Lixo é problema em Curitiba, a “Capital Ecológica”

Tida por muitos como a “Capital Ecológica” do Brasil, Curitiba tem enfrentado sérios problemas na administração dos resíduos sólidos da cidade. De fechamento de lixões à baixa adesão da população em campanhas de reciclagem, os problemas se somam e pedem solução urgente para justificar o título vistoso da cidade junto aos visitantes que virão em massa em 2014.

Catadores clandestinos: riscos à própria saúde e segurança Créditos: Reprodução - Site do vereador Algaci Túlio

Há alguns anos foi lançada na cidade a campanha “Lixo que não é lixo”. Um processo simples: os moradores separam o lixo orgânico e os recicláveis, o que facilita o recolhimento pelos coletores e a destinação final adequada. Porém, não existe o total comprometimento por parte da população.
 
Em uma visita a qualquer shopping de Curitiba é possível encontrar “latas” de lixo com orientação para cada tipo: papel, metal, plástico e restos de comida. O que se encontra, ao mesmo tempo, é a falta de educação por parte da população. Onde deveria ser depositado um copo plástico, por exemplo, encontram-se depositados todos os tipos de lixos. Uma ação simples que gera um desdobramento preocupante.
 
O local que atendeu a esta demanda por praticamente 21 anos, o Aterro da Caximba, foi desativado no fim do ano passado, sendo que por um prazo de 24 meses o lixo de 19 municípios será recebido por aterros de uma empresa em Curitiba – capacitada para receber 100 toneladas diárias – e outra no município Fazenda Rio Grande – com capacidade para 2,3 mil toneladas diárias.

Em algumas áreas do Aterro da Caximba ainda tem lixo exposto Créditos: Ecodebate

 
Mesmo com sua desativação, o Aterro do Caximba ainda sofre problemas sérios. Alguns maciços ainda têm lixo exposto, quando deveria existir a cobertura destas áreas. Há infiltração de água e, o que é pior, ratos, urubus e mosquitos circulam não somente no aterro, mas na comunidade próxima ao mesmo. Doenças e mau odor também são fatores que incomodam a comunidade.
 
Moradores da Fazenda Rio Grande, município que abriga um dos aterros, reclamam com veemência. Aníbal Soares, operador de escavadeira, constata: “A Fazenda (Rio Grande) é um município com rios e matas. É claro que ter um lixo aqui vai trazer ratos e mosquitos. E atrás vêm logo as doenças, o que nos preocupa bastante. Mesmo com o tratamento do lixo, algumas situações negativas acontecerão.”
 
Se a população separasse o lixo da forma correta, alguns problemas seriam sanados imediatamente. Além disso, a reciclagem de lixo pode gerar empregos informais, aumentando a renda de algumas famílias, que coletam os recicláveis, fazem uma segunda separação e vendem para empresas que utilizem papéis, por exemplo, apenas um dos diversos casos.
 
Alguns dos melhores hotéis estão na Região Metropolitana de Curitiba, e a tendência é que lotem durante a Copa das Confederações e o Mundial de 2014. Mostrar uma Curitiba limpa e organizada em toda sua região é uma das alavancas do novo governo.

Coletores de lixo reciclável recolhem material em horário diferente dos coletores de lixo orgânico. Créditos: Alexandre Souteiro

O ex-presidente Lula aprovou a PNSR – Política Nacional de Resíduos Sólidos – cujo objetivo principal é de acabar com todos os lixões, e que os aterros sanitários recebam somente rejeitos, ou seja, aquilo que não se pode reciclar ou reutilizar.
 
Em Curitiba existe um projeto para a construção do SIPAR – Sistema integrado de processamento e aproveitamento de resíduos, que está com impasses na licitação, sem previsão do começo das obras.

De Olho em 2014 – Curitiba

 

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Estou postando assuntos de outras cidades do país (já postei sobre a pichação em BH), para desmistificar a ideia que muitos tem, de que Porto Alegre seja o “patinho feio” do Brasil. As capitais, geralmente, tem os mesmos problemas. Às vezes mais graves, às vezes mais suaves. E Curitiba não é exemplo em tudo. É exemplo talvez em transporte coletivo…..



Categorias:COPA 2014, Meio Ambiente, TURISMO

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12 respostas

  1. Andervaz

    Concordo em gênero e número, pode-se fazer uma cidade moderna sem grandes arranha-céus. Precisamos é mais qualidade na arquitetura, fechei todas contigo.

  2. “Conclusão: Muitas vezes somos vítimas de nosso próprio rigor, nos avaliando bem pior do que os outros.”

    Rogério, essa é a conclusão que eu chego também
    É sempre assim relacionado a Porto Alegre. Existe um chororô que é válido enquanto isso gere soluções e idéias e não apenas críticas sem sentido. É impressionante como a solução para muitos é implodir o gasômetro e construir um arranha céu dubaiesco. Ou coisa que o valha.
    Também acho que não devemos pensar pequeno. Mas pensar grande não significa exigir uma torre de 60, 80 ou 100 andares. Antes de chegarmos nesse nível, vamos exigir obras mais bonitas e bem pensadas. O básico do básico é mal construído nessa cidade.
    Nossas universidades devem puxar mais a orelha dos alunos de arquitetura, porque tá f….

