Maior parte da verba do Plano Cicloviário não é utilizada

O Plano Diretor Cicloviário de Porto Alegre, sancionado em maio de 2009, prevê a construção de 495 quilômetros de ciclovias na Capital. Até o momento, apenas oito quilômetros foram destinados aos ciclistas. Com o objetivo de discutir o cronograma de obras e o orçamento destinado para a implantação, a Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal da Capital realizou nesta quinta-feira uma reunião aberta ao público, com a participação da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam). A discussão foi mediada pelo vereador Beto Moesch (PP), presidente da Cosmam.

Para Moesch, o plano é uma grande conquista da cidade, mas precisa ser efetivamente executado. O vereador ressalta que a primeira parte da implantação foi feita no bairro Restinga e que houve uma reação negativa do comércio local. “Como os carros podiam estacionar ali, os comerciantes foram contrários. Assim, temos de novo o conflito carro contra bicicleta. Muitos vereadores defenderam o local para os automóveis. Não é uma situação consensual”, relata. “Na avenida Ipiranga a execução parou porque o guard rail (guarda-corpo) de eucalipto é feio. Os postes da CEEE, que são muito mais feios, podem ficar”, critica Moesch.

Outro tema abordado na reunião é a não utilização da verba orçamentária destinada para as ciclovias. O presidente da Cosmam explica que foram aprovados R$ 2 milhões anuais para o plano. No entanto, em 2010 foi utilizado R$ 1,2 milhão e em 2011 apenas R$ 500 mil. “Existe também uma emenda no plano estabelecendo que 20% do valor arrecadado anualmente pela EPTC em multas sejam destinados para a execução das ciclovias e para a educação no trânsito e ambiental”. Moesch diz que, como esta porcentagem não foi utilizada, a comissão apresentou o fato ao Ministério Público e foi aberto um inquérito.

O diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, rebateu as críticas. “Estamos fazendo esforço para a construção da ciclovia na avenida Sertório e também estamos na reta final na da Ipiranga, que atrasou por causa da dificuldade de encontrar os materiais pedidos pelo arquiteto”, argumenta.

De acordo com Cappellari, a EPTC está de acordo com a arrecadação da porcentagem das multas. Entretanto, o diretor-presidente afirma que só a sinalização da Restinga vai custar R$ 1 milhão, mas que neste ano o plano receberá o valor estipulado. “Não é de uma hora para outra que a cidade vai aceitar retirar os estacionamentos para a construção de ciclovias. Nós temos procurado investir em locais que proporcionem uma continuidade de rota para os ciclistas. Em dois anos, Porto Alegre já terá uma boa área para este fim”, completa.

Especial Porto Alegre – 240 anos

Jessica Gustafson – Jornal do Comércio



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25 respostas

  1. Permitam-me destacar mais uma pérola:
    “[…] e também estamos na reta final na da Ipiranga, que atrasou por causa da dificuldade de encontrar os materiais pedidos pelo arquiteto”

    RETA FINAL? Essa obra começou há seis meses (set/2011) e não tem nem uma quadra concluída! Esses materiais que ele diz não são exatamente da ciclovia, mas sim do guarda-corpo! Se essa proteção não está pronta por falta de material, não é desculpa para não continuar a obra da ciclovia. Ela está parada há semanas, sem sinalização, sem pintura.

    Cada vez o Cappellari se justifica com desculpas mais esfarrapadas. O Ministério Público abriu investigação para as verbas não aplicadas do Plano Cicloviário, mas não deram nenhuma resposta. Cheiro de corrupção que vão tentar esconder a todo custo.

    • Falou bem, Melissa. Essa obra da Ipiranga está sendo feita a conta-gotas, só pra inglês ver. Vão esperar terminar uma quadra, pra daí começar outra, e aí por diante. A própria engenheira da EPTC, Lisandra Lima, já disse em entrevistas que a obra da ciclovia “é extremamente simples”.
      Essa coisa de fazer um trecho por vez é como se fosse uma pessoa fazer um almoço da seguinte forma: primeiro cozinha os ovos, depois descasca eles, corta em fatias, e só quando estiverem prontos, é que a pessoa liga novamente o fogão para aquecer a água e começar a cozinhar o arroz; só depois de cozido e servido o arroz é que vai começar a lavar a alface, e assim por diante. Dessa forma, o almoço do domingo fica pronto na quarta-feira!
      No ritmo que estamos, dá pra pensar no seguinte: a obra começou em setembro e não termina até o final de março. Mais de meio ano para menos de 500 metros. Como são mais de 9 km, podemos esperar a inauguração da obra para 2020 (sendo otimistas)…

  2. Bikes em POA, uma grande piada, vao concorrer com os ônibus, e aí a Prefa não quer.

    • Podem não querer, mas se a lei existe e a pressão popular exige, eles tem que fazer.

      • Melissa, eu gosta das Bikes, mas quando vou à São Sebastião do Caí, pois lá tem motoristas acostumados, isto não significa que foram educados, mas é usual. Mas moro em Curitiba e aí não saio de bike, pois o trânsito é agressivo, falta educação/treinamento e espaço apropriado, assim como Pôrto Alegre. Nunca teremos vias para bikes nas grande cidades.

  3. A respeito das ciclovias, como falei ali em cima: “Quem quer fazer encontra um jeito, quem não quer encontra uma desculpa.”

    A EPTC não quer fazer.

  4. Enquanto existe esta discussão na SMOV Engenheiros e Arquitetos superqualificados ficam às moscas, sem ser requeridos seus serviços que seriam de ótima qualidade. A EPTC não é uma empresa nem de projetos nem de execusão de projetos ela tem que ficar restrita ao objetivo para o qual foi criada, esta é a questão.Saúde

  5. A realidade é a seguinte:
    1) Até agora nunca foi separada a verba dos 20% das multas, o que daria alguns milhões de reais;
    2) Falta projeto, no ano passado quando nos reunimos muitas vezes com a eptc, soubemos que apenas uma engenheira era responsável pelos projetos cicloviários;
    3) Mesmo a pequena verba no orçamento não é utilizada pela falta de planejamento e vontade política;
    4) A grande questão na verdade é que o poder público acha que falta espaço para ciclovia, ele não imagina a possibilidade de se pegar um espaço na rua para isso, pois a prioridade é o carro, a os nossos políticos não tem coragem de enfrentar o problema da mobilidade urbana, pois é um problema a ser resolvido a médio e longo prazo e os votos não são contabilizados de imediato.

  6. Agora caiu a máscara, Vanderlei Cappellari!

    “só a sinalização da Restinga vai custar R$ 1 milhão” (Cappellari). No ano passado sobrou 1,5 milhão, porque não usaram para isso?

    • Aí que está Pablo, antes de demonizarmos uma pessoa específica, temos que ver se ele mandou projetos para mais do que isso e a prefeitura não atendeu ou se ele simplesmente não mandou. Com tanto cicloativista agressivo aí é fácil culpar o seu “Capela” por qualquer coisa, reclamar é mais fácil que fazer 😉

    • Eles não usaram a verba porque falta planejamento, inteligência, transparência e democracia nos órgãos públicos.

  7. Mas eu queria saber mesmo é como anda o tal “BRT”, se houve falar muito pouco…

  8. A verba foi de fato liberada pela prefeitura? Não ficou claro para mim se é a prefeitura que não está liberando ou a EPTC que tem algum problema de gestão e não tem projetos para usar a verba.

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