Paris devolverá a orla do Sena aos pedestres

sena-parisA percepção sobre o automóvel tem mudado drasticamente no mundo, se distanciando cada vez mais da veneração que se fazia dele nos anos 60. Nesta corrente se encontra a decisão tomada por Paris de devolver a orla do rio Sena ao pedestres e ciclistas.

Em 1967 George Pompidou inaugurou um caminho de veículos junto ao rio mais emblemático da França sob o lema “Paris tem que se adaptar ao automóvel”, que foi visto como um grande avanço pois esta via rápida permitia se deslocar em pouco tempo de leste a oeste da cidade.

A partir do próximo mês, um projeto de inicialmente 1km chamará a atenção para essa mesma via e dará lugar a passeios de pedestres, ciclovias, bares e cafés. Após esta primeira etapa, em abril do próximo ano será iniciada o estágio que conclui os 2,5 km livres de automóveis entre o Museu d’Orsay e a Pont de l’Alma, que conta com um parque, passeios de pedestres, jardins botânicos flutuantes, mercados de flores nas barcas, quadras esportivas, restaurantes e, talvez, um arquipélago de ilhas artificiais.

Esta é outra iniciativa do prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, para devolver a cidade aos pedestres e ciclistas, que pretende ser lembrado como o homem que acabou com a veneração ao automóvel. Além deste projeto, existem outros impulsionados por ele, como a ampliação da rede de ciclovias e o plano a curto prazo de aluguel de bicicletas e automóveis públicos.

A idéia de limitar os automóveis nas orlas do Sena já havia iniciado, de alguma forma, com o projeto Paris Plages, cada ano uma “praia urbana” ao longo do Sena, que consiste em fechar, durante um mês do verão, a rua para transformá-la em uma praia artificial.

Apesar do projeto de devolver a orla do Sena aos pedestres já ter sido aceita e começar no próximo mês, muitos obstáculos apareceram no caminho, sobretudo entre os opositores que afirmam que isto fará como que a quantidade de lixo aumente consideravelmente. Contudo, a estratégia de liberar a orla para os pedestres já é aplaudida por muitos outros.

ArchDaily Brasil

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Enquanto isso, em Porto Alegre, continua tudo igual … e nada se faz pra devolver a orla à população …



Categorias:Arquitetura | Urbanismo, ORLA

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37 respostas

  1. Comentário de um funcionário da EPTC ao ver carros estacionados dentro da praça próxima de minha casa: “Não tem vaga na rua.” Sem mais.

  2. Fácil fazer o que Paris está fazendo quando se tem quilometros e mais quilometros de linhas de metrô já construídas….

  3. O Brasil sempre esteve um meio século atrasado em relação ao 1º mundo, e ao que parece vai continuar assim.
    Desde a revolução industrial, e todos avanços que ocorreram na sociedade.
    Quando nos EUA e na Europa se construíam grandes autoestradas e estruturas para veículos o que se fazia por aqui?
    Agora que se desenvolve um conceito de interação das pessoas com o meio urbano, aqui, O PAÍS DO FUTURO, começa a fazer o que já existe a 50 anos no resto do mundo.
    Por essas e por outras, que Brasil será sempre Brasil…

    • Então, seria mais correto chamar o Brasil de O PAÍS DO PASSADO, pois sempre está atrás dos demais países.

    • Bem como diz a música dos Engenheiros da Hawaii, estamos longe de mais das capitais… as coisas demoram muito para acontecer aqui. Até a capital financeira do país centrado no carro está se rendendo!

  4. E Porto Alegre no caminho contrário, duplicando uma avenida em plena orla do Guaíba e construindo 7 novos viadutos. Tudo pra daqui a uma década repensar tudo e colocar tudo abaixo. Só quem ganha são os empreiteiros amigos do Fortunati.

