Transporte coletivo em avaliação

Usuários reclamam de terminais sem estrutura, além de superlotação, filas e horários irregulares dos ônibus da Capital

Nos horários de pico, os coletivos circulam lotados Crédito: JONATHAN HECKLER / CMPA / CP

Diariamente, milhares de porto-alegrenses enfrentam os mesmos problemas no transporte público: superlotação, horários desregulados, filas para pegar o ônibus e terminais sem estrutura de acolhimento. Essa situação gera reclamações entre os usuários, que precisam mudar sua rotina e sair cada vez mais cedo de casa para não perder compromissos.

A situação fica crítica nos chamados horários de pico, como entre 6h30min e 8h30min, quando os ônibus circulam completamente lotados. Além disso, é o momento em que os horários não são cumpridos como os indicados nas tabelas. Em alguns momentos, o intervalo entre os ônibus passa de 10 minutos para 30 minutos. Como consequência direta, se formam longas filas nas paradas, que nem sempre têm condições ideais de uso e os veículos ficam mais lotados e o conforto dos passageiros é reduzido.

Esse cenário foi constatado e documentado por uma comissão de vereadores de Porto Alegre, liderada pela presidente Sofia Cavedon. O grupo acompanhou na prática as dificuldades apontadas pelos usuários. Sem surpresas, as reclamações foram confirmadas. “Chega a ser uma falta de respeito com o usuário, principalmente pelo fato de que ele paga esse serviço e não tem o retorno adequado”, afirma Sofia.

Segundo ela, algumas ações poderão mudar gradativamente essa realidade. Uma delas é ampliar a fiscalização dos serviços prestados pelos consórcios.

Ao todo, existem quatro companhias responsáveis pelo transporte público na Capital: Carris, Conorte, STS e a Onibus. A expectativa é promover, ao longo das próximas semanas, reuniões com os quatro consórcios para discutir alternativas. Mesmo assim, Sofia destaca que os problemas são muito graves.

Com a importância do assunto, os vereadores lançaram uma iniciativa chamada “Câmara no Ônibus”. O projeto, que começou a ser desenvolvido em abril, promoveu visitas constantes aos horários mais complicados e nas linhas em que o volume de reclamações era maior. Depois disso, foi feito um informativo, que será distribuído pelos vereadores.

Entre as orientações está o encaminhamento de reclamações sobre os problemas enfrentados no transporte público. A EPTC, que é a responsável por gerenciar o serviço, atende no número 118. Outros canais para encaminhamento de reclamações são o 156, de Atendimento ao Cidadão da Prefeitura, e a Ouvidoria da Câmara de Vereadores, que funciona pelo telefone 0800-510226.

EPTC aposta na ampliação de linhas

A licitação, em 2012, para a concessão das linhas de transporte coletivo na cidade, ampliar a fiscalização e a concessão de benefício ao passageiro são algumas medidas apresentadas pela EPTC para melhorar o serviço em Porto Alegre. Segundo o diretor-presidente da Empresa, Vanderlei Capellari, esses são alguns dos caminhos para reduzir os problemas no trânsito, como os engarrafamentos. “Quanto melhor for o serviço do transporte coletivo, maior será o número de pessoas que vão optar por utilizá-lo e melhor o trânsito da cidade ficará”, avalia Capellari.

 O sistema de transporte coletivo em Porto Alegre conta hoje com 1.650 ônibus. Diariamente, são transportados mais de 1,1 milhão de passageiros. Técnicos da EPTC acompanham em tempo real o fluxo dos coletivos na cidade, apontando atrasos ou problemas nas rotas. O trânsito da Capital ainda é sobrecarregado pelas linhas de outros municípios da região Metropolitana, como Cachoeirinha e Gravataí. Somente a empresa Soul tem 111 linhas para a Capital. Reclamações podem ser feitas à EPTC pelo telefone 156. Neste ano, foram recebidas 1.6 mil reclamações.

ATP aponta dificuldades do trânsito

O presidente da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), Enio Roberto dos Santos, avalia que a maioria dos problemas no transporte coletivo de Porto Alegre está relacionado às complicações do trânsito. Ele destaca que as concessionárias não têm condições de garantir, por exemplo, que uma rota seja concluída em um determinado prazo, se o veículo não consegue se deslocar no tempo previsto. “O problema da cidade é a falta de mobilidade urbana. A expectativa é de que obras relevantes sejam realizadas em Porto Alegre para garantir melhorias consideráveis no trânsito”, ressalta.

Uma boa notícia, avalia Enio Roberto dos Santos, são os investimentos relacionados à realização da Copa do Mundo de 2014 na cidade. Para o executivo, é necessário aproveitar esse momento para efetivar mudanças essenciais no trânsito de Porto Alegre e região Metropolitana.

