Artigo: O trem-bala e a bala de prata

A bala de prata e o trem-bala: como exterminar vampiros e lobisomens, orçamentos e o bom senso

O projeto do trem-bala Rio-São Paulo parece ser uma obsessão do “novo” governo federal, apesar dos fatos conspirarem contra: a topografia do percurso é complicada, o retorno do investimento é duvidoso bem como a própria necessidade da linha… e ainda por cima, não aparecem interessados em entrar na parceria, mesmo com a maior parte da conta de implantação caindo no nosso colo, via BNDES – sem falar no subsídio operacional…

Pois além desse ‘sonho’, já há o pesadelo de organizar com o mínimo de decência a copa de 2014 e os jogos de 2016, que nós em uma das cidades-sede da primeira antevemos como desastrosa: nada acontece, nosso aeroporto tem pista curta e não opera com o  ILS-2… A infra-estrutura do país está em pedaços, nossos portos são os mais ineficientes e caros do mundo, idem  estradas, ferrovias, aeroportos, transportes públicos e saneamento básico…Deve ser a tal da herança maldita de FHC, pois nunca antezneztepaiz tanto se fez, não é mesmo, como por exemplo os patriotas do PR – Partido da República (no Ministério dos Transportes) que trataram de canalizar esforços – e recursos públicos, é claro – em  proveito próprio, no lugar de cumprirem com as tarefas verdadeiramente republicanas…é o velho mal brasileiro de “confundir” a esfera pública com a privada, transformando tudo numa privada mal-cheirosa. Comportamentos inaceitáveis mas corriqueiros, incentivados pela impunidade e imunidade parlamentar, quando nomeações e cargos se trocam por apoio político, sem levar em conta os interesses da nação, apenas os imediatos do grupo que lá está: para eles, os (seus) fins justificam os meios. Tratam-se de vampiros, que se alimentam do sangue de todos nós, drenado pela maior carga de tributos do planeta.

Fazem-me ter saudades do bom e velho Christopher Lee, o melhor dos intérpretes do Conde Drácula, que Bram Stoker criou  inspirado em Vlad, o empalador. Este sim era sincero em suas atrocidades…

Já o Train à Grande Vitesse – TGV, ou o  pioneiro “Shinkansen” que fiquem na França e no Japão, respectivamente. Por aqui, primeiro deve ser feito o dever de casa, que é construir um país decente, onde educação, segurança e saúde sejam acessíveis a todos. Portanto, que trem-bala que nada! E nada de copa e jogos olímpicos, também: isso é coisa para país civilizado. Precisamos mesmo é de balas de prata, pois se enfiar uma estaca no coração é o procedimento adequado para eliminar vampiros, a bala de prata é mais eclética, representando a solução para o extermínio de monstros em geral.

Do Blog Projeto Sem Programa, de Eduardo Galvão



Categorias:Artigos, COPA 2014

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20 respostas

  1. puts sou françes e eu anda de tgv sempre! nao tem coisa melhor! so por isso eu me vejo bem detro um assim para ir para SP ou rio depende a onde vc ta!!!

    sem brincadera vcs nao entende nada do desevolvimento do seu pais!!!

    vai preçisar mesmo e nao é muito dinhero! o brasil é muito rico!!!

    fala da educaçao da saude? o que tem a ver isso!

    logicamente é prioridade pelo pais mas poxa uma coisa tem nada ver com a otra…

    eu sou pelo devolvimento do pais em prioridade os pontos strategicos pela populaçao mas nao sonha isso nunca vai aconteçer com essa raça danada de politicos no seu pais…

    mais o povo é burro melhor é para eles!!! isso é a verdade!

    vamos torcer par um pais melhor pra todos!

    ps/esse trem vai ser muito legal mesmo so em 2020, espero que vai ser em 2017 como fala os espertinhos!

    ciaozinho amigos!

  2. O que as pessoas que são contra o projeto do Trem de alta velocidade não conseguem entender é que pela primeira vez o governo estará se antecipando a um estrangulamento econômico muito sério para do Brasil, pois se dará no centro econômico do país, e é essa visão de futuro que mais se espera dos administradores públicos.