  5. Já nossa a nossa estimada POA entregou a nossa orla para os maconheiros e os mendigos. Isso sem falar no Belvedere do Morro Santa Teresa, cujo mirante foi entregue aos traficantes e assaltantes. Os grandes diferenciais naturais de POA, o que justamente a diferencia de outras metrópoles mais comuns, estão jogados às traças, privando a população de usufruí-los. A gente sempre tinha esperança de que até a COPA as coisas se resolveriam. “Ah, daqui até a copa tem 4 anos, até lá as coisas se resolvem”. “Ainda temos três anos, dá tempo”. “Faltam dois anos, conseguiremos”. Estamos em fevereiro, falta pouco mais de um ano apenas agora. As coisas não mudam do dia para noite. Minha opinião: perdemos a grande chance da transformação do pós-copa. Algo que não volta e que é uma perda impensável e inconcebível em qualquer outro lugar do mundo essa perda. Voltem às demais cidades-sedes da Copa depois de 2014 e verão que, algumas mais e outras menos, mas todas terão sofrido alguma modificação significativa para melhor. Isso para ficaremos em nível de Brasil, pois outras copas transformaram radicalmente cidades que já eram excelentes antes de sediarem uma copa. Fica a pergunta: ainda resta tempo para fazermos algo? Qual será o nosso legado da Copa? Terá valido gastar tanto para trazer uma Copa por nada? De quem é a culpa pela ausência de iniciativas? Porque preferimos nada fazer a se unir à iniciativa privada em alguma parceria em prol da cidade e da população? A orla e o belvedere vão continuar entregue aos bandidos e desocupados? porque não darmos um termo de posse a eles, já que de fato a área já é da bandidagem. Demos então a titularidade a eles e esqueçamos definitivamente que POA tem orla e tem um belo mirante natural. #POAsendoCADAvezMAISsãoPAULOeMENOSpoa

    • “A gente sempre tinha esperança de que até a COPA as coisas se resolveriam”…

      Pior que é verdade… Lembro quando festejamos aqui no blog a escolha do Brasil e Porto Alegre para a Copa de 2014.

      É no ano que vem… e pouco mudou. Para mim, não adianta fazerem mais e mais ruas, viadutos, etc. Quero mesmo uma cidade mais humana, mais limpa, mais bonita…

      • Escreva aí. O que teremos na COPA será: Mesmíssima orla, apenas com a vegetação aparada e os meios-fios pintados. Talvez alguns bancos de praça (de qualidade duvidosa) espalhados em alguns pontos dela. E mirante do morro santa teresa terá o seu calçamento substituído por lage grês e terá o meio-fio pintado também. Mais uma vez alguns banquinhos de praça e aqui também uma guarita de plástico com um guarda municipal com um cacetete para dar segurança aos frequentadores. É a minha aposta. Anote aí. Em 2014 voltamos aqui e lemos o que escrevi agora.

  6. Pessoalmente, sou contra essa radicalização de querer acabar com o automovel, retirando as vias para ele. Para os governantes, tudo bem acabar com as ruas e avenidas para os automóveis e abandoná-los, afinal, eles não dependem do transporte público, utilizam-se de helicópteros.

    Porém, esquecem que existem taxistas, ambulâncias, viaturas, caminhões de bombeiros, que precisam utilizar as vias para servir ao cidadão. Fora os carros de passeio, afinal, é uma maravilha ir para um churrasco ou passar o natal com a família levando o peru, o assado, a sobremesa no onibus. Viajar para algumas cidades interioranas dependendo de onibus (sendo que para algumas cidades os veículos estão caindo aos pedaços), tendo que pegar mais um onibus da rodoviária até em casa com bagagem, e mais 3 crianças…

    Eu ja disse, e continuo defendendo o meu ponto de vista. A mobilidade das cidades devem ser feitas para todos, para o pedestre, a bicicleta, o carro, o transporte coletivo. Sem dificultar a vida de nenhum deles.

    • Acontece que criando mais infra para carros, só vamos botar mais carros nas ruas.

      Para melhorar a mobilidade do eixo centro-zona sul devíamos estar fazendo um VLT, aeromóvel, metro, qualquer coisa. Menos uma estrada com direito a viaduto, para garantir velocidade alta. Se tu investe nesta auto estrada tu estás deixando de investir nestes outros meios.

    • Esse pessoal que fica andando de carro desnecessariamente, ficando de mimimi com o preço da gasolina, com o pessoal da bicicleta ou com quem critica o transporte público “esquecem que existem taxistas, ambulâncias, viaturas, caminhões de bombeiros, que precisam utilizar as vias para servir ao cidadão”,

    • Guilherme, vc não entendeu o pessoal.
      Ninguém quer acabar com o automóvel!
      Que coisa… não se pode sugerir nada e já acham que é radicalismo.
      A questão é tirar a prioridade do automóvel, e dar maior importância ao transporte coletivo.
      Já imaginou o dia que todos tiverem um carro e o utilizarem para ir ao trabalho, escola, faculdade? Quanto de espaço será preciso para deslocamento desses carros? Vias de 10 faixas? Vários túneis e viadutos? As cidades se tornariam cidades de asfalto!
      Não é melhor investir em transporte coletivo EFICIENTE e de QUALIDADE para que todos dividam melhor o espaço?
      Carro de passeio, como o próprio nome diz, deveria ser utilizado para lazer.
      Claro que há necessidade de carros para realizar certo trabalhos, mas hoje em dia o povo vai de carro ao supermercado para comprar um pão. Desnecessário, não acha?

