Uma ponte longe demais, por Luiz Dahlem

Não se trata do conhecido filme de guerra, mas da sonhada nova ponte do Guaíba, um dos únicos consensos a que milagrosamente conseguimos chegar no Rio Grande do Sul nos últimos anos. Em meio ao júbilo dos presentes à cerimônia nos armazéns do Cais Mauá, a presidenta da República anunciou a construção da ponte, exclusivamente com recursos públicos.

A previsão de entrega da obra é de cinco anos, sendo dois anos de projetos e licitação e mais três anos de construção. Se tudo correr bem, a ponte será entregue em final de 2017, mas pode ser 2018 ou 2019, nunca se sabe, quando se trata de obras públicas e da burocracia que as acompanha. O custo direto anunciado, a preços de hoje, é de R$ 900 milhões, mas pode ser maior, como está acontecendo com as obras da Copa. Mas há mais ainda. Há o custo indireto decorrente das perdas da economia gaúcha nesse longo período de espera.

Diz-se que, por ano, 590 mil veículos ficam retidos pelo içamento do vão móvel, entre eles 3 mil ambulâncias com pacientes que vêm do Interior em busca de tratamento médico. Pode-se argumentar que mesmo que fosse adotado o projeto da Concepa, mais rápido (2014) e mais barato (R$ 780 milhões), também haveria o custo das atuais paralisações do tráfego e dos atrasos do levantamento do vão móvel. Mesmo assim, pode-se dizer que a solução apresentada pela concessionária da freeway economizaria pelo menos uns três anos dessas perdas, o que, pelos cálculos atuais é de R$ 280 milhões por ano, mais a diferença de preço da obra.

Isso significa que estaremos pagando algo como R$ 900 milhões a mais pela ponte na modalidade escolhida. O custo total da nova ponte, então, deverá chegar a cerca de R$ 1,8 bilhão. Considerando-se o tempo de espera e o preço a ser pago, não dá para entender por que essa decisão foi adotada, pois não há razões técnicas ou econômicas capazes de justificá-la. Sobram, logicamente, razões de natureza política. Elas, entretanto, não podem justificar essa demora e esse elevado custo para a sociedade.

Por isso, preocupa muito a possibilidade da decepção dos gaúchos em face dos resultados, comparativamente à reação de júbilo e contentamento no anúncio da construção. A conclusão a que se chega é: essa não é apenas uma ponte longe demais, mas também cara demais.

Luiz Dahlem é engenheiro mecânico



Categorias:Meios de Transporte / Trânsito, Nova ponte Guaíba

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15 respostas

  1. Alguns destes projetos que tu sita Gabriel, não passam de meras intenções, (ponte do Guaíba, metrô, urbanização da orla etc…)conhecendo a política do RS e seus políticos só acredito depois de pronto.

  2. Porto Alegre vai ganhar uma ponte nova (esperada há mais de uma década), um metrô (prometido há mais de 20 anos), a revitalização do Cais vai sair do papel, um contrato foi assinado para urbanizar a orla, R% 560 milhões estão sendo investidos nas obras de mobilidade da Copa, o aeroporto vai ser ampliado, o Aeromóvel está saindo do papel (depois de décadas de estudo), o Teatro da Ospa já tem recursos para ser construído, a Rodovia do Parque está metade concluída, o Programa Integrado Socioambiental está de vento em popa, temos 2 estádios padrão FIFA sendo construídos…
    E TEM GENTE QUE DIZ QUE “PORTO ALEGRE VAI SER SEMPRE UM LIXO”… é brincadeira! É difícil!!! O pessoal só sabe reclamar!!!

  3. Para mim que uso semanalmente também prefiro pagar pedágio, a ter que esperar sabe-se la quantos anos por uma ponte, pô só entre licitação e projetos são dois anos para construir será pelo menos mais cinco, isso se a obra não ficar paralizada por falta de verba.

  4. Prefiro pagar um real a mais num pedagio da concepa do que “doar” 600 milhões pra turma do PT que pelo jeito muitos aqui votam.

  5. Pena que nada nunca está bom por aqui. Será que esses custos e essas reclamações aparecem nas obras da China ou Europa? Esse engenheiro aí levou em consideração que a ponte vai demorar mais, mas vai ser de maior qualidade e durabilidade??

    • Deixa eu ver se eu entendi…

      A ponte da concepa iria ser estaiada, muito mais bonita e com uma faixa a mais, e iria custar uns 300 milhões…

      A do governo vai ser simples, com duas faixas e vai custar mais de UM BILHÃO? (nem eu que sou a pura inocencia vou acreditar que eles só vão roubar esses 600 milhões)

      • Em primeiro lugar, olha a tal ponte “estaiada” da Concepa:

        Onde está o estaiado? Onde está a beleza???

        Além disso, o projeto da COncepa falava em R$ 790 milhões… NO MÍNIMO. Será que com os acessos?
        http://www.clippingexpress.com.br/ce2//?a=noticia&nv=RTM55VA9Pxe2UETKC5fqyw

        Em terceiro, como tu sabe que a do governo vai ser “simples”? Já viu o projeto???

        Por último: se a Concepa fosse tão boa, fazia a manutenção da ponte atual – que é responsabilidade dela – e aquele vão não travava tantas vezes por ano!

        Mas… como eu disse… o pessoal gosta de criticar. E de pagar pedágio, pelo jeito.

        • A Concepa faz a manutenção do vão móvel sim, o que acontece é que uma coluna está fora do prumo, por isso os problemas com o issamento, e pagar pedágio é uma opção, se quiseres ir para o sul sem o pagamento do mesmo é só ir pela rodovia do Conde em Eldorado do Sul, mas a mesma está totalmente sem manutenção desde que foi asfaltada.

        • PQP, e eu achando que esse projeto era o do governo..
          A idéia inicial era de ser uma estaiada, mas mudaram por causa do aeroporto…
          Se esse vai ser o da concepa, imagina o que vem pela frente.
          Tenho que aceitar, Porto Alegre vai ser sempre um lixo, nunca vai ser uma cidade turistica, a população, o governo estadual e o governo federal fazem de tudo pra isso.

          A concepa faz a manutenção sim, o problema é que a ponte é velha, muito velha, tem muito movimento, ta saturada, é obvio que vai ter problemas.

          Antes pagar pedagio e ter uma Free Way do que ser petista lunatico e querer morrer numa 101 da vida, e claro, “doando” dinheiro pro bolso dos politicos.

      • Guilherme, vamos pagar pedágio por mais 20 anos no contrato da concepa, não podes desconsiderar este valor.

  6. É aquela coisa de sempre… se o governo faz, é caro, vai ter roubalheira, vai atrasar e blablablá… se o governo não faz é incompetente, etc… o pessoal nunca tá satisfeito.
    Na certa preferiam que a Concepa fizesse, cobrando altos pedágios por mais 20 anos.

  7. Interessante que ele não bota o custo do pedágio na calculeira dele.

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