O que o voo Porto Alegre – Lisboa vai representar

SEM ESCALAS: TAP voa mais alto

Sob o comando do gaúcho Fernando Pinto, a companhia portuguesa fará a primeira ligação direta da Capital para a Europa

Nascido em Porto Alegre, Fernando Pinto, desde 2000 no comando da companhia aérea portuguesa TAP, vai comemorar 62 anos em 12 de junho na sua terra natal. Poderia-se dizer que não há nada demais até aí, mesmo que o engenheiro resida em Lisboa. A data se tornará ainda mais especial porque nesse dia Fernando Pinto chegará à capital gaúcha a bordo de um Airbus A330 da TAP, inaugurando a primeira ligação sem escalas de Porto Alegre com a Europa.

– Será uma emoção chegar a Porto Alegre nas asas da TAP – diz Fernando Pinto, em sua sala no prédio da TAP localizado ao lado do aeroporto de Lisboa.

Ainda está na memória do engenheiro o letreiro “voo da amizade: Brasil-Portugal” escrito em um avião que ele viu no Rio de Janeiro, na década de 60.

– Jamais poderia imaginar que eu estaria voltando para a minha terra num avião da companhia aérea que eu estaria presidindo – acrescenta.

Antigo sonho e reivindicação de muitos gaúchos, o projeto deixou de ser um mero estudo feito e refeito inúmeras vezes para finalmente decolar a partir do momento em que a TAP constatou a viabilidade financeira, principalmente em razão do crescimento no número de passageiros em ritmo jamais visto por aqui. A companhia, aliás, tem se mostrado muito eficiente na abertura de novas rotas no Brasil – o principal mercado no Exterior, e responsável por 20% das receitas totais da companhia. Porto Alegre será o 10º destino da empresa no Brasil. No ano passado, a TAP transportou cerca de 1,4 milhão de passageiros entre Portugal e Brasil, aumento de 25% sobre o ano anterior.

Apesar de estar do outro lado do Atlântico, a sexagenária TAP conhece o mercado nacional – das belezas do Nordeste, ao potencial de negócios do centro do país. Nos últimos 10 anos, a companhia nunca suspendeu uma ligação criada, e sim, aumentou a quantidade de voos para cada uma das cidades.

– O Brasil vem crescendo muito forte. Estamos com uma ocupação muito boa nos nossos destinos – enfatiza o engenheiro.

Um das explicações para o voo de cruzeiro da maior estatal portuguesa em um mercado no qual as grandes companhias aéreas do mundo colhem prejuízos está no choque de gestão implantando por Fernando Pinto, que presidiu a Varig e a subsidiária Rio Sul.

Outro motivo é a localização geográfica. Por estar na ponta sul do continente pode ficar prejudicada para conseguir um melhor desempenho no mercado europeu. Mas a proximidade com o Brasil facilita para a utilização máxima dos aviões – e avião fazendo hora no pátio representa custo. Com voos de até 10 horas – como será o Lisboa-Porto Alegre –, os Airbus A330 e A340 conseguem aterrissar e decolar no mesmo dia, proporcionando o giro completo de avião – uma das estratégias que aumentaram a eficiência da empresa.

– Conseguimos ir e voltar no mesmo dia. Isso ajuda muito – afirma o engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Com diversificada malha aérea, a TAP pretende atrair não apenas passageiros com destino a Lisboa. O voo que decola do Salgado Filho pousará no início da manhã na capital portuguesa, proporcionando conexões em seguida para 50 destinos na Europa, como Frankfurt, Madrid, Paris e Roma, e 13 na África.

– Metade dos passageiros do Brasil fica em Lisboa e a outra metade segue em frente para um dos nossos destinos.

Processo de privatização terá continuidade no ano

Na estatal, Fernando Pinto conseguiu modernizar e aplicar eficiência, tirando a companhia da beira da falência. Três anos depois de sua chegada – e dos três executivos brasileiros que o acompanharam –, a TAP teve o primeiro lucro após navegar três décadas no vermelho. O resultado saiu de prejuízo de 100 milhões de euros para lucro de 20 milhões.

A crise global atingiu em cheio as finanças em 2008. Mas em 2010 a estatal alcançou cifra recorde: lucro de 62,3 milhões de euros, 8,7% maior do que no exercício anterior. Os números, contudo, não deverão se repetir em 2011. O barril do petróleo acima de US$ 100 prejudica os resultados. No primeiro trimestre de 2010, a companhia gastou 65 milhões de euros com combustível. No mesmo período deste ano, saltou para 145 milhões.

Contratado para preparar a estatal para a privatização, Fernando Pinto foi mantido pelo governo português na presidência porque a Swissair, a potencial compradora, desistiu do negócio:

– Achei que fosse ficar um ano, porque mudava o ministro, mudava o presidente.

O mais recente contrato renovou a permanência na presidência até maio de 2012. Apesar da troca de primeiro-ministro nos próximos meses, o governo do país deve dar continuidade ao processo de privatização neste ano.

Zero Hora Dominical – impressa



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7 respostas

  1. Serão 24 assentos na executiva e 239 assentos na econômica. É verdade, sim, a partir de outubro haverá a perda de uma frequ~encia semanal, apesar da Tap falar que pretende tornar futuramente diário, atualmente a informação é essa.

  2. Afinal, a partir de outubro reduzirão para 3 voos/semana ou é mentira?

  3. agora vi, acabei nao vendo na reportagem, obrigado.
    sabe me dizer como é a disposição dos assentos nele?

  4. Airbus A330-200

  5. Qual a aeronave sera?

  6. Esqueci de mencionar que é inadmissível que ainda não tenhamos nenhuma ligação com o Chile, como outrora. Agora que TAM e LanChile são uma coisa só após a fusão já praticamente quase concluída, não sei o que falta para criarem uma rota POA-Santiago non-stop. Ajudaria até mesmo nas conexões para a Austrália e Asia.

  7. Agora POA precisa de uma ligação direta com os EUA, já que só terá ligações via Panamá e Lima. Brasília, Manaus e Belo Horizonte já possuem diversos vôos diretos para os EUA, Recife e Salvador também possuem ligação direta com os EUA, está na hora do RS também ganhar a sua. Se a TAP conseguirá com a pista atual, a American também conseguiria com aeronave similar. A experiência negativa que ela teve em POA em 98 decorre de outro contexto.

    E Dilma bem que podia fazer um pedido pessoal à Obama para que reabra o consulado americano no RS. Atualmente há gaúchos chegando até mesmo a ir à Recife em busca do visto, já que em SP e RJ as filas e a demora são maiores. Significaria até mesmo um incremento comercial entre RS e EUA e demonstraria algum prestígio de Dilma junto à presidência dos EUA. Eles não teriam coragem de negar um pedido desses, cujo custo seria mínimo para uma nação trilhonária. Teria ela coragem de fazer tal pedido? Se eu fosse assinante de ZH mandaria um e-mail para eles para que entre em contato com Dilma e façam tal sugestão, que colocaria o RS de volta no mapa.

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