Protesto contra aumento da passagem mobiliza centenas de pessoas em Porto Alegre

 

Foto: Naian Meneghetti

Foto: Ramiro Furquim – Sul 21

Centenas de pessoas percorreram o Centro de Porto Alegre nesta segunda-feira (21) para protestar contra o aumento da passagem do transporte público municipal. Atualmente, a tarifa de ônibus é R$ 2,85 e a de lotação, R$ 4,25.

Oficialmente, ainda não há nenhum movimento das empresas que detêm as concessões do transporte público no sentido de elevar o valor da passagem. Mas, tradicionalmente, o reajuste costuma ocorrer até o final de fevereiro de cada ano. Entre os manifestantes, se comentava que o valor reivindicado pelas empresas seria de R$ 3,15.

Unificados em torno do Bloco de Luta em Defesa do Transporte Público, os manifestantes começaram a se concentrar no Largo Glênio Peres por volta das 17h30. Aos poucos, a multidão foi engrossando com a chegada de militantes do PSOL, do PSTU e da Juventude do PT, além de um grande número de anarquistas, que portavam bandeiras pretas e vermelhas – tradicional presença nos atos contra o aumento da passagem em Porto Alegre.

Militantes de outros coletivos e grupos também aderiram à marcha, como os integrantes do Movimento Revolucionário e do Utopia e Luta. Sindicalistas e dirigentes de centros acadêmicos de escolas e faculdades também se fizeram presentes. Outra parte significativa do protesto foi composta por pessoas sem identificação partidária e que não estão ligadas a nenhum coletivo.

Às 18h30, o grupo iniciou a caminhada, se deslocando pela avenida Borges de Medeiros em direção à avenida Júlio de Castilhos, passando, em seguida, pela praça Parobé – ponto de partida de muitos ônibus que finalizam e iniciam seus trajetos pelo Centro.

Durante todo o ato, que se encerrou em uma concentração em frente à prefeitura, os manifestantes entoaram diversos gritos de protesto, como “Mãos ao alto! Esse aumento é um assalto!” e “Pra trabalhar! Pra estudar! Mais um aumento eu não vou pagar”. Algumas frases atacavam diretamente o prefeito José Fortunati (PDT), como “Estudo! Trabalho! Dou duro o dia inteiro! Fortunati anda de carro e ainda rouba o meu dinheiro!”

Os manifestantes também apoiaram as reivindicações dos trabalhadores rodoviários, que pedem um aumento de 30% às empresas de ônibus, além da redução da jornada de trabalho de 7h10min para 6h. Ao passar por diversos ônibus que estavam estacionados recolhendo passageiros, os integrantes do protesto cantaram: “Ô motorista! Ô cobrador! Me diz aí se o teu salário aumentou!”. A resposta veio na forma de risadas e sinais negativos feitos pelos trabalhadores.

Além dos bordões, dezenas de cartazes e faixas informavam o motivo do protesto. Muitas delas ironizavam: “Fortunati, carrega meu TRI”, “Como vou procurar emprego, se não consigo pagar a passagem?” e “Fui roubado! Andei de ônibus”. Um cartaz informava todos os aumentos ocorridos desde 2001, quando a passagem custava R$ 0,95.

De acordo com um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), a tarifa de ônibus em Porto Alegre subiu 670% entre 1994 e 2012. No mesmo período, a inflação aumentou 310%. O último reajuste ocorreu no final de janeiro do ano passado, quando o prefeito José Fortunati sancionou um aumento de 5,56%, elevando a tarifa de R$ 2,70 para R$ 2,85.

Ministério Público de Contas questiona critérios adotados para reajuste

No final do ano passado, o Ministério Público de Contas (MPC) questionou os critérios adotados para reajustar o preço das passagens. Baseado numa inspeção especial realizada nas contas da EPTC em 2011, o órgão pede que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) cobre esclarecimentos da prefeitura sobre o tema.

De acordo com o MPC, o relatório da inspeção constatou irregularidades nos cálculos que fixam o valor das passagens. A principal delas diz respeito ao cálculo do Percurso Médio Mensal (PMM), que, nos moldes elaborados pela prefeitura, considera a frota total dos ônibus.

