Para o consultor econômico da Federasul, André Azevedo, o Rio Grande do Sul enfrentará grandes desafios nos próximos anos ainda que conviva com a alta dos preços agrícolas
Por André Azevedo*
O Rio Grande do Sul enfrentará grandes desafios nos próximos anos. O Estado se notabilizou pelos seus bons indicadores de qualidade de vida, com trabalhadores qualificados e empresários empreendedores. No entanto, apesar dos esforços dos últimos governos, observam-se sinais de retrocesso. O Estado que já teve o segundo maior PIB do Brasil tem perdido posições.
De acordo com o relatório de Contas Nacionais divulgado pelo IBGE no final de novembro, o Rio Grande do Sul apresentou o menor crescimento econômico entre todos os Estados brasileiros, entre 2002 e 2010. Nesse período, o PIB gaúcho cresceu a uma média de 2,8% ao ano, enquanto o país crescia a 4% ao ano. Como consequência, a participação do Estado na economia brasileira, que era de 7,3% em 2003, declinou para 6,7%, em 2010. Tivemos um crescimento acima da média nacional em 2011, mas cresceremos menos do que o país em 2012, mantendo o Estado no ritmo da última década. A situação é ainda mais preocupante porque o Brasil tem crescido bem abaixo dos principais países emergentes do mundo.
Definitivamente, temos de virar essa página. Há o desafio de estimular a retomada do crescimento econômico para que o Estado volte a atuar como uma locomotiva, e não como o último vagão no desenvolvimento do país. A tarefa não será fácil. Em 2013, os preços das commodities não deverão manter a trajetória de elevação observada nos últimos anos. E aqui se encontra uma grande preocupação: se o Estado teve um desempenho fraco em um período de forte expansão da economia mundial e com os preços de seus principais produtos de exportação em alta, o que ocorrerá em um período de fraco desempenho da economia global e de preços de exportações estáveis (ou em queda)? O que pode atenuar um pouco esse cenário é a tendência de manutenção do dólar acima da cotação de R$ 2, já expressa pela equipe econômica do governo federal.
O fraco desempenho da economia gaúcha se deve, em parte, ao comportamento do clima e do câmbio. Mas é também o resultado de sua estrutura produtiva, mais voltada ao setor primário e às exportações. As fortes estiagens e a valorização do câmbio, entre 2003 e 2010, contribuíram para inibir o crescimento econômico do Rio Grande do Sul. Sobre essas variáveis, o Estado nada pode fazer. No entanto, há obstáculos de natureza estrutural que dependem, sim, da ação do Estado. Entre eles, a infraestrutura precária, que faz o custo logístico dos gaúchos ser um dos mais altos do Brasil. Esse atraso se deve, em boa parte, à escassez de investimentos públicos na área. Desde 2004, o Rio Grande do Sul investe menos do que 5% da sua receita corrente líquida, muito abaixo dos demais Estados da região sul e sudeste, com os quais disputa – e, geralmente, perde – investimentos privados. O Rio Grande do Sul precisa de soluções imediatas que recuperem a qualidade da infraestrutura e da educação. Soluções que sejam implementadas já em 2013.
No período em que o PIB gaúcho vem crescendo abaixo da média nacional, todos os partidos políticos relevantes estiveram no Palácio Piratini. Não se pode, assim, atribuir a nenhum deles, em particular, a responsabilidade por esse quadro. Mas se pode, isso sim, responsabilizar a todos por terem implementado no Rio Grande do Sul um jeito de fazer política que, ao invés de privilegiar o debate, pratica o conflito com o objetivo de destruir o adversário. É esta a razão que tem penalizado a sociedade com a ausência de soluções estruturais de que o Estado precisa. Nossos políticos têm de saber que não vivemos mais na era do conflito, mas na era da construção dos consensos. É esse o novo ciclo que precisamos consolidar.
*Consultor econômico da Federasul e professor do programa de pós-graduação em Economia da Unisinos
Revista Amanhã
Categorias:Economia, Economia Estadual
Como um economista ou administrador, o articulista centraliza-se na questão tributária e na existência pura e simples de capital para investir. O Pablo, mais acima, levanta uma preocupação mais pertinente que a do próprio articulista, a qualidade dos investimentos.
