O duelo de aeroportos entre Porto Alegre e Curitiba

Para o sócio da PwC na região sul, Carlos Biedermann, se Porto Alegre não acelerar a construção de um novo aeroporto verá o Afonso Pena, de Curitiba, decolar como o hub do Sul

Aeroporto Internacional Afonso Pena - Foto: Portal da Copa - Governo Federal

Aeroporto Internacional Afonso Pena – Curitiba – PR – Foto: Portal da Copa – Governo Federal (adicionada pelo Blog)

Por Marcos Graciani

Na tarde de quarta-feira, entidades empresariais do Rio Grande do Sul levaram ao governo do Estado um estudo da consultoria PwC que recomenda a construção de um novo aeroporto na região metropolitana de Porto Alegre e a desativação completa do Salgado Filho, de maneira a assegurar a viabilidade econômica do empreendimento. Como é natural, o estudo passa, agora, por uma fase de avaliação e debate. Mas, na visão do sócio da PwC no Sul, Carlos Biedermann, o Rio Grande do Sul precisará dar velocidade a este processo sob pena de perder a chance de se tornar um “hub” (aeroporto que serve como conexão para outros locais) da Região Sul. “Ainda que projeto de expansão do aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, não esteja tão adiantado quanto o daqui, é um potencial concorrente”, aponta Bidermann. Acompanhe, abaixo, os principais trechos da entrevista concedida por Biedermann ao portal AMANHÃ.

Quais os modelos em que Porto Alegre pode se espelhar?

Foram quatro semanas de estudo, o que fez com que não chegássemos a analisar modelos com mais detalhes. Discutimos alguns modelos que a gente conhece e, de fato, surgiu entre eles o de Lisboa, em Portugal. Quem assumiu teve duas obrigações: adotou o atual aeroporto da cidade com a obrigação de fazer o novo. Assim quem ganha a concessão já tem rentabilidade e resolve problema do Estado, que não tem condições de fazer novos investimentos.

O novo aeroporto só seria viável com a desativação completa do Salgado Filho, que não poderia mais operar nem mesmo para receber pequenos aviões?

Nossa base para o estudo foi trabalhar com a perspectiva de taxa de retorno. Daí chegamos à necessidade de um fluxo de 20 milhões de passageiros a ser alcançado dentro de uma década a partir do início das operações. Se a gente dilui o tráfego entre dois aeroportos, mesmo que carga vá toda para o novo, passaríamos a ter de oito milhões a dez milhões de passageiros no antigo, o Salgado Filho. Desta forma, o novo aeroporto não ficaria rentável. Por isso é necessário ter um fluxo mínimo para proporcionar rentabilidade e atrair os pouco mais de 20 investidores internacionais que aportam recursos em aeroportos. Naturalmente se fosse investimento público, com subsídio governamental, até que seria possível. Mas isso não faz sentido economicamente para atrair investidores. Ao invés disso, se podera aproveitar o Salgado Filho para fazer outros empreendimentos como terminal logístico, empreendimentos comerciais ou residenciais.

Qual é a diferença entre Porto Alege e São Paulo ou Buenos Aires, capitais que contam com dois aeroportos?

Nesse caso são duas diferenças. Nesses locais há demanda e não se trata de aeroportos privados. Atualmente a demanda nessas cidades é muito maior que aquela que a capital gaúcha terá em 2023.

E se o processo de construção do novo aeroporto demorar ou não ir em frente?

Existem projetos de ampliação do aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, e também de outro no interior de São Paulo. Se esses ficarem prontos antes que o do Rio Grande do Sul, vão atrair cargas e passageiros, e retirar de Porto Alegre a chance de se tornar um hub para o Cone Sul. O novo aeroporto, sendo um projeto bom, terá atração extraordinária para investidores, passageiros de outros estados e países vizinhos. Ainda que o projeto paranaense, por exemplo, não esteja tão adiantado quanto o daqui, ele é um potencial concorrente. O Rio Grande do Sul já perdeu bastante espaço nos últimos anos no cenário econômico nacional. E esta é a oportunidade que tem de se diferenciar de outros estados da região sul e retomar o espaço que perdeu.

Mas como vencer a morosidade?

