Crescimento populacional preocupa a Zona Sul de Porto Alegre

Comunidade lotou o salão paroquial exigindo controle das ocupações  Foto: Francielle Caetano

Comunidade lotou o salão paroquial exigindo controle das ocupações Foto: Francielle Caetano

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre reuniu, na terça-feira (4/12), os moradores das regiões Sul e Extremo Sul, com o objetivo de discutir temas relacionados ao crescimento populacional da região, no sentido de evitar impactos às áreas de preservação dos recursos naturais.

Com o salão paroquial da Igreja São José Operário praticamente lotado por representantes da comunidade, o vereador Beto Moesch (PP), presidente da Cosmam, falou da preocupação dos ambientalistas no sentido de disciplinar a ocupação urbana. “Temos aqui a maior área verde da Capital, que vem sendo ameaçada pelo crescimento desordenado”, lembrou. Finalizou afirmando que “os vereadores da comissão vieram ao encontro da comunidade por estarem preocupados com o que vem ocorrendo”.

Pulmão

A primeira parte da reunião foi coordenada pelo vereador Dr. Thiago Duarte (PDT). Ele disse que o interesse político muitas vezes está acima do interesse social na liberação de áreas para a construção de moradias.

O presidente do Sindicato Rural de Porto Alegre, Cleber Vieira, lembrou que a Zona Sul é o “pulmão da Capital” e tem 30 mil cabeças de gado. “30% do que se comercializa na Ceasa sai dos produtores daqui. São 17 mil hectares de área verde”, disse. Segundo Vieira, ninguém é contra progresso, mas este deve ser ordenado. Para isso, fez um apelo ao Executivo para que agilize a regularização fundiária. A preocupação é acabar com os loteamentos irregulares que provocam impacto ambiental. Vieira também cobrou o regramento ambiental paralelo ao crescimento. “O que já tem aprovado para a zona rural e qual a contrapartida para quem mora aqui?” questionou.

Rosane de Marco, conselheira do Plano Diretor, mostrou mapas onde constam empreendimentos com a construção de moradias para mais de 20 mil pessoas dos projetos Minha Casa Minha Vida e da Cooperativa do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae). “É uma enxurrada de pessoas vindo para a Zona Sul e não temos condições de infraestrutura, como segurança e transporte, para atender a todos”, disse.

Silvana Cardoso, representante da cooperativa do Dmae, falou dos projetos do departamento no Lami para a construção de casas aos associados, ponderando que a entidade está assegurada de todo o processo necessário de infraestrutura. Disse ainda que os beneficiados com os imóveis já residem na Zona Sul.

Moradores também se mostraram contrários à construção de um centro de recuperação da Fundação de Assistência Social do Estado (Fase) na Zona Sul, alegando que deverá levar insegurança. Em contrapartida, reclamaram do déficit no atendimento à educação, transporte, segurança e educação.

A líder comunitária Carla Santos reclamou do abandono da saúde nos bairros do Extremo Sul e pediu a reforma imediata da Unidade de Saúde do Lami “com a locação de um prédio durante a reforma para que não cessem os atendimentos”.

Justificativas

A procuradora do Município Simone Somensi disse que, em relação às áreas irregulares, o que corresponde a mais de 100 loteamentos só na Região Sul, segue o processo de forma a cumprir todas as etapas, que estão dentro dos prazos estabelecidos pela Procuradoria-Geral do Município (PGM). “Trata-se de uma área de características rurais muito fortes e exigem estudos específicos” justificou.

A vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) sugeriu a realização de uma Audiência Pública na Câmara “para discutir a falta de democracia no tratamento do assunto”. Criticou ainda o sistema de transporte hidroviário “que foi criado, mas que só atende a população nobre da Capital e não chega à Zona Sul”. Dr. Thiago afirmou que Audiência Pública deverá ser feita no Lami.

O vereador Beto Moesch lamentou que grande parte do projeto Minha Casa Minha Vida esteja sendo dirigido para a Zona Sul. “São mais de 10 Áreas Especiais de Interesse Social (Aeis) e isso pode estar provocando um desplanejamento da cidade”, disse.

Também estiveram presentes na reunião da Cosmam os vereadores Valter Nagelstein (PMDB), Mário Manfro (PSDB) e Tarciso Flecha Negra (PSD).

Câmara Municipal



Categorias:Demografia, Zona Sul

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11 respostas

  1. Deixo aqui meu apoio à campanha Cinturão Verde em Porto Alegre.
    http://www.cinturaoverdepoa.org.br/

  2. Pra alguma lugar a cidade tem de crescer…

  3. Acho que deviam construir a quarta perimetral o quanto antes, fazer ela BEM espaçosa diferente da 3ª. Corredor de ônibus com faixa para ultrapassagem, calçadas largas, ciclovia. Tudo isso desenvolveria uma área nova da cidade.

  4. Se a zona sul começa a crescer, é por causa da resistência a prédios mais altos na cidade. Ao invés de fazer 10 prédios de 30 andares, fazem 20 de 15. Só que vai precisar de mais terrenos pra esse n° maior de prédios. Como a zona norte e a área central estão saturadas, é natural que comecem a ir pras pontas da cidade… zonas leste e sul, até pelo valor dos terrenos serem menores pela distância. O que poderia resolver era começar a demolir prédios velhos em áreas mais centrais pra novas construções. Tá cheio de prédio feio e sujo pela cidade que poderiam ser derrubados pra fazer algo mais moderno e decente, salvando a nossa zona rural.

  5. Enquanto o transporte for caro e ruim, as pessoas vão tentar se empilhar mais e mais, se aglutinar o máximo possível, pois caso contrário são horas e muitos reais gastos no mês.

  6. a 118 até o lami foi discutida? aliviaria trânsito de quem sai de poa da zona sul pela zona norte. principalmente no verão

  7. Situação complicada… algumas frescuras, mas muitas coisas para ver mesmo.

    Acho que a zona sul precisa mesmo de de um bom plano diretor, manter algumas areas apenas com casas, deixar a area do Barra com prédios (alias, deveriam liberar a altura, um belo lugar para ter um grande prédio)…

    Alargar vias, preparar corredores de onibus, melhorar o transporte publico, ciclovia (acho a zona sul a região perfeita pra isso, não sei por que, acho que é a cara de “praia” que tem por la… muitas pessoas que conheço que vivem por la gostam de pedalar.

    Acabar com as favelas, tem umas coisinhas tensas por la.. melhorar a segurança, investir na ORLA, criar atrações… e assim vai…

  8. Pior que é tudo uma sacanagem. A zona rural é engolida pelos condomínios, e essas pessoas são obrigadas a morar extremamente longe do trabalho por que é o que conseguem pagar.

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