Enio avalia que, a cada ano, as empresas têm buscado qualificar os ônibus, tanto que, em apenas um ano, 60 novos veículos foram incluídos à frota de Porto Alegre. “Se ampliarmos demais, vamos saturar ainda mais o trânsito da cidade sem dar a resposta correta aos usuários”, afirma o presidente da ATP.

Sobre os atrasos e ônibus lotados, ele destacou que o congestionamento nos horários mais críticos inviabilizam que o veículo chegue no horário correto na parada. “Cito o exemplo da avenida Protásio Alves. Não tem como dizer que o ônibus vai demorar cinco minutos para fazer determinado trecho se ele não sai do lugar devido aos engarrafamentos”, avalia. Além disso, Santos afirma que o problema do transporte público da cidade não é isolado, sendo “muito mais grave em outras capitais brasileiras”.

Correio do Povo



Categorias:Meios de Transporte / Trânsito

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6 respostas

  1. Bom, eu falo faz tempo, fecha aqueles terminais, botam pra pagar a passagem antes de entrar, ai tira aquela mendigada la de dentro, vai ficar mais limpo e seguro o local…

    Por que ta foda, é uma desgraça esperar onibus la com aquele povo torrando o saco pra vender coisas, outros mendigos pedindo dinheiro, vomitos no chão, coco, até pessoas no chão… tudo atirado… um lixo só…

    • Na quase totalidade dos terminais de ônibus de Florianópolis se paga a passagem antes de embarcar, e tem fiscais/seguranças sempre que tem ônibus circulando.

  2. A gestão Fogaça/Fortunatti se perdeu, em termos de transporte público, ao cair numa armadilha da oposição. Já são quase 6 anos da proposta dos Portais da Cidade e, até agora, nada foi feito. Por que?

    Porque a atual gestão não soube enfrentar a crítica dos opositores e, o que pior, acreditou que o metrô do governo federal sairia logo. A ideia da oposição nunca foi o de discutir, mas de atrapalhar, atrasar, paralisar… O que discutir; se, com a implantação dos BRTs, não se está fazendo uma mudança significativa no transporte público da cidade e sim simplesmente continuando o atual sistema de corredores de ônibus, ou seja, aperfeiçoando o modelo que já existe.

    Por outro lado, todos sabiam que uma linha de metrô nunca ficaria pronta para a Copa, como foi sugerido, e, se as obras começarem logo, estará a disposição da população na melhor das hipóteses daqui uns 10 ou 15 anos, mesmo assim de forma incompleta, atendendo apenas uma parte da cidade.

    Depois de décadas de convivência, será que ainda não conhecem o comportamente da oposição petista. Ela é sempre assim: contra TUDO que venha do governo que se opõe, não importando se é bom ou mau (necessita discutir mais, precisa mais participação dos “movimentos populares” e entidades de classe, porque tanta pressa, não queremos baldeação, etc.). Depois apresentam o argumento da solução milagrosa, utôpica e redentora: o metrô – o sonho de Porto Alegre. Mas na verdade, o tempo inteiro só querem enfraquecer o governo até tomarem o poder, para normalmente implantar/manter quase tudo que criticavam quando eram oposição.

    Para quem foi contra o plano real e votou contra a sua transformação em lei, por exemplo, ir contra a instalação de um sistema de BRT numa cidade brasileira é fichinha.

  3. A gestão Fogaça/Fortunatti se perdeu, em termos de transporte público, ao cair numa armadilha da oposição. Já são quase 6 anos da proposta dos Portais da Cidade e, até agora, nada foi feito. Por que?

    Porque a atual gestão não soube enfrentar a crítica dos dos opositores que o assunto deveria ser melhor discutido e acreditou que o metrô do governo federal sairia logo. A ideia não era discutir, mas atrapalhar, atrasar, paralizar. Discutir o que se a implantação dos BRTs não era uma mudança significativa do transporte público da cidade e sim simplesmente a continuação do atual sistema de corredores de ônibus, um aperfeiçoamente do que já existe.

    Por outro lado, todos sabiam uma linha de metrô nunca ficaria pronta para a Copa e, mesmo que concretizada, será um serviço a disposição da população apenas daqui uns 10 ou 15 anos.

  4. Há algo claro e evidente:

    Se os ônibus não são disponibilizados em maior quantidade, maior quantidade de carros vão substituí-los;
    se maior quantidade de carros vão substituí-los maior serão os engarrafamentos;
    se maiores são os engarrafamentos menor serão a disponibilidade de ônibus!

  5. Esta foto eu tirei a uns 2 meses atrás:
    http://twitpic.com/4dgjb7

    A situação continua a mesma…

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