Opinião: Projeto Sem Terreno

ciep-onCroquis de Oscar Niemeyer para o projeto do CIEP (Centro Integrado de Educação Pública), escola de tempo integral 500 vezes replicada nas gestões (1983-1987 e 1991-1994) de Leonel Brizola no governo do Rio de Janeiro.

Tratava-se de projeto ubíquo, concebido sobre um terreno teórico, plano, de 100 x 100 metros, utilizando sistema pré-fabricado pesado fechado.

Pois 30 anos depois, a ubiquidade da arquitetura moderna ataca novamente, desta vez aqui no RS:

pretende-se que um croquis de ON possa ser transformado em projeto e implantado em sítios tão díspares quanto uma encosta de morro (o Santa Teresa) ou o plano do Parque de Exposições de Esteio.

É mesmo assombroso. Todo projeto arquitetônico que se preze deve ser resultado da interação entre os requerimentos do programa e a análise do potencial e limitações específicas do terreno.

Qualquer outra abordagem, como a que se está a engendrar, não passa de tentativa patética de reviver procedimentos antiquados, imprecisos e inconsistentes, ainda mais tratando-se de obra pública de porte.

O próprio contrato com o escritório de ON pode (e deve, em prol do bem fazer, da ética profissional e da boa gerência da coisa pública) ser denunciado, uma vez que o titular responsável faleceu, cessando aí a justificativa de notório saber.

CONCURSO PÚBLICO JÁ !

Eduardo Galvão



Categorias:Arquitetura | Urbanismo, Concursos Públicos para projetos arquitetônicos

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16 respostas

  1. Niemeyer era um farsante, um parasita do dinheiro público, torrando milhões em projetos todos meio parecidos e totalmente não-funcionais, que sacrificam o usuário do espaço em nome de uma pseudo-estética do concretão. Deixemos de lado esse esquemão medieval e tratemos de incentivar, via concurso público sim, prédios públicos que aliem a beleza à funcionalidade e sustentabilidade. Chega de enganação.

  2. A opinião, sobre o DIREITO INTELECTUAL, é quando manifesta por leigo, simplesmente uma OPINIÃO.
    Assim! Manifestar-se desta forma, é demonstração de quem tem que voltar ao príncipio CONSTITUCIONAL da MORALIDADE.
    Buscar denegrir alguem após o seu falecimento, é simplesmente uma questão de desafeto, a quem tanto fez pela ARQUITETURA.
    Agora, uma retratação pública, deve ser apresentada, pois na história nunca ninguem fez tanto por merecer.

    Jamil Campos Vergara

    • Nossa, esse deve ser um dos comentários mais insanos que já vi nesse blog.

      1) O escriba original desse post, Eduardo Galvão, é professor de arquitetura pela UFRGS há 35 anos. Sim, ele pode ser um leigo no que diz respeito às entranhas conceituais de direito intelectual, mas até onde me consta você também o é. O que é irrelevante, posto que o grosso a discussão do texto original toca à arquitetura e seu projeto.

      2) Qual é o erro moral cometido pelo Prof. Eduardo? O de questionar o notório saber? O de questionar a prevalência do notório saber do escritório após o falecimento de seu líder intelectual? Questionar agora é imoral? Questionar a legalidade da ação do poder público em um projeto que é de interesse de toda uma cidade é agora uma afronta a constituição?

      3) Ninguém está livre de críticas. Nem quando está vivo, nem quando está morto. A afirmação de que “[Niemayer] tanto fez pela arquitetura” é um julgamento de valor, uma afirmação normativa e subjetiva. É falacioso assumir isso como verdade absoluta, afirmação positiva e objetiva como contra-argumento. Em termos mais simples aos leigos em ciência: gosto é que nem bunda, cada um tem a sua, e em geral a dos outros fede.

      4) “Ninguém fez tanto por merecer” é ainda outra afirmação subjetiva. Tem tantas outras personalidades históricas (muitas anônimas) que fizeram muito mais pela humanidade, e nem por isso colocamo-as em um pedestal de diamante e as blindamos de toda crítica. Então não, este blog não produzirá uma retratação por emitir uma opinião.

  3. Concurso público já! (2)

  4. é óbvio: ou faz concurso, ou chama outro por notório saber. projeto psicografado não dá.

  5. O Gilberto não publicou minha matéria na íntegra; no original, estava inserida nota do ‘Metro” tratando do CENTRO DE EVENTOS DO RS, que é o objeto da postagem, a citação aos CIEP é meramente argumentativa…

  6. Esses CIEP’s são “simpáticos” até – quando bem cuidados.
    Vou pro RJ seguido e tem por tudo… acho interessante a padronização pra escolas mas o que parece é que eles não levam muito em conta condições tipo insolação e topografia do terreno como deveriam. A distribuição das edificações é sempre a mesma (é o prédio com as salas, uma espécie de quiosque que é biblioteca/lancheria e uma quadra coberta) eles só vão “girando” pra caber no terreno.

    A implantação é essa (óbvio que esse aqui tá muito mal cuidado): http://pdt12.locaweb.com.br/images/ciep1_lv.jpeg

    Aqui tem um do gênero também, mas com o prédio do Fórum de cada região da cidade: na Otto, na Aparício e na Assis Brasil são o MESMO projeto, só muda a pastilha da fachada… já perceberam?

  7. Imagino já, eu levando meus bisnetos para a inauguração desse centro de eventos. Iremos de metrô, esse tb recem inaugurado. Se é que um dia vai sair.

  8. Na minha opinião o notório saber do ON já podia ser questionado a décadas atrás… mas principalmente recentemente. Pior ainda agora que ele faleceu.

  9. Sai do berço esplêndido M(istério) P(úblico) …

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