      • Ao meu ver, todas as modalidades de transporte devem ser desenvolvidas e nenhuma delas ficarem paradas. É hilário algumas pessoas pregarem que os automóveis não tem que ter mais espaço que já tem. As cidades, as grandes cidades tem que continuar crescendo, em todos os modais. Não se deve parar no tempo. Temos que desenvolver o transporte público ? O sistema de ônibus ? Claro que sim. Mas a cidade não pode parar no tempo também. Não sou contra os viadutos que agora se constroem na cidade, desde que se invista significativamente em outros meios de transporte, o que não está acontecendo. Este é o problema. 9 Km de ciclovias até agora não é nada. Uma linha de aeromóvel de 1 Km não é nada. Tem que desenvolver TODA a cidade. Não podemos nos dar ao luxo de parar em algum segmento. E temos que continuar a desenvolver caminhos para os automóveis também. Esta é minha opinião.

      • “As cidades, as grandes cidades tem que continuar crescendo, em todos os modais.” – A cada R$ 1 investido em transporte público, governo dá R$ 12 em incentivo para carro e moto. Não é o suficiente?

        “Não se deve parar no tempo.” – Isso não explica nada…

        “Mas a cidade não pode parar no tempo também” – Também não diz nada…

        “Tem que desenvolver TODA a cidade.” ?

        “Não podemos nos dar ao luxo de parar em algum segmento.” – A cada R$ 1 investido em transporte público, governo dá R$ 12 em incentivo para carro e moto. Não é o suficiente?

        “E temos que continuar a desenvolver caminhos para os automóveis também.” – Investir mais de 12 reais para cada real em transporte público?

        Respeito tua opinião, mas assim como está, nunca haverá dinheiro suficiente…

      • Não precisa imaginar quanto espaço precisa para tanto carro, Rafael. Não tenho a fonte aqui, mas já saiu uma pesquisa que em São Paulo em torno de 30% da área construída da cidade é garagem.

        Daí tu imagina, se reserva 30% da área para deixar carros parados, enquanto o trânsito está cada vez mais desumano e os apartamentos cada vez menores (afinal a área é cara e 30% vai para estacionamentos).

        Honestamente para mim isso não é urbanismo eficiente.

  7. Ainda não me conformei com o “asfaltamento” que passará dentro no Parque Marinha. A tendência deveria ser a expansão das áreas verdes para as pessoas, e não das cinzas para os carros.

    • Mas foi só uma parte do Marinha que perdeu lugar para o asfalto… o resto da duplicação está sendo realizada em estrada de chão já existente.

      • sendo que era o projeto original do parque…

      • Na realidae o projeto original do parque era virar um bairro de classe alta, mas e daí? 😀

        Pior do que tirar área do parque é que ainda separaram um trecho em dois… por exemplo, o velódromo vai ficar entre as duas pistas. Achei tosco.

  8. Sim, continua tudo igual. Valoriza-se cada vez mais o automóvel…

    E segue a construção daquela aberração de viaduto em frente a rodoviária. Claro que há necessidade de melhor fluxo para quem sai da cidade de carro, mas precisava ser um viaduto? Se há túneis para pedestres, por que não pode haver túneis para carros? A desculpa de que fica abaixo do nivel do rio é ridícula (se fosse assim, vários túneis do mundo não teriam sido construídos).

    Cada vez mais POA se parece com a antiga Boston/EUA… cheia de viadutos horríveis deixando um ar de cidade decadente. Depois, quanto mais viadutos existirem, mais caro será para mudar a realidade.
    Ver: https://portoimagem.wordpress.com/2012/08/27/viadutos-serao-sempre-a-solucao-por-ian-simon/

  9. Nossa como são atrasados /ironic

    Nunca tinha ouvido falar em jardins botânicos flutuantes. Se for algo como aguapés pode inclusive funcionar para purificação da água.

  10. Cidades que buscam qualidade de vida expandem espaços de lazer. Mas POA resiste: na orla queremos mato, rodovias e estacionamentos!

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