A questão está em fazer com que os órgãos estaduais tomem a decisão que precisa ser tomada. Ao definir um modelo, será preciso fazer análises mais profundas, passando pelas alternativas de locais, desenhar uma operação, etc. É trabalho para pelo menos um ou dois anos. Enfim, esperança sempre existe.

Revista Amanhã

_________________________

ahahahahah  eles estão argumentando pra justificar o “presente” que o governo federal vai dar pra eles: a desativação do Salgado Filho.

Isto é o maior absurdo que já li nos últimos anos. 

Se querem construir um aeroporto com dinheiro privado, que construam onde quiserem, do tamanho que quiserem, da forma que quiserem, com o número de pistas que quiserem…  MAS NÃO TOQUEM DO AEROPORTO (FEDERAL) QUE NÓS AJUDAMOS A CONSTRUIR. 



Categorias:Aeroporto 20 de Setembro, Aeroporto Internacional Salgado Filho, aeroportos brasileiros, Aviação

Tags:, , ,

50 respostas

  1. A maioria das cidades, surgiram e cresceram através dos empreendedores que se instalaram nestes locais e agregaram valores, facilitando, que mais empreendedores se fixem, se instalem nos devidos locais, próximos, aumentando o poder de crescimento e geração de valores para a região, valendo-se desta analise para vários segmentos, fabricas, mercados, shoppings centers, paradas e linhas metro, valendo também para aeroportos que já atraíram clientela cativa. Analisando por esse lado, vemos o aeroporto Salgado Filho e seu entorno no limite, próximo de saturar. Sem sobras de duvidas, devemos manter e melhorar o que esta. Ai entraria um novo empreendimento, necessário para alavancar o crescimento da região, trazer novos empreendedores para a região. Analisando desta maneira, estou de acordo e com total apoio para instalarem o mais breve possível o Aeroporto 20 de Setembro no vale Sinos/Cai. Quanto a distancia, vemos que uma grande parte se não a maioria dos trabalhadores do Polo Petroquímico, residem em POA a mais ou menos 50 km.

  2. Me parece que Porto Alegre está fadada ao retrocesso, infelizmente! Deixaram e pensar e fazer grande, para se contentar com pouco ou nada, o que a torna cada dia mais uma capital inexpressiva.

    • Concordo, Porto Alegre foi a maior cidade do Sul, perdeu para Curitiba, Porto Alegre foi a cidade mais rica do Sul, perdeu para Curitiba, que mais ela vai perder? acorda cidade.

  3. Acho que POA pode e deve ficar alinhada às principais cidades brasileiras, BH, Rio e Sampa, que vejamos mantém: Pampulha e Confins, Santos Dumont e Galeão, Congonhas e Cumbica, respectivamente, cada qual cumprindo uma função, os primeiros mais próximos do centro e especializados nos voos domésticos e pontes aéreas. Deste modo deve ser mantido o Salgado Filho para tais fins e implantado o outro moderníssimo em algum ponto da região metropolitana com vias rodoviárias rápidas e se possível linha de trem de ligação. Quanto a Curitiba, o Afonso Pena é bem distante do centro, sua via de ligação é péssima e congestionada, e o outro aeroporto na cidade, o Bacacheri, não passa de um aeródromo medíocre ao extremo. Porto Alegre tem muito mais potencial e vantagens, basta ter visão. Por favor vamos acompanhar as maiores e mais dinâmicas cidades brasileiras, nada de se comparar com a coleguinha do Sul.

    • Maurício, apesar de eu querer que o Salgado Filho continue, e que se construa outro aeroporto onde quer que seja, eu acho que não comportamos mesmo dois aeroportos grandes aqui. Veja, SP e RJ são duas metrópoles de nível mundial, e precisam ter dois aeroportos grandes. Belo Horizonte tem a Pampulha, que tem capacidade inexpressiva perto do Salgado Filho. Ninguém pensaria em ampliar Pampulha pra movimentar 8 milhões ao ano e ampliar Confins também. Curitiba nem conta, o Bacacheri não tem voo comercial. Por isso acho que um aeroporto mataria o outro em Porto Alegre. É economicamente inviável. Que se aplique tudo que for preciso no Salgado Filho, ou a outra solução seria, infelizmente, desativá-lo em detrimento de outro maior.

