Obras de arte recolhidas para restauração são vítimas da burocracia
Bustos de vultos históricos, anjos, ninfas, placas e peças decorativas, destruídas por vândalos, estão guardadas numa sala no Parque da Redenção. Obras de escultores famosos, como o pelotense Antônio Caringi e o espanhol Andrés Arjonas, estão pegando pó, enquanto aguardam para serem restauradas. A estátua A Samaritana, serrada ao meio, está há nove anos na fila dos reparos.
– O problema é falta de grana
Empoeiradas e semidestruídas, obras de arte recolhidas para restauração são vítimas agora da burocracia. Desde o ano passado, após um jogo de empurra entre secretarias da prefeitura da Capital, as peças danificadas por vândalos foram finalmente catalogadas e colocadas numa sala no Parque da Redenção.
Esculturas do pelotense Antônio Caringi e do espanhol Andrés Arjonas Guillén assumem o tom acinzentado do descaso. Há obras que aguardam por restauro há nove anos.
Em 2004, reportagem do Diário Gaúcho revelou que furtos e vandalismo fizeram a prefeitura retirar dos lugares públicos peças danificadas ou em perigo de serem levadas por marginais.
– Projeto precisa de apoio privado
A recuperação das peças criadas sob encomenda nas décadas de 30, 40 e 50 aguarda um ato administrativo que deverá ser assinado nas próximas semanas pelo secretário municipal do Meio Ambiente, Luiz Fernando Zachia, há 45 dias no cargo. O projeto, porém, pode emperrar por falta de recursos. Sem dotação orçamentária, a Smam depende do apoio da iniciativa privada para começar a restauração do patrimônio cultural da cidade.
– Consulado garante reparo
Zachia espera que bustos de vultos históricos, ninfas, anjos, placas, colunas, pedestais e peças decorativas em ferro, bronze, cobre e até em concreto voltem a ser apreciados novamente pelos frequentadores da Redenção, da Praça da Alfândega e de outras áreas da cidade.
O busto do general Artigas, herói da Independência do Uruguai, por exemplo, retornará em breve para a Alfândega.
– O consulado uruguaio se dispôs a contribuir com recursos necessários para a fixação do busto no seu local de origem – garantiu.
– Tristeza de escultor
Neto e filho de escultores, Paulo Ricardo Arjonas Guillén, 47 anos, vê com tristeza o estado das obras de autoria do avô, o espanhol Andres Arjonas.
– Quem vê aquilo leva um choque, especialmente porque é possível recuperar aquelas obras e devolvê-las à comunidade – afirmou.
Paulo já fez restaurações para o município, como a do chapéu da estátua de Santos Dumont, na Redenção.
O administrador da Redenção, Jorge Pinheiro, informa que a sala destinada para acomodar as peças era usada como estufa e depósito de ferramentas da oficina. O material guardado na sala está protegido por um sistema de alarme antifurto. Em breve, o espaço poderá receber novos itens.
– Podem ter mais coisas estocadas por aí – revelou Jorge, levantando a hipótese de que outras obras estejam guardadas em outros locais.
– Quem foram?
– Antônio Caringi – Filho de imigrantes italianos, nasceu em 25 de maio de 1905 em Pelotas. Estudou na Academia de Belas Artes de Munique, na Alemanha. Entre suas principais obras estão a estátua do Laçador, o monumento ao Expedicionário, no Parque Farroupilha, e a estátua equestre de Bento Gonçalves.
– Andrés Arjonas Guillén – Escultor e arquiteto nascido em Antequera, província de Málaga, Espanha, em 30 de novembro de 1885. Emigrou para o Brasil com seu pai em 1893. Entre suas obras, está o altar-mor da Catedral Metropolitana de Porto Alegre.
SAIBA MAIS
– Na sala da Redenção estão sete bustos, uma estátua e 20 placas de homenagens, entre elas às colônias sírio- libanesa e ítalo-brasileira.
– A estátua A Samaritana, serrada ao meio, é uma das que aguardam restauração. O corpo esculpido em bronze reproduz uma camponesa com um cântaro e está dividido em duas partes na altura da cintura. A obra foi danificada em 2002.
– Entre os bustos, está o do General Artigas, herói da independência do Uruguai, que voltará para a Praça da Alfândega, e o de José Bonifácio, o patriarca da Independência do Brasil.
– A estátua O Menino da Cornucópia, ou o Menino Nu, foi recuperada e será recolocada no lugar na Redenção.
– Antes de serem levadas para a Redenção, as peças estavam em uma sala da Smam.
Categorias:Monumentos, Patrimônio Histórico, vandalismo
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Não tem pra tirar o pó, mas tem pra inaugurar a do Brizola! ISso sim não da pra entender! Primeiro o prefeito inaugura uma placa onde o jovem morreu torrado na parada de ônibus, agora querem por um brizola de bronze na praça. Pra isso sobra dinheiro público.
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Tem que ter pulso firme com a chinelagem que depreda o patrimônio, tanto público quanto privado de terceiros. Tem que acabar com essa vitimização dos criminosos e descer o “tatuador” no lombo deles.
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Guilherme, mesmo concordando contigo eu não duvido do poder da negação. Vão por em uma praça pra ser arrebentado de uma vez.
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Que coloquem num cofre e guardem para a proxima geração, se tiver educação, restaura e coloca nas ruas.
Ou coloca em lugares onde tenha sempre movimento e segurança, e não no meio de algum parque
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Nem sei se é bom restaurarem, da próxima vez que forem vandalizadas podem ser perdidas para sempre. Sério, temos que ser práticos e aceitar o ambiente em que vivemos. Estas obras deviam estar em um lugar controlado, como dentro de prédios, públicos ou algo parecido.
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O governo cobra a metade que os otarios dos trabalhadores produzem, e mesmo assim precisam da iniciativa privada para fazer qualquer coisa…….la no japao, eles ja reabriram o aeroporto de Sedai, QUE FOI DESTRUIDO PELO TSUNAMI. Ai, ate’ para dar uma lavada num pedaco de metal ou pedra os caras nao tem competencia. Jesus!!!!
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