    Até hoje, o que normalmente acontece é que nos governantes esperaram o problema ser tão sério e danoso para procurarem estabelecer uma solução. E normalmente essa solução já vem insuficiente, apenas amenizando esse problema, por isso perdemos duplamente. Exemplos conhecidos: a BR-116, na grande Porto Alegre, agora com a estrada do parque; o transporte público para a zona norte, agora com o projeto de metrô; a ampliação da pista e do terminal do Salgado filho… – todas soluções tardias e insuficientes, que quando concluídas já terão de ser ampliadas.

    Hoje a ponte aérea entre Rio e São Paulo transporta 4 milhões de passageiros e, num horizonte de tempo de 15 anos, que eu imagino necessário para concretização desse trem-bala, dada a velocidade com que as obras públicas se realizam no Brasil, essa demanda estará multiplicada por, no mínimo, 3 vezes, levando-se em conta o crescimento econômico esperado para o Brasil nas próximas 2 décadas (Copa, Olimpíadas, pré-sal, maturidade populacional…). Onde colocaremos tantos aviões e, principalmente, correremos o risco de depender exclusivamente de apenas um meio de transporte para mover toda essa gente?

    Se metade desse crescimento de demanda migrar para o trem (4 a 5 milhões de passageiros/ano), mais toda a demanda por transporte das outras cidades aonde a linha vier a passar, o projeto praticamente se paga sozinho. Ainda mais que boa parte do custo desse TAV virá da aquisição da tecnologia e por isso terá de ser desembolsada diretamente pelos cofres públicos federais, o que dividido em 10/15 anos, num inevitável crescimento dos investimentos públicos em infraestrutura perante as necessidades do páis em crescimento, esse custo não é tão alto. Maior seria o custo de pensar pequeno ou de esperar que as soluções caiam do céu, como o Brasil tem se caracterizado até hoje.

  3. “Trem normal consegue contornar morros e precipícios, consegue subir, descer, fazer curvas, cruzar estradas…” Esse tipo de trem já existiu – o “Trem de Prata” – que não conseguia competir nem com o ônibus, pois fazia esse percurso de 400 e poucos quilometros em 10 horas.

    Especificamente para esse trecho entre Rio e SP um trem, desde que de alta velocidade, pode e deve competir com o transporte aéreo, pois é irracional centenas de aeronaves levantarem voos para um percurso tão curto. E com o crescimento da necessidade de transporte para as próximas décadas, provavelmente a ponte aérea não perderá passageiros em números absolutos com a implantação do TAV. Sem ele, fatalmente esse sistema entrará em colapso, muito pior do que já é hoje.

  4. Trem normal consegue contornar morros e precipícios, consegue subir, descer, fazer curvas, cruzar estradas…

    Trem bala tem que andar o máximo possível em linha reta e sem fazer curvas. Isto significa que terão de construir túneis (enquanto um trêm normal contornaria), terão de fazer pontes altas (enquanto um trêm normal iria para um lugar plano ou com menor profundidade, terão de construir proteção lateral (enquanto no trem normal é menor ou inexistente),… Fora a manutenção que no trem bala a cada meia dúzia de viagens tem que trocar as rodas, trilhos,… devido ao desgaste e no trêm normal não precisa.

    Por fim, trem bala só transporta passageiros enquanto o normal transporta carga que é muito mais interessante economicamente e ajuda na redução dos custos.

  5. Não possuímos nem trêm normal de passageiros (cujas linhas férreas também podem ser aproveitadas para carga o que ajudaria a reduzir o nr de caminhões nas estradas), e querem partir logo para o mais caro e inviável economicamente que é este trêm bala.

    A passagem custará mais caro que a viagem de avião e será completamente elitista. Além disto, terá subsídio tanto na construção quanto na operação. Será o pobre pagando a passagem do rico sem se beneficiar em nada.

    Um trêm normal sairia uma fração deste custo de construção, ficaria pronto antes, a passagem sairia muito mais barata, não precisaria de (tanto ou nenhum) subsídio, ao custo de ser apenas um pouco mais lento (pode chegar a uns 150km/h).

    Além disto, a lotação que se espera para este trêm bala só será alcançada dentro de SP. O trajeto ao Rio terá bem menos passageiros além de ser o de mais complicada construção.

    Enfim, acho que estes R$40 bi poderiam ser BEM melhores aplicados em coisas mais importantes do que neste supérfluo luxuoso.