    • Isto está cheirando a inveja Marcosledur, estava congestionada, neste momento estão fazendo várias intervenções devido a copa, inclusive um novo cartão postal da cidade um grande viaduto estaiado, vão tirar as torres do canteiro central e farão duas pistas em cada sentido, serão 5 vias em um sentido e 5 na outra, referente ao Bacacheri, ela é do SINDACTA II, é um aeroporto militar, não tem voos regulares, o Afonso Penna, fica a 18 km do centro de Curitiba em outro município, São José dos Pinhais
      Curitiba não conta? é a quinta cidade mais rica do Brasil, e o Pib é bem maior que a de Porto Alegre, é só pesquisar, fora que é uma cidade linda com povo bonito, só um pouco frio, mas isto é outro assunto, e claro, tem muito gaúcho morando lá a trabalho e ou por simplesmente escolheu morar lá.

  4. O problema do SF não é terminal de passageiros pois este dá pra ampliar em 100%.

    O grande problema que se revelou com o projeto do exército de ampliação da pista é que há um hipermercado no fianal da pista, exigindo que se faça a pista em rampa, elevando-se em 10m na nova cabeceira. Outra alternativa seria remover o hiper do local e isto custa muito caro. Obviamente que a pista curta só é entrave para cargas.

    Outra limitação é a construção de uma segunda pista – sem possibilidades!

    Mas o fato é que deveriam ter pensado isto antes de se fazer o terminal 1.

    Eu optaria por construir outro. O dinheiro seria federal ou privado. De qualquer forma seria investimento no RS. Se economizarmos aqui, o dindim vai para outro estado.

  5. Para tudo! Como é que Curitiba será um hub se Curitiba fica sob neblina praticamente o dia inteiro no inverno?

    • Bem lembrado ! Mas o sistema ILS III ajudaria muito.

    • Além disso a pista do Aeroporto Afonso Pena é 75m menor que a do Salgado filho.

    • Está aqui a prova:

      “Foi em 1944, quando a 2.ª Guerra já caminhava par o seu final, que o Exército dos Estados Unidos, em colaboração com o Ministério da Guerra do Brasil, construiu o aeródromo militar na Colônia Afonso Pena no município de São José dos Pinhais. Acreditando-se que o conflito mundial poderia se estender por mais tempo, o local foi escolhido por ser estratégico como base aérea para combater no Atlântico Sul a presença de submarinos e embarcações bélicas do Eixo.”

      “Segundo comentários surgidos na época da instalação daquele campo de aviação, os engenheiros militares americanos escolheram estrategicamente o local exatamente por ficar boa parte do ano, principalmente à noite, encoberto por espessa névoa, o que ajudaria a camuflagem contra qualquer ataque que porventura chegasse a sofrer. Militarmente perfeito na época, hoje, comercialmente, um problema.”

      http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?tl=1&id=1138666&tit=Nevoa-na-Copa-de-Curitiba

    • Porto Alegre possui mais horas sob neblina que Curitiba. E, mesmo assim, o sistema anti-neblina deles é mais eficiente e avançado.

      • O que tem que ser levado em conta, e que está no texto, é que existe um plano de longo prazo para o Afonso pena ser um hub do cone sul. Não é pra agora. Então, com certeza, eles planejarão o aumento da pista, a instalação do ILS III, e por aí vai. Não é pra já… O Salgado Filho não pode parar no tempo mesmo.

      • Gilberto.
        .
        Para o cone sul?
        .
        Não tem muito sentido, as cargas terem que viajar mais 760 km, ter que subir 940 m só pelos lindos olhos dos paranaenses, não faz o mínimo sentido.
        .
        Estou achando isto um balão de ensaio, o que acontece com Curitiba é se o Salgado Filho for modernizado eles só ficam com o transporte das redondezas, pois mais ao sul o lógico é o Salgado Filho e mais ao norte são os aeroportos de São Paulo. A tendência, caso o Salgado Filho decolar é deles ficarem só com o tráfego do Paraná.

    • É isto mesmo, é o aeroporto que mais fecha devido a nevoas

Faça seu comentário aqui: