Chip do Boi produzido em Porto Alegre, pela Ceitec, é o primeiro desenvolvido e produzido em escala comercial no Brasil
Guardadas as proporções, as semelhanças com o pujante Vale do Silício, no sul do estado da California, nos EUA, não são tão pequenas. A Ceitec, empresa federal de semicondutores, localizada no bairro da Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, também desenvolve produtos de alta tecnologia, reside no sul do país – próximo ao Tecnopuc – e, apesar de noviça, desponta como uma das mais inovadoras empresas de microeletrônica do país.
Uma das justificativas da comparação estará visível na próxima quarta-feira, na Expointer – Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários que ocorrerá em Esteio (RS). A Fockink, empresa que atua no ramo do agronegócio, irá disponibilizar aos produtores de gado o primeiro brinco com chip da Ceitec, produzido dentro do Brasil. Embora uma pequena parte da manufatura do chip ainda esteja sendo feita na Alemanha, o processo intelectual, a etapa mais importante do desenvolvimento, foi realizado por inteiro no Brasil. “Estamos treinando equipes e preparando equipamentos para fazer a transferência tecnológica”, revela Reinaldo de Bernardi, superintendente de Desenvolvimento de Produtos e Negócios da Ceitec. A intenção da empresa ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação é realizar essa pequena parte do processo nos laboratórios da empresa até o final do próximo ano. “Eles estão nos ensinando como fazer”, explica Bernardi, sobre os alemães. O intercâmbio de informações é intenso. A companhia costuma receber estrangeiros na sede da empresa, assim como envia seus próprios funcionários para o país europeu na busca do conhecimento da tecnologia ainda incipiente na América Latina.
O Chip do Boi, que teve sua primeira versão lançada quatro anos atrás, já foi comprado por seis empresas. A Fockink, depois de adquirir um pequeno lote da tecnologia, foi a primeira delas a fazer os ajustes de performance no gado. Os testes foram bem sucedidos e a conseqüência foi uma nova encomenda – essa de porte bem maior. A mesma tarefa está sendo feita pelas outras cinco companhias, que devem terminar seus testes em breve. “As outras empresas que compraram o lote inicial estão fazendo pequenos ajustes na antena do chip”, explica Bernardi. Até agora, um milhão de chips já foram desenvolvidos pela Ceitec. O número deve triplicar a médio prazo.
Embora o Brasil tenha hoje um rebanho de 200 milhões de cabeças de gado, o comércio de identificação de animais por “brincos” ainda não despertou de vez no país. “O mercado é pequeno”, admite Bernardi. “Mas ele tem um potencial enorme”, projeta. Os pecuaristas brasileiros estão na busca de um padrão de qualidade para seus rebanhos. A introdução da tecnologia eletrônica de rastreabilidade traz um diferencial, principalmente para os que exportam para União Européia. “Alguns países da Europa só compram gado com chip”, afirma Bernardi. Os que não exigem, no mínimo valorizam mais o produto que tenha sido guiado pela tecnologia.
Não existe diferença técnica entre os produtos de identificação eletrônica para animais. Por seguir um padrão de qualidade internacional, os chips devem oferecer a mesma funcionalidade. O segredo do produto da Ceitec está no preço. “Como desenvolvemos o chip somente com produtos nacionais, o valor fica mais em conta”, afirma Bernardi. De fato, há incentivos fiscais para produtos totalmente desenvolvidos no Brasil. Quanto mais “brasilidade” no produto, mais incentivos recebe.
Revista Amanhã – 25/08/2012
Categorias:Ciência e Tecnologia, Economia, Economia da cidade, Economia Estadual
Felippe
Vamos começar pelo fim. Primeiro se não estiveram errados todas as previsões sobre o petróleo brasileiro (não são previsões do governo ou da Petrobrás, são previsões de organismos internacionais e universidades norte americanas) em 2020 o Brasil será no mínimo a quinto produtor de petróleo do mundo. Fazendo uma projeção conservadora o barril do petróleo estará acima dos 150 US$, logo no mínimo teremos uma riqueza que nunca sorriu para o nosso país.
Bem o que tem isto com o resto? Tudo. Os nossos grandes irmãos do Norte tem a mania de esgotar as fontes de energia dos outros no lugar de explorar as suas, por exemplo hoje em dia exceto no golfo do México (que o nome do golfo diz tudo), os norte americanos não exploram a sua plataforma continental e se limitam a explorar parcialmente o petróleo do Alasca.
