O projeto de construção da sede da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) é uma promessa que se arrasta há um bom tempo e está na memória dos porto-alegrenses. A liberação da verba de R$ 20 milhões por parte do governo federal, referente a emendas parlamentares e anunciada semana passada, animou as autoridades, que finalmente veem como certa a construção da sala sinfônica onde será abrigada a administração, os ensaios e os espetáculos da orquestra, que já figurou entre as mais importantes do País.
Uma das principais bandeiras da atual gestão da cultura no Estado, sob o comando do secretário Luiz Antonio de Assis Brasil – que, inclusive, foi músico da sinfônica -, a obra deve cimentar seu primeiro alicerce ainda neste mês, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, próximo à Câmara de Vereadores de Porto Alegre. No dia 12 de dezembro, serão abertos os envelopes da concorrência para a licitação da construção das fundações do prédio, parte que já possui recurso disponível. Segundo Assis Brasil, a verba anunciada pelo Ministério da Cultural assegura cerca de 70% do financiamento do projeto. “O restante nós vamos obter seja por orçamento do Estado, por campanhas ou doações de empresários, que já me prometeram ajuda assim que as fundações estiverem prontas. Eles só querem ver o poder público fazendo a sua parte antes”, garante o secretário.
Para esta etapa inicial, cuja perspectiva é de terminar os trabalhos até junho ou julho de 2012, já foram captados R$ 4 milhões. Além dos R$ 20 milhões da União, por lei, o governo do Estado dará uma contrapartida de R$ 5 milhões. Com isso, faltariam cerca de R$ 12 milhões para completar os R$ 41 milhões estimados para o custo total do projeto. “Eu vejo muito favoravelmente este anúncio e oxalá possamos terminar essa obra ainda neste período de governo”, comenta Assis Brasil.
Presidente da Ospa, o médico Ivo Nesralla é ainda mais otimista. Repetindo diversas vezes a expressão “agora vai” em entrevistas, ele espera que um ano e meio após o término das fundações o prédio possa estar de pé. “Para mim é muito importante, pois venho lutando com isso desde o início. Acho que a gente não pode ficar pensando no que não deu, temos que pensar no que deu certo, e agora deu”, conta.
O que “não deu”, referido por Nesralla, diz respeito a projetos anteriores da sala sinfônica, inclusive com o lançamento de uma pedra fundamental no Shopping Total, em setembro de 2003. Na ocasião, foi enterrada simbolicamente no local uma caixa com um pergaminho, jornais do dia e um violino de 200 anos, doado pelo músico Ricardo Paranhos. Segundo o presidente da Ospa, “está tudo guardado e será colocado na sala de entrada do novo projeto”.
A nova sala sinfônica
Diferentemente de um teatro, uma sala sinfônica é construída especialmente para concertos de orquestras do porte da Ospa. Não serão possíveis óperas ou montagens teatrais, pois não haverá palco italiano, no qual o público assiste à apresentação de frente e cortinas separam o palco da plateia. “Tem se falado muito em teatro. Não é teatro. É para apresentação de orquestra. Como sala sinfônica, é semelhante à sala São Paulo (da Osesp), e serve para apresentações de orquestras sinfônicas ou operísticas, na forma de concerto”, explica o secretário estadual da Cultura, Luiz Antonio de Assis Brasil.
A construção não será destinada apenas aos concertos. A sede vai abrigar a administração da orquestra, salas de ensaios para diferentes instrumentos – coletivos e individuais -, hoje os músicos ensaiam improvisadamente no armazém A3 do Cais do Porto com péssima acústica. O projeto prevê ainda musicoteca, loja, área de alimentação com café, bar e restaurante, além de 375 vagas de estacionamento. Mesmo que as obras de revitalização do Cais comecem antes de terminada a nova sede, os ensaios devem continuar à beira do rio por falta de local adequado. “É claro que uma sala sinfônica é dispendiosa, a manutenção e os gastos são volumosos. A intenção é fazer dela o mais acessível possível. Pretendemos disponibilizar aquilo ao maior número de pessoas”, comenta Assis Brasil, referindo-se à intenção de não tornar o espaço elitista, mas com ingressos a preços acessíveis.
O presidente da Ospa, Ivo Nesralla, confirma essa preocupação. De acordo com ele, o fato de estar próximo ao Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, região que privilegia passeio público aos domingos, possibilita concertos populares. “Há uma concha acústica voltada para a parte externa, o que aproxima o público”, afirma Nesralla.Ainda de acordo com ele, “a Ospa vai retomar a glória que teve quando era uma das melhores orquestras sinfônicas do Brasil. No momento que estiver pronta a sala, vai acontecer como a Osesp, que se desenvolveu depois da Sala São Paulo. Eu tenho confiança de que quando tudo estiver pronto irá exigir da orquestra muito mais dedicação e apuração, pois além do espaço para se preparar, terá um local digno para se apresentar”, completa.
Bruno Felin – Cultura – Jornal do Comércio
Categorias:Teatro da OSPA
Será um dos orgulhos e referência da cidade.
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