O maior problema logístico do Brasil é a a falta de ferrovias para transportar a produção. E por isso toda comparação com outros países fica prejudicada. É quando se compara, por exemplo, o Brasil com os EUA.
O Rio Grande do Sul gasta 18% de tudo o que produz – do PIB – para transportar a produção. Os EUA só 8,5%. E o gasto maior é com o transporte de longa distância. Nos EUA e Europa é feito por trem. Aqui pelo caminhão. Um trem carrega sozinho mais de 3 mil toneladas de produtos em uma única viagem. Ele substitui quase 100 caminhões. Outro desperdício é o pouco uso dos rios e lagoas, onde o Rio Grande do Sul tem a maior malha navegável do país, hoje um pouco menos abandonada porque usada por embarcações do polo petroquímico. Mas os calçados e outros produtos exportados vão ao porto de Rio Grande, levados ao longo da Lagoa dos Patos em caminhões.
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Compartilho da opinião sobre a necessidade de investimento na infra hidro e ferroviária.
Na realidade é difícil nominar qual é o maior problema logístico do Brasil.
Se pudesse opinar sobre o estilo da redação eu diria que matérias que começam com “o maior”,”o melhor”,”o pior” acabam por cair em descrédito por não citar a fonte.
Temos vários outros problemas logísticos no Brasil. Falta de ferrovias e hidrovias é apenas um deles.
1% do PIB investidos anualmente em trens e metrôs, tenho certeza, revolucionariam o sistema de transporte brasileiro em 20 anos.
E ferrovias e hidrovias pra passageiros? Também fazem falta, apesar de provavelmente não movimentarem tanto dinheiro.
Movimentam dinheiro sim, Fernando, se esse é o objetivo. Só deixa de movimentar o dinheiro que poderia ser investido em educação e urbanismo, por exemplo, o que contribui positivamente no grau de felicidade da população (algo que o PIB não mede, infelizmente).
O lobby rodoviário é forte no país, como já foi abordado nos comentários. O transporte ferroviário além de mais econômico garante uma melhor manutenção de nossas estradas pois retira destas os pesados caminhões e bitrens que contribuem (juntamente com a péssima qualidade construtiva de nossas rodovias) para a sua deterioração. Ademais, acredito que o transporte rodoviário não morreria, pois a principal característica deste é o deslocamento porta a porta, coisa que não é possível com as ferrovias. Assim, os dois modais são complementares e se tivéssemos um mínimo de planejamento estratégico (ausente há cerca de 30 anos no país), investiríamos em trens, na educação, em metrôs, rede de esgotos, e outros setores nos quais estamos carentes. O problema é que investimentos deste tipo damandam tempo e não são visíveis para serem utilizados em campanhas eleitorais.
Lenilton, permita-me ir ainda mais longe em tuas lúcidas opiniões. Precisamos urgentemente de atitudes governamentais fortes, com foco na nação como um todo e não somente em contentar alguns setores em detrimento do país. Necessitamos planejamento estratégico de longo prazo e investimentos em ótimas ferrovias, hidrovias e também rodovias. Optamos pelo transporte rodoviário e nem mesmo temos estradas de qualidade. O transporte aéreo também é um desafio a ser encarado com coragem. Obrigado pela oportunidade. Abraço!
É o medo de perder votos dos caminhoneiros, ja que um trêm iria tirar o emprego de algumas dezenas…
Por que não priorizar os caminhoneiros e atuantes no mercado rodoviário para capacitação ao trabalho numa nova malha ferroviária?
O problema é que isso esbarra nos sindicatos… Qualquer tentativa de se fazer isso os sindicatos, com medo de perder o dinheiro, caem de pau em cima.
Não estou discordando, isso seria o ideal, mas os sindicatos, ao invés de defender os trabalhadores, qualquer que seja, defende seus intere$$e$ em primeiro lugar.
E nos projetos que desenvolveram para acabar com os “gargalos” da infraestrutura de transportes na região sul, são R$15 bilhões em investimentos, e apenas UMA ferrovia.
Parece que não aprendem…
Enquanto formos uma sociedade que pensa nossos problemas buscando soluções imediatas, conjunturais e fantasiosas (ou atalhos) não investiremos em trens (nem em educação, como outro exemplo), porque seus efeitos, apesar de altamente resolutivos, são a longo prazo.
Falando em Educação, recomendo:
http://educacionprohibida.com – pois não basta querer melhorar a educação, precisamos nos perguntar: qual educação?
Revolta do sindicato dos caminhoneiros em 3, 2, 1…
Isso começou com o cartel rodoviário no Brasil, agora vêm os problemas…sucatearam as ferrovias que tinham e por quê? Caminhões “eram o futuro”, agora vão ter que rever os conceitos…Ótimo tópico esse!
A prioridade dada ao transporte rodoviário no Brasil, a partir dos anos 1920, foi um erro. O lobby rodoviário é uma barreira, mas já passou o tempo de defendermos interesses: agora, precisamos defender necessidades.
É sobre isso que escrevo aqui: “Trem: mobilidade rápida, eficiente e confiável” – http://trilhos.maodupla.org/2012/06/20/trem-mobilidade-eficiente/
Ótimo tópico! Vamos considerar ainda a grande quantidade de acidentes envolvendo caminhões e os problemas de saúde causado pelo rebite (droga que os caminhoneiros usam para não dormir).