O petróleo do oriente médio está no seu canto do cisne, apesar da Arábia Saudita dizer insistentemente que tem mais capacidade de produzir e não consegue elevar a sua produção e países como a Líbia, Emirados e outros também estão indo para o mesmo caminho. No momento a exploração de petróleo norte americana se expande em dois pontos, no próprio USA através do chamado Fraturamento Hidráulico e pela exploração das areias Canadenses. Tanto um como outro processo estão criando passivos ambientais enormes e há uma imensa corrida disputada entre ambientalistas e produtores de petróleo, que com o tempo resultará na vitória dos primeiros.
Então, o que sobra, o nosso rico petróleo do pré-sal. Bem se não estivermos prontos para ter alguma autonomia em termos de eletrônica embarcada, um mero embargo deste tipo de equipamentos deixa o país sem capacidade de resposta a nenhuma ação externa, e pretextos podem ser achados para embargos e posteriores ações “democratizantes”!
Agora chegando no início, se não desenvolvermos tecnologia suficiente para manter no ar ou na terra equipamentos que inibam “ações democratizantes” logicamente estaremos ao sabor destas.
É uma boa teoria da conspiração, porém ela não depende de ETs ou de fatos mirabolantes para explicá-la, simplesmente a necessidade de energia de um país para manter a sua máquina funcionando, enquanto não acham algo mais efetivo do que o petróleo para azeitá-la.
Por isto e por outras, como a misterioso pedido de demissão do alemão, antigo diretor do Ceitec que se demitiu durante um evento de informática nos USA e ainda disparando contra o que ele mesmo dirigia. Somando a isto temos que as empresas contratadas para construir em um ano o Ceitec (uma delas a famigerada Delta – a do amigo do Cachoeira), que antes de construir o Ceitec já haviam construído em seis meses uma instalação com os mesmas necessidades que deveriam construir aqui.
Quanto ao David Ricardo, eu não gosto de pessoas que pegam o exemplo de produção de tomates ou de cereais, com dez mil produtores e dez milhões de consumidores e tentam levar isto para mercados totalmente imperfeitos como por exemplo o mercado de Chips (não era culpa dele, na época só batatas e não chips, bom trocadilho né).
mas realmente me interessaria saber sua opinião sobre as idéias de Ricardo, ja q vc se prendeu a malthus e as plantações irlandesas, enquanto meu comentário foi sobre como o subsidio governamental mantém setores com a desculpa de serem estratégicos…
rogeriomaestri
este tema de segurança nacional foi assunto debatido entre Malthus (um religioso q atuou junto ao governo e ao exército inglês), e Ricardo (um empresário internacionalista)…. malthus dizia q mesmo sendo mais caro, os ingleses deveriam pagar pelo próprio trigo pq assim estariam sempre seguros em caso de guerras, o parlamento q era dominado por nobres donos de terra achou muito legal a idéia…. 4 décadas depois o reino unido passou por uma pequena quebra de safra q matou irlandeses e resultou em um expurgo de algumas centenas de milhares deles para os eua
mas em resumo, esta idéia de segurança nacional é uma desculpa ótima para os Lobbystas de td o mundo… e é isso q os agricultores suiços fazem, mesmo em uma economia relativamente liberal como a suiça…. e de lobby o brasil entende, é uma instituição muito respeitada no Brasil, seja qual for o partido
Felippe
Caro Felippe, há algum tempo me dei o trabalho de ler Malthus e tanto ele como David Ricardo, mas antes de comentar sobre os dois chamo a dois fatos;
Primeiro acho que Malthus jamais trabalhou para o exército britânico (fato menos importante) entretanto duas grandes fomes que houveram na Irlanda, nenhuma delas foi devido a qualquer problema como trigo Inglês. A primeira foi entre 1741 e 1741, anterior a existência tanto de Malthus como de David Ricardo, foi causada pelo clima, e não esqueça que nesta época estávamos no período final do que se convenciona chamar a Pequena Idade do Gelo (leia no meu blog que há algumas referências sobre isto).