O MPC questiona esse critério, por entender que não se pode incluir os ônibus reservas – que não estão em circulação – para compor o quadro tarifário. O relatório da inspeção feita pelo TCE constata que “acaba por se diminuir artificialmente a produtividade do sistema, uma vez que pressupõe a rodagem simultânea dos veículos reservas e operantes”.

A auditoria aponta que “ao se corrigir no cálculo tarifário do PMM, substituindo-se a frota total pela frota operante, (…) a tarifa técnica decai de R$ 2,88 para R$ 2,60”, acrescentando que “essa correção metodológica impacta na redução de 12,06% no custo fixo por quilômetro e 9,72% no custo total por quilômetro”.

Baseado nesse relatório, o TCE solicitou informações à EPTC. O pedido foi encaminhado no dia 28 de dezembro de 2012 e respondido pela prefeitura no dia 7 de janeiro deste ano. O processo ainda está tramitando no Tribunal de Contas.

Texto: Samir Oliveira – Sul 21

Fotos: Ramiro Furquim – Sul 21



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43 respostas

  1. Sempre desde que me conheço por gente, estudantes buscam motivos para protestar.
    Será que os cabeças dos protestos também estão comprados pela imprensa, se não estão dou um bom bode expiatório para protestar, os bancos, principal mentes aqueles que vão contra as leis e a constituição, o governo não fás nada e a imprensa é conivente e está visivelmente comprada por fazer propaganda enganosa destas empresas. PASSE ADIANTE ESTA IDEIA.

  2. Sempre desde que me conheço por gente, estudantes buscam motivos para protestar.
    Será que os cabeças dos protestos também estão comprados pela imprensa, se não estão dou um bom bode espiatório para protestar, os bancos, principal mentes aqueles que vão contra as leis e a constituição, o governo não fás nada e a imprensa é conivente e está visivelmente comprada por fazer propaganda enganosa destas empresas. PASSE ADIANTE ESTA IDEIA.

  3. Quem é o dono da Carris, alguém sabe?

  4. Ufa, quando vi esse protesto, achei que fosse algo inutil, mas pensei, antes de reclamar, melhor descobrir o motivo do mesmo.

    Ainda bem que não reclaei, como eu tava passando mal na hora, nem deu pra ver do que se tratava.
    Agora sei..
    haha

    Minha opinião sobre onibus x carros, bom, vocês ja sabem, e se esse aumento aconetcer, vai continuar na mesma… (se bem que a gasolina vai aumentar)

  5. Tudo neste país que é público é escondido.
    Deveríamos reivindicar a publicação das planilhas de cálculo das passagens, a Prefeitura se diz transparente, mas quando é para mostrar a origem do preço das passagens não vejo nada.
    .
    Estamos num limbo de cultura política, nos países mais avançados qualquer coisa que diz respeito ao público é colocado a disposição de cada contribuinte, isto é que é transparência, se confunde transparência é publicar o salário dos funcionários públicos (sem saber qual a formação de cada um e nem o que fazem).
    .
    Qualquer conservador norte-americano exige a publicação de qualquer coisa que foi paga com seu dinheiro e que lhe compete, aqui tudo é escondido para não mostrar a incompetência de muitos.

  6. A solução para o alto preço das passagens de ônibus é fácil: livre entrada de empresas no setor de transporte coletivo.

    • Isso sim seria o ideal. Basta estabelecer os critérios de qualidade e ter fiscalização.

      • Até entendo o raciocínio, mas diversas empresas fazendo a mesma linha com reços diferentes? Poderiam abrir linhas livremente? Teriam slots de tempo para cada uma? Qualquer uma passa em qualquer horário? Todas usariam o tri? Me parece confuso.

  7. Todo ano tem protesto e sempre aumentam a passagem igual. Aposto que vai subir.

    Daqui a pouco vou me recusar a andar de ônibus. Já faço isso se a caminhada equivalente é de no máximo uns 30 minutos.

  8. Sobre as isenções, mencionadas acima, eu acho que idealmente o transporte público devia ser gratuito a todos. Mas enquanto não dá, os governos poderiam ajudar a puxar o preço para baixo reduzindo a carga tributária. Por exemplo, eliminando impostos do combustível (nível federal), ISSQN (imagino que paguam, nível municipal) e exigindo redução de tarifa na mesma proporção e imediatamente.