  3. Convenhamos que ser “vítima do próprio rigor” é melhor que querer nivelar tudo por baixo aos moldes socialistas.

  4. O problema de Porto Alegre é termos muita autocrítica!

    Olhando certa feita um questionário sobre a qualidade das Faculdades durante a época do falecido provão, me deparei com algo espantoso, no item “A sua faculdade tem uma boa biblioteca?”, os alunos da Escola de Engenharia da UFRGS, deram um conceito em torno de 6 (seis) para a biblioteca da EE da UFRGS. Olhando o resultado da mesma pergunta feita aos alunos de uma Faculdade Privada que não declinarei o nome, o conceito dos alunos sobre a biblioteca era acima de 8 (oito).

    Como sou alguém curioso, fui até a internet e utilizando o acesso virtual aos catálogos das duas bibliotecas (EE da UFRGS e a outra), verifiquei que quantitativamente havia uma diferença de no mínimo 2 para 1 no número de exemplares em cada especialidade da Engenharia. Para fazer uma análise qualitativa, olhei os itens correspondentes a minha área como docente, a grande surpresa era que a minha biblioteca pessoal tinha mais títulos que exemplares da biblioteca privada (títulos versus exemplares), se eu fosse comparar com a biblioteca setorial da UFRGS era quase 100 para 1 a proporção.

    Conclusão: Muitas vezes somos vítimas de nosso próprio rigor, nos avaliando bem pior do que os outros.

  5. Em Curitiba, há um cuidado da área “turística” e seus arredores, o que é válido e poderia nos servir de exemplo (mesmo que partes do centro curitibano já estejam mais degradadas e perigosas do que outrora). No entanto, é uma área menor do que se possa pensar, numa cidade de quase 2 milhões de habitantes e, segundo relatório recente da ONU, das mais desiguais do mundo. O transporte público já foi muito melhor; creio que hoje a classe média, que pode ter carro, não o utiliza mais, como em qualquer cidade brasileira. Eu, sinceramente, gosto muito das nossas lotações e as utilizo bastante. Não é transporte de massa, mas pode fazer com que alguns carros fiquem nas garagens. Isso não há em Curitiba. Essa de capital ecológica é o maior engodo imaginável. É o maior exemplo do marketing mentiroso e tendencioso e seu efeito danoso para uma cidade. Ao contrário do que possa pensar o curitibano mais tradicional e ligeiramente bitolado por anos de propaganda, que tem sua cidade como a quintessência do desenvolvimento urbano, esse tipo de marketing é muito prejudicial a Curitiba. A partir da semana que vem, fixarei residência na capital paranaense e terei uma visão mais próxima de lá, do dia-a-dia. Vamos ver. De qualquer forma, pelo que conheço das duas cidades, considerando-as cidades decentes para morar, acho que sentirei falta de POA. Talvez porque seja a minha cidade, admito. Mas, mesmo com todos os seus problemas, da falta de respeito de seus cidadãos para com o próximo e para com a cidade, da falta de comprometimento dos governantes, de anos de descaso, é um belo lugar e está melhorando. Voltarei agora apenas como turista e talvez com uma visão menos pessimista, que é a visão clássica do porto-alegrense sobre Porto Alegre.

  6. Curitiba é bom de marketing.

  7. Gilberto, no Roda Viva o Jaime Lerner falou que Curitiba foi a pioneira em lixo reciclável, e que por lá a coisa funciona. Pelo visto, não é nada disso. Porto Alegre tem muitos problemas, mas “patinho feio” não!

  8. Bah, o Fantastico ta seguindo teus posts em Porto
    sahashashu

    Caxias que foi bem, e pasmem, Capão foi a praia mais limda do Brasil (das que eles fizeram os testes… haha)

    Tomara que o sistema de coleta de Poa fique como o de Caxias, não sabia que os caminhões jogavam um jato de água pra limpar os conteiners…
    Muito bom.
    =D

  9. Gilberto

    Não entendi mais nada, segundo o Jaime Lerner, Curitiba é a capital de tudo, esses lixões não existem em Porto Alegre.

    • Pois é Rogério. O que temos que fazer na verdade, é não ler mais sem filtrar as informações. Tem muita coisa que chega na gente com segundas intenções já. Seja político (a maioria) seja de outras aspectos. O Jaime Lerner é muito espertinho pro meu gosto. Tem projetos legais, ele fez muita coisa por Curitiba, mas não é bem assim. Não é tudo positivo como as propagandas nos chegam….

  10. Boa, Gilberto.

    Acho que eles são um exemplo no transporte, como falaste, e no cuidado da cidade. Pode não ser a cidade mais bem cuidada do mundo mas dá um banho em POA neste aspecto.

    Fora isso, achei ela abaixo do esperado, pela propaganda. Msa parece uma boa cidade.

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