A segunda grande fome, esta sim chamada a Grande Fome (1845-1849) foi devido sim a uma quebra de safra de BATATAS que era a base alimentar do irlandeses, causada por um fungo o Phytophthora infestans. Note-se que após a invasão inglesa e dominação da Irlanda (1649-1652), Lord Cromwell queimou grande parte das plantações irlandesas, mas como soldados não colhem batatas, o que garantiu a vida deste povo foi exatamente este tubérculo, e após isto a batata virou base alimentar do povo irlandês. Segundo os historiadores, a Irlanda possuía um problema endêmico de fome devido a má distribuição de terras, mas isto é outra história. O que é certo é que esta relação, Malthus, Ricardo, trigo inglês e fome na Irlanda é uma das coisas mais estapafúrdias que li nos últimos tempos, não sei da onde tiraste isto. Inclusive mesmo durante a Grande Fome, as exportações de alimentos da Irlanda para a Inglaterra aumentaram, pois o fluxo de exportação era exatamente no sentido contrário que citas.
Bem, cientes que os teus conhecimentos históricos sobre estes dois homens e a realidade européia durante os séculos XVI ao século XIX é pequeno, vamos a algumas digressões.
Primeiro Malthus foi o primeiro profeta do apocalipse que se deu mal em suas previsões, segundo ele o mundo não aguentaria nem mais meio século sem que morressem todos de fome, e já se passaram mais de duzentos e trinta anos das previsões de Malthus e elas ainda não se confirmaram (talvez no fim de 2012!).
Malthus teve por mote a sua obra, e isto fica claro na primeira parte de seu livro, que ele odiava os pobres, dentro do mais puro princípio protestante da época, ele na primeira parte do livro trata de demonstrar que quanto mais se fosse misericordioso com o povo, maior seria a sua miséria (como todos aqueles que são contra a bolsa família), havia na época as chamadas Leis dos Pobres (bolsa família do governo inglês da época) e ele escreveu o livro para justificar a sua extinção.
Tanto Malthus com seus livros, como Francis Galton com suas teorias eugênicas, sorveram da mesma fonte, a ideia dos princípios da seleção natural enunciada por Charles Darwin. Eles foram os pais do que se veio denominar já no século XX o Darwinismo Social, que tratando a espécie humana como uma matilha de cães, pensavam que a seleção natural é o único fator que leva ao desenvolvimento a nossa sociedade.
fiz uma confusão na primeira parte e me concertei na segunda, falei em trigo inglês e na segunda em reino unido, de fato devemos lembrar q a irlanda era o celeiro do reino unido
e sim, as fomes ocorreram por problemas climáticos e quebras de safra (trigo, batatas enfim… fiz um reducionismo qto a agricultura e resumi no trigo, erro meu, ou detalhismo demais da sua parte… n importa)…. o ponto é q meu argumento n é sobre batatas ou trigo ou oq quer q os ingleses plantem
vc andou se prendendo a detalhes, é irrelevante se era trigo ou batata ou se a fazenda era dentro de um ou outro país do reino unido… a correlação entre o protecionismo lobbysta e as idéias de ricardo e de malthus é a mesma, além de os motivos políticos seres semelhantes ao lobby dos suiços
vc estava de má vontade qdo leu Mathus… aposto q deve achar q ayn rand odeia os pobres tmb
aliás, gostaria de ouvir sua opinião sobre oq comentei, ja q vc parecesse ter se interessado mais em comentar sobre oq os irlandeses plantavam
abraços…
Acho que o Brasil deveria seguir os passos da Rússia ou Índia para entrar no mercado de semicondutores, ou seja, investir em indústria de base.
Não adianta montar uma sala limpa quando precisamos importar absolutamente tudo, desde papel e caneta até wafers e produtos químicos.
O certo é iniciar produzindo silício metálico, dominado o processo passamos a produzir lingotes. Uma vez o processo dominado, produzimos wafers e assim por diante.
Atualmente vendemos areia e compramos semicondutores. Com a Ceitec venderemos areia e compraremos todo o resto, desde patentes de processos à matéria prima, só usaremos a energia elétrica e depósito de resíduos químicos.
A comparação com o vale do silício é engraçadinha e boa comercialmente mas nada a ver. O vale do silício é sobre empreendendorismo e criação de pequenas empresas que geraram muito dinheiro na maior parte com software. Este local é quase o oposto. Mas não que não seja válido, acho importante.
Até o tecnopuc parece mais com um “parque do silício” do que o ceitec.