    • A construção de um linha de trem “normal” entre Rio e SP custaria quase a mesma coisa que um trem de alta velocidade, porque a Serra a ser ultrapassada e os túneis seriam os mesmos, e não concorreria com o transporte aéreo, pois o percurso demoraria mais tempo para ser percorrido. Portanto, com menos passageiros, passagens mais baratas (como se deseja) e investimento quase igual esse tipo de trem seria muito mais deficitário.

      Sem contar que conjuntamente ainda precisaríamos investir no sistema aéreo – um modal de transporte totalmente ineficiente para pequenas e médias distâncias, apesar do lobby das empresas aéreas “vender” o contrário.

    • “A passagem custará mais caro que a viagem de avião e será completamente elitista.”

      Se o TAV Rio-SP (repito: e essa comparação só serve por enquanto para esse trecho no Brasil) pretende competir com a ponte aérea será tão elitista quanto o transporte aéreo. Aliás provavelmente terá as mesmas passagens promocionais das empresas aéreas (em horários menos nobres), só que com muito mais lugares e opções de horários.

      Claro que se comparar o preço máximo proposto para uma passagem do TAV com passagens aérea promocionais (e normalmente vendidas em número limitado), o trem perde, mas ninguém ganha.

  6. “Elefante branco” não seria o caso, pois elefante branco pressupõe algo que ocupa espaço e não tem utilidade, o que não ocorreria com essa linha de trem que teria alta demanda e seria, segundo estimativas, autossustentável; ou seja pagaria seu investimento inicial e ainda o custo de sua manutenção. Mas estou falando dessa linha específica (de uma região engloba 1/3 do PIB brasileiro) em que o trem de alta velocidade competiria com o avião.

    Mas, se formos além da discussão econômica, não existe termos de comparação. Em termos ambientais, por exemplo, o trem mesmo de alta velocidade o é muito mais sustentável ambientalmente, pois depende de energia elétrica e não de combustíveis fósseis – caros e de fontes limitadas. A quantidade de combustível para transportar um passageiro por via aérea é inviável em termos de futuro, a menos que civilização humana descubra outra fonte de energia de baixo custo (e transportável) nas próximas décadas.

    • “Em termos ambientais, por exemplo, o trem mesmo de alta velocidade o é muito mais sustentável ambientalmente, pois depende de energia elétrica e não de combustíveis fósseis – caros e de fontes limitada”

      Errado, somente a construção deste elefante consumirá quantidades absurdas de combustivel fóssil.

      Além disto, durante a operação, o trem bala consome muito mais energia e gasta muito mais com manutenção por passageiro (rico, pq pobre não terá vez) do que um trêm normal de renda menor.

      Outro detalhe, é que estes R$40 bi aplicados agora para transporte exclusivo de passageiros diminuirão significativamente a quantidade de investimentos em infraestrutura de transportes de carga no médio prazo. Resultado: mais caminhões no futuro próximo, e mais combustíveis fósseis.

      • * Além disto, durante a operação, o trem bala consome muito mais energia e gasta muito mais com manutenção por passageiro (rico, pq pobre não terá vez) do que um trêm normal.

        Mais informações: http://www.brasil-economia-governo.org.br/2011/04/13/vale-a-pena-construir-o-trem-bala/

      • O que eu não consegui entender é por que o investimento em transporte ferroviário reduziria os investimentos em transporte de carga?

      • Porquê R$45 bi é um valor absurdamente alto. Veja o link com projetos comparativamente grandes.
        Dinheiro a mais para uma áreas, é dinheiro que deixa de estar sendo usado para outra.

        Não adianta comparar os resultados de gastar dinheiro com o trêm bala com nada. É preciso comparar com ou devolver os resultados de dinheiro para o contribuinte, ou com os resultados de gastar o dinheiro com outro investimento. E quando se compara com gastar o dinheiro com a construção de uma ferrovia convencional, ele perde feio.

    • E as turbinas dos aviões, no futuro, quando o petróleo custar 200, 300… 1000 dolares o barril, por acaso serão movidos a álcool ou biocombustíveis?

      • Elas gastarão cada vez menos combustível, como vem acontecendo, e como acontecerá quando lançarem o 787: http://pt.wikipedia.org/wiki/Boeing_787

        Se o preço do petróleo ficar absurdamente caro, com certeza surgirá outra tecnologia que hoje é inexistente ou economicamente inviável mas que no futuro poderá não ser.

