Rachel Duarte
Ao que tudo indica, o governo gaúcho parece ter compreendido o estado emergente de reestruturação da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS). O próprio governador Tarso Genro pleiteia a liberação de emendas parlamentares da bancada gaúcha junto ao Ministério da Educação (MEC). A mais generosa – e que está mais próxima de chegar à conta bancária da universidade – é a emenda do senador Paulo Paim (PT). No valor total de R$ 13,5 milhões, o maior já autorizado pela União no Orçamento de 2012, os recursos vão viabilizar a construção do Núcleo Central da Universidade, dando identidade à instituição e aglutinando os serviços acadêmicos em um único espaço físico. O campus será em área já doada pelo governo estadual à UERGS, na zona Norte de Porto Alegre.
A doação do local de 4 hectares junto ao Centro Vida, na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, ocorreu no dia 15 de agosto. O campus sede acolherá Reitoria, Unidade Acadêmica, Biblioteca Central e um anfiteatro. O local é a antiga sede da Cerâmica Cordeiro, hoje parcialmente ocupada por ONGs e entidades comunitárias. “Vamos erguer os prédios na parte de trás. Essa centralização dos serviços será fundamental para a estruturação e crescimento da universidade, hoje precarizada e com limitação no número de alunos devido à incapacidade física”, fala o reitor Fernando Guaragna Martins.

Futura sede central da UERGS será construída na zona Norte de Porto Alegre | Foto: Google Maps / Reprodução
Hoje os alunos e funcionários se deslocam por toda Porto Alegre para qualquer demanda universitária. A Reitoria funciona na Rua Sete de Setembro, a Unidade de Ensino na Avenida Bento Gonçalves e a Biblioteca Central na Rua da Praia. Há também um depósito e outros serviços acadêmicos em um prédio na Avenida Farrapos. “Queremos um campus universitário. O fato de não termos a estrutura própria nos impede de, por exemplo, pleitearmos recursos federais para projetos”, disse.
O reitor afirma que outras articulações políticas estão sendo feitas nos municípios onde a UERGS tem sede, para ampliar os serviços e construir novos campus. A Prefeitura de Osório doou área de 5 hectares na Estrada do Mar para a construção dos três prédios da Unidade Litoral Norte. O deputado federal Vieira da Cunha (PDT) já apresentou emenda parlamentar no valor de R$ 300 mil para compra de equipamentos do futuro campus.
“Estamos em negociação com a Fepagro para oferecer um curso de Agronomia em área no município de Cachoeira do Sul e outros em Livramento, Vacaria e Caixas do Sul. Dialogamos também com o Daer sobre áreas em Guaíba, Alegrete e São Francisco de Paula”, fala o reitor Fernando Martins.
Outras emendas somam quase R$ 1,4 milhão para UERGS
Também há negociações com a prefeitura de Cruz Alta para uma área que permita a construção de Unidade Universitária da UERGS. O deputado federal Luiz Noé (PSB) apresentou emenda parlamentar de R$ 600 mil para construção do prédio. Há também a previsão de liberação de R$ 200 mil para aquisição de equipamentos para Unidade de Novo Hamburgo, por iniciativa do deputado federal Ronaldo Zulke (PT). Sem previsão de liberação, também há R$ 250 mil de emenda do deputado federal Henrique Fontana (PT) para aparelhamento e adequação da estrutura da UERGS.
No total, os parlamentares já propuseram um valor próximo a R$ 1,4 milhão para contribuir com a reestruturação da UERGS. Efetivamente na conta da universidade estão R$ 5 milhões, referentes a outra emenda do senador Paulo Paim, que são investidos na aquisição de instrumentos de laboratório, mobiliário e demais equipamentos para atividades de ensino, pesquisa e extensão em todas as 23 unidades no estado. O reitor Fernando Martins aguarda a liberação dos futuros R$ 13,5 milhões para preparar a licitação da obra do Núcleo Central em Porto Alegre. “Nosso plano geral é expandir as unidades gradualmente, em médio prazo. Em 2016 queremos ter um total de 10 mil alunos. Para isso, a estrutura física precisa melhorar e aumentar”, fala o reitor.
A UERGS é uma fundação instituída e mantida pelo poder público, vinculada à Secretaria de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico. Do total de vagas, a instituição reserva 50% para candidatos com baixa renda familiar e 10% para pessoas com deficiência. Com 2.108 alunos regularmente matriculados, tem 19 cursos de graduação que habilitam tecnólogos, bacharéis e licenciados em diferentes áreas. A universidade também oferece um Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes para tecnólogos e bacharéis que atuam em escolas técnicas e IFES e buscam habilitação docente.
SUL 21
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Senhores, vou fazer uma crítica ao senhor Governador e ao nosso Senador Paim.
A UERGS foi fundada pelo governo do PT com o objetivo de interioralizar o ensino superior em nosso estado, algo que acho extremamente necessário e meritório. Vejo com pesar que se abandona em parte este objetivo através de novo numa concentração de recursos na cidade de Porto Alegre.
Pede-se 13,5 milhões para os prédios administrativos desta universidade, para uma “biblioteca central” e mais algumas salas de aula.