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Tomando por exemplo o assunto desenvolvido no artigo “Medidas mitigatórias da prefeitura cortam Taurus ao meio em Porto Alegre”, temos um exemplo claríssimo da ineficiência de investimentos públicos. Neste caso, dentro da ótica do articulista no caso de Porto Alegre a prefeitura estará fazendo um investimento em infraestrutura, o prolongamento de uma rua. Se olharmos em termos de eficiência deste investimento, veremos que ele pode ser até qualificado como um desenvestimento!
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Vamos desenvolver um pouco mais o assunto, e para isto vamos voltar ao passado.
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1945, dois países perdem uma guerra, Alemanha e Japão, estes países veem suas indústrias, sua infraestrutura e grande parte de sua população jovem completamente eliminados. 40 anos após estes mesmos países recuperaram seu status na economia internacional, inclusive ultrapassando alguns países que saíram vitoriosos como a França e Inglaterra. Qual a razão deste renascimento das cinzas destes países?
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Se perguntarmos aos historiadores, economistas e administradores sobre estas razões a maior parte dirá que foi pela existência de mão de obra qualificada, tecnologia e principalmente pelos empréstimos realizados pelo Plano Marshall para soerguimento das suas indústrias. ERRADO, se olharmos pela parte do capital e da mão de obra, veremos que os países que mais receberam investimentos deste plano, foram exatamente a INGLATERRA (3.297 bilhões de dólares – moeda da época) e a FRANÇA (2,296), e não ALEMANHA (1,448) e JAPÃO (0), tendo que tanto a Inglaterra como a França perdido grande parte da importância econômica em relação ao período antes das guerras (1ª e 2ª).
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Agora o que diferenciou Alemanha e Japão dos demais, o planejamento dos investimentos e a centralização dos recursos em setores e em cadeias produtivas em que tinham ou assumiram, vantagens competitivas! A Alemanha, por exemplo, centralizou seus esforços na indústria química e na metalurgia, já o Japão, que não recebeu os recursos do Plano Marshall desenvolveu-se de forma mais tardia, concentrando-se na indústria de semi-condutores (transistores).
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Quando vejo um artigo o do nosso economista, fico um pouco assustado, pois a qualidade do investimento não é levado em conta, parece que qualquer investimento, dentro de uma lógica Keynesiana é bem visto e proveitoso, entretanto se fosse assim países destroçados, como foi o Iraque, não estariam cada dia mais pobres.
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A qualidade do investimento, reforçando o que já se tem de competitivo, achando novos nichos de mercado onde se pode tornar competitivos é a chave para um caminho para quem tem poucos recursos. Há aproximadamente um ano, o governo Tarso Genro, lançou um plano de investimentos para o estado, neste plano de investimento destacou os setores prioritários, e para meu espanto citou como setores prioritários TODOS os setores que haviam no estado na época. Esta medida, além de demagógica, é totalmente ineficiente, pois como não há dinheiro suficiente, se pulveriza os investimentos e não se consegue incentivar nada.
Sobre a Alemanha e o Japão, você pode me dizer se é correto ou não, me contaram como a indústria e a infra-estrutura foi totalmente destruída eles puderam fazer do zero, com pouco recursos e principalmente abandonando “velhos conceitos de desenvolvimento”. Vamos supor que em PoA fosse destruída a infraestrutura, o que faríamos? Corredores de ônibus para ser recapados a cada 5 anos onde circularão ônibus gastadores de combustível e pneus ou bondes que durariam anos com manutenção mínima?
Pablo.
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Quanto a infra-estrutura estás coberto de razão, tanto a Alemanha como o Japão tiveram não só a infraestrutura totalmente destruída, como a estrutura residencial e comercial, Aliado a isto tiveram grandes contingentes de pesquisadores, professores, técnicos industriais de altíssimo nível totalmente drenados para outros países, principalmente Estado Unidos, foram exatamente países arrasados, com uma toda geração de jovens mortos ou incapacitados.
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Agora em analogia com nosso país, estamos construindo um país novo, com muito menos recursos que dispunham estes países no fim da guerra. Entretanto não nos mobilizamos para gerir a penúria de recursos, os paradigmas que utilizamos são os mesmos de países já em economia quase prós-industrial e não reinvestimos em produção o que ganhamos.