        • O petróleo, e por consequência seu derivados, são FINITOS mesmo assim, não a longo prazo, mas a curtíssimo prazo (2 gerações), levando se em conta a infraestrutura de um país.

  7. Sou TOTALMENTE CONTRA a construcao desses elefantes brancos…..nao ha nescessidade para isso…o aviao acabou com o trem…..virem a pagina….simples assim…custo para construcao, custo da passagem, velocidade, manutencao, combustivel etc..e tal!! nao tem comparacao….OS TRENS PERDEM SEMPRE. Os trens da europa e japao e agora china so’ estao ai prq foram promovidos pelos governos desses paises e muito mais para exibicao e promocao do pais (motivos nacionalistas) do que qualquer outra coisa. E’ a mesma coisa quando se trata com os cataventos gigantes para electricidade, outro projeto de estimacao de algun enviro-wacko. Olhem para a epanha, gastaram todo dinheiro que veio da EU, com tudo do mais moderno e PC, agora estao quebrados. Nao tem como manterem essa infraestrutura.

    • ” Os trens da europa e japao e agora china so’ estao ai prq foram promovidos pelos governos desses paises e muito mais para exibicao e promocao do pais (motivos nacionalistas) do que qualquer outra coisa.”

      Isto é precisamente o que querem fazer aqui.

    • ”Os trens da europa e japao e agora china so’ estao ai”, porque sempre estiveram. O Trem de alta velocidade nesse países só foi mais um passo no sistema de transporte ferroviário que já existia. E, como o Brasil teve um período muito grande de descontinuidade nesse processo de evolução, por LOBBY da indústria automobilística nascente no Brasil na época, hoje temos de queimar etapas no retorno desse modal de transporte.

  8. Que pena!

    Quem hoje comemora o não aparecimento de nenhum Consórcio privado interessado em assumir a construção da linha de trem da alta velocidade entre Rio e SP deveria saber que essa licitação deserta causará um custo muito alto para o Brasil.

    A questão é que esse TAV fatalmente será construído um dia, porque não existe no mundo outra situação tão favorável, em termos de distância e demanda, para esse tipo de transporte, do que a região que engloba as 2 maiores regiões metropolitanas brasileiras, que formam uma das megalópoles mais populosas e ricas do planeta. Por outro lado, os meios de transporte tradicionais (rodoviário e aéreo) não têm condições de suportar a necessidade crescente de locomoção de pessoas e, para evitar “apagões” e “estrangulamentos” econômicos, existe cada vez mais a necessidade de diversificar dos modais de transporte.

    O verdadeiro entrave para a concretização desse projeto não é a topografia do percurso, mas a quantidade de dinheiro público envolvido. E não estou falando do financiamento do BNDES, porque esse é um dinheiro que terá de ser devolvido com juros (subsidiados, mas com juros) aos cofres públicos, nem das isenções de impostos, que naturalmente devem ser dados para uma empresa atuar em substituição ao Estado na prestação de um serviço público. Trata-se da participação direta do governo federal no projeto, com recursos do orçamento (esse sim, recurso que deixará de ser aplicado em outros serviços públicos mais essenciais) que agora terá de ser aumentado para diminuir o “medo” de nossas empreiteiras perderem dinheiro no negócio.

    É claro que o ideal seria começar o retorno do transporte ferroviários de passageiros com linhas de médias velocidades em trajetos mais curtos, sem os problemas da topografia e também com grande demanda, como as ligações das cidades médias do estado de SP (Campinas, S. J. dos Campos, etc) com sua capital e trens expressos para acessar os principais aeroportos as sua cidades, para depois partir para um trem de alta velocidade. Entretanto, quantas décadas perderíamos como essa opção e, principalmente o quanto o desenvolvimento do país seria restringido por esse caminho. Hoje, já sofremos com caos aéreo, imagina o que acontecerá no futuro, sem outras alternativas de circulação.

    Talvez a solução para o problema fosse mesmo abrir as nossas fronteiras para Construtoras estrangeiras, não só para esse projeto, mas para todos as grandes obras públicas, já que o sobrepreço e o superfaturamento em obras públicas ou financiadas pelo Poder Público parecem ser uma coisa generalizada no Brasil (vide as obras da Copa). Duvido que os propalados entraves do custo-Brasil e da burocracia brasileira fossem impedir a vinda dessas empresas para ganhar dinheiro nesse eldorado da margem de lucro alta e do risco (cada vez mais) baixo.

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