O incentivo à indústria de veículos e a falta de estruturação do transporte público urbano colocam o Brasil na contramão da mobilidade urbana. É o que destacaram vários especialistas no tema que participaram de audiência pública, no Senado, nesta segunda-feira (9/04).
Maria Rosa Abreu, da UnB (Universidade de Brasília), diz que é preciso implementar, nas grandes cidades, a integração física dos modais de transporte coletivo, interligando ciclovias, aquavias e ônibus locais, com estações de metrô e de trens regionais ou metropolitanos. Ela destacou ainda a importância da integração tarifária, com cartões de uso semanal, mensal ou mesmo anual, adquiridos com descontos.
Otávio Vieira, presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, informou que, em 1977, sete em cada dez brasileiros se deslocavam por meio de transporte público. Em 2009, disse, já metade da população se deslocava por transporte individual.
“Acredito que hoje seja mais de 60% e não sabemos a quanto isso chegará em 2020. Creio que até lá as cidades estarão efetivamente paradas, se alguma coisa não for feita para melhorar essa questão”, alertou.
Nazareno Stanislau Affonso, coordenador do Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade, também destacou a falta de prioridade para o transporte público e os incentivos à aquisição de veículos como as principais causas dos congestionamentos nos municípios brasileiros.
“O investimento para viabilizar uso do automóvel foi gigantesco, mas o uso do automóvel é um modelo falido. Os que têm carro vão ver que, se levavam 20 minutos [para chegar ao trabalho], vão levar 40 ou 50 minutos”, disse Affonso.
Lei de Mobilidade Urbana
Em sua apresentação, Nazareno Affonso destacou a Lei da Mobilidade Urbana (Lei 12.587/2012), sancionada pela presidente Dilma Rousseff em janeiro e que entrará em vigor agora em abril. A lei institui diretrizes da PNMU (Política Nacional de Mobilidade Urbana), prevendo “prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado”.
Determina ainda “a integração entre os modos e serviços de transporte urbano e a mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos dos deslocamentos de pessoas e cargas na cidade”. Com a nova política, as prefeituras deverão definir regras do transporte urbano local e o governo federal poderá aportar recursos para iniciativas que atendam as diretrizes da Lei de Mobilidade.
Imprensa – Sindicato dos Engenheiros de SP – SEESP
* Com informações da Agência Senado
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Leia, também no SEESP: Brasil está aprendendo a valorizar transporte sobre trilhos
Categorias:Meios de Transporte / Trânsito, mobilidade urbana
Carro é cash-cow mesmo, até uma fubica velha que já esteja isenta de IPVA tem tetas fartas para corruPTos mamarem…
Na prática, se houvesse um mínimo de bom senso da parte da administração pública e a corrupção fosse no mínimo reduzida à metade, só com parte do montante arrecadado em impostos sobre os veículos motorizados e insumos necessários para mantê-los em circulação não seria difícil corrigir algumas falhas de planejamento viário em Porto Alegre (como a questão dos semáforos na 3ª Perimetral) e ainda promover melhorias no sistema de transporte coletivo e implementar uma malha cicloviária bem organizada e sem gambiarras que acabam sendo até mais perigosas…
Grande notícia!
Isto todos sabemos.
Eu quero são novidades!
Sobre a receita e gastos não é nada fácil de se calcular como se conclui neste documento:
Clique para acessar o automoveis_tributos_silva.pdf
Rio Grande do Sul, não a cidade de Rio Grande, pois eles já estão pensando no futuro!
Bem, em vez de ficar na choradeira, vamos olhar o que já foi feito e está sendo feito no Ceará em termos de VLT ( http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=661196 ), vamos deixar de só criticar e arregaçar as mangas e cobrar ações simples como a que está sendo feita entre as cidades de Crato e Juazeiro do Norte, será que o Ceará ou as cidades citadas são mais pobres que o nosso estado e Porto Alegre?
Se ficarmos aguardando luzes dos nossos governantes (que na realidade não entendem nada de transporte público), vamos ficar somente chorando o leite derramado, porque não se começa aqui a divulgação que os nossos irmãos do nordeste estão fazendo. Eles conseguem, será que não conseguimos?
Simon
Seria bom colocar no site as fotos e alguns comentários do VLT do Cariri, talvez envergonhasse um pouco todo este povo do Rio Grande!
