Apagões e máquina pública inchada evidenciam estrangulamento de Porto Alegre

Os sucessivos apagões de energia que ocorrem desde meados do mês de novembro no RS, apenas amplificaram as evidências de que Porto Alegre não cabe mais dentro de si mesma.

Evidentemente nada funciona, como voltou a acontecer nestas quinta e sexta-feiras, não mais em função de temporais, mas de simples chuvas continuadas de verão.

A cidade continua dimensionada para abrigar a população dos anos 60, não para 2010. Tudo é improvisado e provinciano, desde a recepção no Salgado Filho, como notou uma chinesa, depois confirmada por uma jornalista inglesa, que vieram cobrir a disputa entre Zidane e Ronaldo na nova Arena do Grêmio.

Por que anos 60 ? Porque esta era a época em que empresários comerciais recebiam seus visitantes e Porto Alegre ainda tinha turismo receptivo. Hoje é salve-se quem puder. Os órgãos oficiais parecem satisfeitos com o barbarismo local de 3º Mundo, onde o tráfego é emperrado de modo permanente, a única estação rodoviária sufoca toda a zona central, o aeroporto prossegue uma pista de pouso provinciana, a insegurança mantém os moradores aprisionados em suas casas e os serviços públicos e privados continuam sendo prestados sem atenção ao cliente.

Nesta quinta-feira, o prefeito reeleito de Porto Alegre não transmitiu mensagem alguma de que a cidade sairá do seu acanhamento. Ele manteve 2/3 da equipe anterior, não enxugou um só posto da administração e ampliou a máquina pública para inacreditáveis 35 secretários, um número tão largo quanto o ministério da presidente Dilma Rousseff.

Políbio Braga

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Sei que muita gente por aqui não gosta do Políbio. Mas achei extremamente pertinente este texto escrito por ele, sobre Porto Alegre. Ele tem toda razão.



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27 respostas

  1. Porto Alegre cada vez mais estrangulada, a para ajudar a sufocar a cidade a prefeitura permite a construção da arena na entrada da cidade. Porto Alegre só tem uma entrada e uma saida e permitem construir a arena nos portoes da cidade. Porque não construir nas extensas areas abertas e livres depois da fiergs? Porque permitir a reforma do beira rio, se todos sabem que reformar uma casa velha é mais demorado e caro do que fazer uma nova? Os dois estadios deveriam ser construidos fora da cidade, isto ja ajudaria muito.

  2. Escutei no dia 17.12 , o apresentador Lasier Martins. no Jornal do Almoço, dando seu parecer explicitamente tendencioso quando ocorreu o APAGÃO no estado, após o temporal.

    O alvo negativo, é claro, a CEEE( empresa pública – ou melhor, do que sobrou dela). A mesma, que ele é cumplice de ter legitimado discursivamente, sua privatização, no periodo do governo Britto. Isso tudo, com financiamentos públicos, sub-avalações patrimoniais, sempre a preços módicos, quase de graça…. Parte dessa empresa pública gaúcha foi repassada para empresas dos EUA – pseudamente “eficazes”, como no caso, a AES e RGE. Com o mesmo discurso de cunho neoliberal – reeditado – nos últimos tempos : de que nada que é público presta, e sempre, na defesa de empresas que tem grandes anúncios nos canais da RBS, saiu com essa, em outro canal de sua rede.

    Ver aqui: http://anoticia.clicrbs.com.br/sc/economia/noticia/2012/12/ons-atribiu-a-problema-no-sistema-interligado-de-energia-o-apagao-que-atingiu-oito-estados-3984229.html

    Como no caso, o Jornal Zero hora do dia 17.12.2012 afirma que o apagão se deu proporcionalmente de forma maior na área privatizada:

    “No Rio Grande do Sul, cerca de 750 mil clientes ficaram sem luz, por aproximadamente 20 minutos, entre 17h55min e 18h20min. Ficaram sem abastecimento quase 250 mil pontos na área da AES Sul, 300 mil clientes na da RGE e 200 mil pontos na da CEEE. As regiões mais afetadas foram o Centro e a Fronteira.”

    Ver pag 16 dessa data. Só achei isso na web: http://anoticia.clicrbs.com.br/sc/economia/noticia/2012/12/ons-atribiu-a-problema-no-sistema-interligado-de-energia-o-apagao-que-atingiu-oito-estados-3984229.html

    Qual área que ficou com maior abrangência em grande parte apagada, com maior demora de ter dado resposta na reativação do sistema elêtrico, etc… São questões, a pensar…
    Mas os 550 mil consumidores das empresas privadas e com capital estrangeiro ( e algum, nacional) são maiores do os 200 mil da CEE!

    É bom pensar, quanto são servidos – proporcionalmente – pelos serviços privados e pelo serviço público, além de levar em conta, o impacto do mesmo temporal com grandes vendavais no estado e o tempo de resposta das empresas para colocar o sistema em funcionamente…

    obs: aqui o que somente achei na rede e que não é o mesmo que estava impressso no jornal

    http://anoticia.clicrbs.com.br/sc/economia/noticia/2012/12/ons-atribiu-a-problema-no-sistema-interligado-de-energia-o-apagao-que-atingiu-oito-estados-3984229.html

  3. Fora a parte da rodoviaria, concordo com tudo.

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