Conheço alguns ex-professores da UERGS e a partir do que escutei o que menos a UERGS precisa é uma reitoria e uma “biblioteca central” longe do centro da cidade.
A UERGS é uma universidade com características análogas a UNESP (com origens diferentes), a UNESP tem campus em mais de 22 municípios paulistas, resultado da incorporação de unidades isoladas e da criação de novas a partir de sua criação (1976), a UERGS também pretendia (ou ainda pretende) uma estrutura análoga. Porém para a criação de uma universidade nesses moldes precisa-se manter em mente que o objetivo é descentralizar, não ao contrário.
Qual o objetivo de uma “biblioteca central” em Porto Alegre, será que o aluno depois de sair de sua aula em Bagé (não é a avenida Bagé, é a cidade Bagé) a noite, viajar 500km mais um ônibus até a reitoria para retirar um livro na Biblioteca? Ou se criam bibliotecas setoriais em cada uma das unidades (que necessitam de uma sala de no máximo 200m² e bons livros), ou a biblioteca central só vai servir para guardar acervos históricos que poderia ser feito pela Biblioteca Pública do Estado.
Segunda coisa, a reitoria até poderia estar em Porto Alegre, porém como o objetivo principal desta será atender pessoas (professores, alunos ou funcionários) que vem do interior do estado ela poderia estar em região mais bem localizada. Se fosse retirado a “biblioteca central”, as salas de aula e o anfiteatro a área necessária reduziria bastante e poderiam achar uma área de mais fácil acesso do que a proposta.
Por último, não tendo relação com a notícia propriamente dita, mas sim com a UERGS, o que está havendo nesta instituição é uma fuga dos professores nas áreas mais técnicas, devido aos níveis salariais baixos em relação a outras universidades públicas ou privadas.
Na realidade em determinadas áreas estamos com um apagão em termos de professores, e para instituições como a UERGS este apagão ainda é pior.
Pelas razões expostas sabiamente pelo Rogério, sinto cheiro de enxofre no ar ..
Rogério os caras da UERGS viajam na maionese, em tempos de internet as bibliotecas podem ser virtuais, eu fiz vários trabalhos acadêmicos na Ulbra, utilizando os livros, teses e textos da blioteca virtual sentado na minha casa confortavelmente, ler na internet longos textos é só uma questão de costume.
Para a pesquisa existe hoje em dia o Portal de Periódicos da Capes, onde grande parte das revistas científicas de todo o mundo estão disponíveis “on line”. As unidades deveriam ter suas bibliotecas setoriais, com os livros para consultas de alunos e professores. Poderia até ter algo central com serviço de entrega (malote) que escolhido um livro no dia seguinte estaria o empréstimo realizado. A ideia de biblioteca é algo que cada dia fica mais ultrapassada, dentro de no máximo dez anos uma biblioteca será algo como uma máquina de escrever, um câmara fotográfica com filme e outras coisas que estão ficando totalmente superadas.
Talvez fosse mais conveniente (e barato) dar a cada aluno um tablet do que construir uma biblioteca.
A UERGS tinha tudo para ser uma Universidade do século XXI, desde que seus gestores esquecessem o que viram de organização nas universidades mais antigas como a UFRGS, Unisinos, PUC, ULBRA e outras e ousassem.
Eu sou professor da UFRGS desde 1976, considero-a uma excelente universidade, porém devemos copiar as coisas que são boas não as estruturas ultrapassadas que a própria UFRGS tenta se livrar. Não é copiando o que a USP, a UFRGS, o ITA e outras tem de bom e de ruim que se consegue alguma coisa.
Por exemplo, o quadro de professores votado a pouco pela Assembléia Legislativa da UERGS é uma cópia do quadro das federais. este quadro das Federais tem razões históricas de existir, e o mais engraçado de tudo foi o quadro montado pelo General Ludwig, ex-ministro da educação do governo Figueiredo, ou seja, copia-se uma organização que teve sua origem nos governos militares, isto há mais de trinta anos. Será que em todo este tempo não se achou algo mais moderno?
Tradição não se copia, se cria.
Já vi q és um analfabeto funcional …
E esse projeto? de onde saiu? alguém está ganhando com isso.. sem concorrência séria, justa e qualificada, que deveria ser por meio de concurso de projeto…
Vou construir minha nova casa, também vou ter que realizar concurso?
Rafael, o que o João está exigindo é TRANSPARÊNCIA nas decisões públicas. Como tu deves saber, o dinheiro público é de todos. Quando aparece um projeto do nada, temos que ser no mínimo críticos ao ponto de indagar: de onde saiu? Quem é que fez? Foi dentro das regras? (sim, perguntar se foi dentro das regras é estúpido, mas, meu amigo, estamos no Brasil).
Esta verba, para uma universidade é pífia, não da nem para a largada.
É uma boa notícia, mas…
Se a universidade depende de favores do governo federal para crescer, como ela pode ser “estadual”?
República Federativa, você está fazendo isso errado.
Pois é, se sabidamente o governo do estado não consegue oferecer um ensino básico qualificado (tanto que não consegue pagar o piso aos professores), porque vai se meter no ensino superior, sabendo que isso é função constitucional da União?