Este projeto diz muito sobre o governo brasileiro…. o problema aí é o governo achar q td se resolve jogando dinheiro em cima.. saúde n esta bom? joga dinheiro, educação tem resultados ruins? 10% resolve, e se n resolver joga 15% ou 20%
para o governo a iniciativa privada é só um instrumento de realizar oq o próprio governo quer mas n tem competencia para fazer… aí ele vai lá e faz “concessões”, desde q seja a estrada q ele quer, no tempo q ele quer, no preço q ele quer… mesma coisa com este projeto de “vale do silício”, q se ficarem jogando dinheiro só vai render empresas de espertalhões q vivem as custas de subsídios do governo
vale do silício é um lugar de empreender, n de viver as custas de subsídio estatal… é ótimo q o RS busque isso, mas levo muito mais fé no Tecnosinos ou no Tecnopuc do q na estatal q produz chips…
O ceitec é uma vergonha. Uma estatal onde o governo colocou 400 milhões e que só depois de 5 anos consegue desenvolver um misero chip de tecnologia atrasada mandado produzir fora do pais. Alias, acho que segue o padrão das estatais. Deve ser muito dificil ser eficiente quando se tem 400 milhões dando sopa e nenhum compromisso. É mais uma chance perdida de desenvolvimento, renda e empregos na área e no entorno.
https://portoimagem.wordpress.com/2011/06/20/ceitec-ex-presidente-confirma-que-a-fabrica-gaucha-de-chips-nao-funciona-e-foi-um-antro-de-malfeitorias/
Isso fica de alerta pros que acham boa ideia criação de empresa pública.
Leiam também a notícia sobre o CEITEC,
http://www.baguete.com.br/noticias/hardware/27/03/2009/governo-gaucho-ignora-ceitec
É a historinha do siri, quando um puxa para um lado outro puxa para o outro.
Desde o início do Ceitec todos sabiam que ele disporia de uma tecnologia mais atrasada que de uma INTEL, por exemplo, porém dispor de uma tecnologia para concorrer com Motorola, Intel ou AMD, nunca foi o objetivo de CEITEC.
Quem quer se iludir, que se iluda, o objetivo deste centro é outro.
O objetivo da Ceitec foi repatriar mão de obra brasileira no exterior e provar que podemos podemos produzir semicondutores (palavras do Lula). O objetivo nunca foi dar lucro ou produzir semicondutores para o mercado. Até porque mesmo sem precisar pagar toda a infraestrutura, com a tecnologia atual, o processo nunca se pagará. (Preço de venda – preço dos insumos)
ou seja, jogar dinheiro de impostos em algo inviável para inflar o ego…
Felipe.
Já viste fotos das vaquinhas suíças com o sininho pendurado no pescoço, pois aquelas vaquinhas dão aos suíços um dos leites mais caros do mundo, é leite regado a subsídio.
Pois bem, a Suíça é uma das democracias mais estáveis e antigas do mundo, e uma democracia que se vota tudo, e além disto todo o suíço sabe quanto custa o leite das vaquinhas e quanto economizariam se importassem, entretanto um país extremamente liberal mantém um setor totalmente subsidiado. Por que? Segurança nacional!
Menos negativismo, até começar a dar dinheiro precisa investir e ficar no vermelho um tempo mesmo. Ainda mais por aqui, que é tão difícil investir.
Até onde eu sei esse chip foi projetado no Brasil, mas produzido na Alemanha. Faz poucos meses que a Ceitec processou o seu primeiro wafer…
Há algum tempo atrás quando se falou neste Blog sobre Ceitec, a maioria não entendeu bem o seu objetivo desta fábrica de Chips. Alguns que pensavam ser o objetivo da Ceitec criar Chips de última geração para concorrer com os processadores modernos dos computadores ficaram bastante desiludidos, porém se esta empresa deslanchasse fazendo chips simples, de “tecnologia atrasada” o impacto que teria nas contas externas do Brasil seria imensa.
Pode-se perguntar. Por que ela fazendo chips “tecnologicamente atrasados” pode ter impacto nas contas externas. Simplesmente porque há um imenso mercado, talvez maior do que para novos computadores, de chips para eletrodomésticos, automóveis, máquinas ferramentas e daí por diante.
Se, insistindo no se, ela começar a produzir chips dedicados há diversas aplicações, inclusive militares, o país ganhará certa autonomia na importação e na criação de novos produtos.