    • Se transporte público fosse 100% subsidiado, ele funcionaria tão bem quanto a saúde pública e a segurança pública. Isto é, o transporte público atual seria luxo comparado com esse transporte público “gratuito”.

      • Ah, sim, o transporte privado que temos está funcionando muito bem. De qualquer forma, não propus apenas a opção de 100% subsidiado.

    • Eu não concordo com o transporte público gratuito, pois se fosse assim seria como o lixo, que é uma máfia super violenta. Outro problema do transporte gratuito é que não perceberíamos o aumento, a prefeitura iria repassar uma quantidade de dinheiro e nem saberíamos quanto dá por pessoa.

      • Entendo teu ponto, mas:
        1- Hoje sabemos quanto é o aumento e faz pouca diferença
        2- Depende de como seria o pagamento. Não precisa vir direto do caixa único. Poderia, por exemplo, vir de uma taxa sobre a folha de pagamento, em substituição ao VT obrigatório que já exist ehoje.

        De qualquer maneira, como eu disse, considero isso um ideal. Dá para buscarmos meio-termos.

    • Não dá pra fazer transporte gratuito não,imagina a quantidade de maloqueiros dentro dos ônibus.Deus me livre!

      • Claro, afinal lugar de pobre sujo é socado em um bairro bem longe do centro né?

      • Exemplo o dia de passe livre, imagina como seriam os onibus no dia a dia se fosse gratuito pra todos, resultaria num caos, pois com certeza aumentaria até o numero de veiculos no transito. Tem é que reduzir a gratuidade, mas como isso é impossivel, vai se levando

        • Lota em dia de passe livre por que é um dia a cada vários no qual pessoas que simplesmente não tem acesso a cidade passam a ter. Se o direito fosse todos os dias, acredito que o movimento iria ser diluído.

      • Eliminando aquele lixo do “passe livre” já arrecadariam para vetar esse aumento.

      • verdade. ônibus é só pra não maloqueiro.

    • Também sou totalmente a favor de transporte público gratuito. Tem um pessoal de fundamento defendendo essa idéia: é só googlar Tarifa Zero. O efeito distributivo dessa política pública é enorme. Quanto à eficiência do serviço, existe uma falácia de que se for público é ineficiente por definição. Pode ser público e eficiente e pode ser privado e ineficiente. E será mais eficiente se o povo cobrar e protestar, como o pessoal da foto acima e os debates que rolam por aqui.

  9. Muito legal a iniciativa, tomara que seja o primeiro de muitos.

  10. Isso sim é protesto… nada daquela baboseira de criticar a reforma com ajuda privada de lugares abandonados pela prefeitura…

    • A passagem aumentar praticamente R$ 2,00 em dez anos é um absurdo, um tapa na cara do usuário!
      Mais vergonhoso ainda é saber que os reajustes foram quase o dobro da inflação!
      Engraçado é que não se fala em nova licitação, que, segundo a EPTC, está em estudo…

  11. Engraçado, por que a querida DILMA não intervém no reajuste das passagens aqui tbém como fez no Rio e em São Paulo? Qual o motivo da discriminação? Alias, esse Ministério Público não sei a que vem, na boa, as vezes acho que é pra propaganda própria, pra dizer que existe, pois eu duvido que ele consiga vetar o aumento de passagens, to pagando pra ver isso ocorrer. R$3,15 a passagem??? Gozação né?

  12. Prevejo cenário de guerra na Praça Montevidéu e a mídia prostituída condenando os “vândalos” …

    • Prevejo pessoas montadas em cima de marquises, opa já estão. Sou contra o aumento mas protestar avacalhando o patrimônio público é ridículo, mostra o desespero por ser visto.

  13. R$ 3,15 seria um total absurdo, considerando as condições da frota e a qualidade do serviço prestado. E R$ 2,85 já está caro, se formos pesar os fatores já mencionados.

    Agora, não vi esse pessoal aí reclamar do excesso de isenções, situação que sabidamente pesa, e muito, no valor da passagem dos “pagantes”…..

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