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Há mais dez anos houve uma comparação entre os automóveis que industriais alemães e brasileiros possuíam, na época em que foi feita esta comparação verificou-se que industriais brasileiros investiam mais em seu conforto pessoal do que nas suas empresas, exatamente ao contrário do que ocorria na Alemanha. Provavelmente hoje em dia não é mais assim, porém eles já estão em outro nível de necessidade de poupança e de investimento.
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Algo que não falei na minha intervenção, e talvez tivesse que falar, é do investimento pessoal que os membros da FIERGS e outras federações fazem em seus próprios negócios, inclusive jamais vi um trabalho acadêmico com este tipo de comparação. O chamado setor produtivo reclama muito do investimento público, e com razão, mas esquecem que conforme o porte das empresas, a retirada de lucros e mordomias é significativo no balanço destas, inclusive no aporte e desenvolvimento de novas tecnologias.
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Cada BMW, Mercedes e outros brinquedinhos (que diga-se de passagem, gostaria de ter um) significa a exportação de capitais para o exterior e a consequente perda de investimentos no mercado externo. Agimos aqui no Rio Grande do Sul ainda como o fazendeiro do início do século XX, a cada venda de safra viajavam para a Europa para se deliciar dos confortos daquele continente. Excetuando alguns industriais da zona da serra, que a cada lucro aumentavam a sua indústria, esperam todos financiamentos públicos (que devem haver) como única fonte de recursos para investimento.
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Se traçássemos um paralelo entre alguns industriais pioneiros no Rio Grande do Sul, que além das benesses, devidas ou indevidas, do setor público, colocavam o seu patrimônio em risco, com a atual aversão ao risco dos industriais modernos, teríamos uma das fontes do empobrecimento do estado.
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O assunto é bem longo, e fico por aqui.
Bem interessante. Essa informação fecha com um dado que saiu essa semana que mostra que CEO brasileiro é o mais bem pago do planeta. Logo esse dinheiro deixa de ser investido no seu próprio negócio.
Voltou o “GOSTEI, NAO GOSTEI” – isto é deselangante, estressante e desnecessário….
Quem sai na chuva,…
Posso te dizer uma coisa, infelizmente se você é mais negativado significa que você está certo. É sintomático.
Leonardo, nem porque negativam ou não o que raramente escrevo, mas porque eu acho dispensável isto. Eu participo de um fórum sobre aviação e não tem nada disso e eu observo que o grau de maturidade e seriedade dos participantes é bem mais apurado e nunca houve discussões entre os participantes como eu vejo aqui.
Até porque se quisermos participar da resposta, basta enviar uma “resposta”.
Pois é, e no início o debate tava interessante.
E os portoalegrenses continuam votando no PT, no Pedro Ruas…
Informo que a quadrilha do PT acabou de dar um desfalque sem precedente na Ceee.
Ano passado o amigo do Batisti anunciou as quatro ventos que a Ceee ganhou um crédito histórico e bilionário de uma ação na justiça contra a União.
O governo federal tinha uma dívida de 20 anos com a Ceee (essa ação foi movida pela Dilma quando era secretaria da fazenda do RS)
Ano passado, a União finalmente pagou. A Ceee recebeu TRÊS BILHÕES DE REAIS.
E essa semana, a empresa anunciou aos empregados que está praticamente quebrada.
Portanto, é lógico, o PT tá sugando toda a grana de novo. este, que é notoriamente sabido o partido que mais “aparelha” o estado, este que é o partido que mais tem Cargos em Comissão no país.
lembram quando o PT deixou Porto Alegre após 16 anos? Deixou a cidade no vermelho.
O PT só tem desmantelado o Estado e a Capital !
Esse partido é o câncer do Rio Grande do Sul !
E o mais triste é que o pessoal daqui continua votando nessas quadrilhas do atraso e do roubo !
É triste. Sinceramente, se não fosse minha família e meu emprego, eu já teria me mudado desse estado há muito tempo.
hmmm tens fontes?