Como eu disse no comentário lá do post do metrô: todas essas cidades têm prefeituras alinhadas ao governo federal, de forma que os investimentos relativos a trens urbanos vêm fácil.
Mobus
E o governador do estado, não é alinhado com o governo Federal?
Agora se ninguém cobrar nada de ninguém por conta da falta de alinhamento, vamos continuar gastando dinheiro em viadutos para levar os carros até a próxima sinaleira (quando esta não está já embaixo do viaduto)!
Eu não estou justificando, estou constatando.
O metrô (e outras obras ferroviárias), na atual conjuntura, precisa ser bancado pelo Governo Federal, já que os municípios não têm dinheiro para isso. No entanto, os eleitores não enxergam isso, e uma melhoria tão óbvia na cidade como o metrô é associada à ação do governo municipal. Em outras palavras, por mais que a Dilma pague e a obra comece HOJE, quem vai ganhar o voto (por ter começado a obra) é o Fortunati. Ora, então o governo federal vai cozinhar o Fortunati até as eleições, e na campanha municipal o PT vai dizer “esse Fortunati é tão incompetente que nem conseguiu começar o metrô”. Se ganhar o PT, a obra sai fácil, pois é voto ganho na eleição seguinte. Se perder o PT, vão cozinhar até a próxima eleição.
O fato de o governo estadual ser alinhado não muda nada. É uma obra dentro do município, os benefícios são percebidos majoritariamente pelo município, e o dividendo eleitoral fica majoritariamente no município.
E candidato a prefeitura adora fazer campanha dizendo que fez isso e aquilo, só esquece de falar da onde vem o dinheiro, uma vergonha atrás da outra.
Pois é mobus… como Brasilia concentra 75% dos impostos e depois distribui, acaba criando um balcão de venda de favores onde o que vale é a regra: aos amigos, tudo; aos inimigos, nada.
Este problema é intrínsico deste modelo falido. E só irá mudar com uma grande reforma tributária onde os estados e municípios fiquem com uma fatia maior do bolo.
Pra adicionar insulto à injúria, a cidade de Brasília, que não produz nada relevante internamente, tem o maior salário médio e o maior custo de vida do país. O motivo é óbvio né: todos os funcionários públicos de lá são federais, e o dinheiro que paga seus salários vem majoritariamente de fora de Brasília, inchando e inflacionando cada vez mais a economia da cidade. Chegou ao absurdo de R$ 3.000,00 ser um salário de fome por lá.
A única solução (fora bombardeio) é cortar todos os salários de Brasília, em todos os níveis, sem nenhuma exceção, em 50%. Pena que nesse país maluco isso é tecnicamente ilegal.
Mobus.
Nesta te deste mal o prefeito de Crato é do PSDB e o de Juazeiro do Norte do PT, pela tua análise o VLT, não ligaria Crato a Juazeiro do Norte!
Não seria simplesmente visão dos dois prefeitos mais interessados em melhorar os transportes do que ficar de birra um com o outro?
Eu gostaria de saber exatamente qual a porcentagem da receita pública que vem dessa industria, e depois calcular quanto o governo gasta por causa dessa indústria, saiu na superinteressante que para cada km rodado por um carro o governo gasta R$ 0,70
Eu acredito que a proporção seja de 10 para 1: o governo deve arrecadar uns 200 bilhões de reais com automóveis e aplicar uns 20 bilhões na construção/manutenção de estradas e vias, mas não tenho as estatísticas precisas.
Só para terem um ideia, a cada litro de gasolina vendida rende mais de 1 real de imposto para o governo.
Acreditar é questão de fé, gostaria de dados estatísticos, e nas despesas tem contabilizar o que gasta também com a saúde pública devido aos “acidentes” pelo menos, mas ainda tem a poluição. Tô tentando achar alguns números, mas não é mole.
Mas deve receber o dobro, só em impostos na gasolina, impostos nas peças dos carros, impostos no ipva….
Como boa parte das receitas públicas vem desse setor (venda de carros novos e usados e seus combustíveis) e o país precisará, nos próximas décadas, de maciços investimentos do governo na qualificação do sistema de transporte público, defendo que essa conversão seja lenta e gradual, utilizando os recursos gerados pelo transporte individual para incentivar o transporte coletivo.
Não, boa parte das receitas das propagandas politicas que vem desse setor…
De resto, o brasil tem dinheiro de sobra… quer dizer… não tem por que alguem escondeu em alguma conta secreta né… mas poderia ter…