e liderança são os exércitos. Manda quem pode e obedece quem precisa. Não fosse assim…qualquer guerra e batalha estaria perdida, devido à falta de organização, capacidade de comando dadas pela ausência de comando.
Quando alguns dos nossos líderes, safadamente quiseram parecer democráticos ad extremum, a bagunça e a ineficiência do Estado tomou proporções grotescas. isso nitidamente destruiu o PLANEJAMENTO. A partir do momento em que o gestor público cria coisas do tipo Orçamento Participativo…o administrador simplesmente abre a mão de planejar e entrega a tarefa a qualquer imbecil despreparado para pensar a tarefa. O resultado é óbvio: falta de objetividade, péssimas escolhas e desconhecimentos de causa acarretando prejuízos ao contribuinte.
Quando, por questões meramente eleitoreiras, inventaram a tal “participação popular”…aniquilaram as bases da gestão pública.
99% das pessoas sequer poderiam passar perto da chance de pensar uma cidade (mesmo que em tese tenham direiro de fazê-lo)….e nossos gestores públicos, infelizmente estão dando oportunidade que gente totalmente despreparada do ponto de vista cognitivo interveiam no processo organizacional de uma cidade. Pura politicagem barata e nefasta ao planejamento de uma metrópole.
Sobre alternativas à “democracia” representativa:
http://pt-br.protopia.wikia.com/wiki/Quais_s%C3%A3o_as_alternativas_democr%C3%A1ticas_%C3%A0_democracia%3F
Hehehehe. Augusto, a democracia REPRESENTATIVA é um embuste, a verdadeira democracia (onde o poder realmente é das pessoas e das comunidades, e não de uma elítica política e econômica) não é embuste nenhum.
Olhem para que serve 36 vereadores. (TEXTO ABAIXO RETIRADO DO DIÁRIO OFICIAL DE PORTO ALEGRE, dia 08/12/10)
Mercados serão obrigados
a disponibilizar lupa a clientes
Os vereadores aprovaram projeto que obriga os estabelecimentos
que comercializem produtos de alimentação,
higiene, limpeza e remédios a fornecer lupa aos clientes. A
proposta prevê que as lupas serão instaladas nos carrinhos
de compras e nas extremidades dos corredores, junto às
gôndolas.
“Para pessoas idosas ou com visão limitada, realizar
compras é um grande desafi o, pois é quase impossível ler
os rótulos dos produtos. Tanto as listas de ingredientes
como as tabelas de informação nutricional são geralmente
impressas em letras muito pequenas. Muitas vezes é difícil
a leitura de prazos de validade e do local de fabricação dos
produtos”, lembra o autor da proposta.
Para o vereador, a colocação de lupas trará grandes
benefícios à população, como a segurança em suas compras,
permitindo que os clientes possam adquirir produtos
mais saudáveis. “Os mais importantes países da Europa
já vêm implantando as lentes de aumento em carrinhos e
gôndolas.”
PS. Quando digo que a nossa democracia é um embuste, ainda me criticam.
Se o meu dinheiro serve pra manter e alimentar essa cambada de políticos inúteis e esse sistema cínico, prefiro mil vezes uma ditadura ferrenha.