Para o RS voltar crescer, idependente do setor primário, precisa de mais investimentos públicos e privados. Os investimentos privados fazem crescer a renda e os impostos. E sem o crescimento da arrecadação não tem como aumentar os investimentos públicos.
Outra forma de aumentar os investimentos públicos está no modelo proposto pela governadora Yeda, controlando as conta públicas para liberar mais verbas para investimentos, mas isso leva inevitavelmente ao um conflito muito grande com as corporações de servidores públicos e a paralisia da máquina pública.
Atualmente não vejo outra saída para o RS fora a negociação da dívida federaliza e a reforma do Pacto Federativo, desconcentrando recursos da União para Estado e municípios.
Acho que o grande problema da contas públicas do RS é o imenso déficit do sistema previdenciário (IPE), 6 bilhões de reais/ano. Pra mim isso é consequência do modelo previndenciário brasileiro brasileiro, que tende inevitavelmente a resultar em déficit. A União consegue fechar essa conta, tanto da previdência dos servidores públicos federais como INSS, através das Contribuições sociais (pis, cofins, cssl..).
Os estados não podem criar esse tipo de tributos, então é injusto, e até inconstitucional, o Poder central manter para si 100% dessas receitas. No momento o Congresso está votando um nova lei de divisão do Fundo de Participação dos Estados. O FPE engloba parcelas de alguns impostos federais, mas poderia, e deveria, ser acrescido das Contribuições sociais, por exemplo, aproveitando essa oportunida de reforma do fundo. O RS seria imensamente beneficiado com isso.
A questão ainda não é falta de investimento é investimento correto. O RS tem a maior porcentagem de transporte de carga exclusivamente rodoviário. Não há dinheiro que chegue para concertar estradas… isso é um sumidouro de dinheiro.
Mesmo Porto Alegre investe muito pouco em transporte público, então as pessoas gastarão dinheiro com carro e gasolina, coisas produzidas em SP, RJ e ES. Esse dinheiro poderia gerar emprego e renda para restaurantes, mercados, cursos… Esse dinheiro ficaria aqui!
O problema é que tanto o estado (municípios) quanto as pessoas estão comprometendo muito de sua renda com riqueza que não fica aqui.
Veja que até a prefeitura de PoA contratou uma produtora(provavelmente através de licitação mal feita) de eventos de TO. Se fosse alguma daqui o dinheiro ficaria aqui. O dinheiro que os trabalhadores dessa produtora ganhariam seria gasto na redondeza, talvez até onde você trabalha.
Esses são só alguns exemplos locais de PoA, mas garanto que isso se repete em todo o estado.
Se tem investidor que quer ir para o RS investir $10 bilhoes de reais na industria do carvao, e a propria populacao e’ contra, saem com foices e tochas na mao!!!!! Esquecam, ainda mais com Tarso no governo, dai nao saira nada de bom, acho melhor nao se iludirem e comecarem a se contentar a ser um estado sub-desenvolvido (menos ainda que o brasil) Isso durara uma geracao, enquanto os bastardos dos anos 60 nao morrerem nao tem chances. O povo do RS esta iludido com as babaquices e modismos europeus, que sao anti-desenvolvimentistas (sao contra o desenvolvimento para os cabecas de bagre da america latina, claro). Esta febre anti-desenvolvimentista esta se tornando em uma seita por ai. Podes ver, qualquer coisa que seja positivo para a populacao do RS tem aqueles que sao EXTREMAMENTE contra. Um radicalismo sociopata.
Para que tanta raiva?
Gostaria de saber como o carvão será transportado dentro do RS sem ferrovias e com estradas péssimas. E mesmo que as estradas fossem boa, imagina transportar toneladas de carvão na rodovia? Não duraria 6 meses.
Dai que entram os $10 bi. Parte disto devera ser usado para este fim. Mas antes de comecarem a atirarem pedras e terem chiliques, quem sabe nao esperamos o desdobramento destes projetos invez de ficarmos pensando em como isto NAO DARA CERTO. Vamos dar o desenvolvimento uma chance????
Beleza… vamos dar uma chance. Mas de qualquer forma é uma atividade que agrega baixíssimo valor e gera pouquíssimo emprego. Fazer o que? Essas atividades primárias são assim.
Pra variar aparece um que em vez de trocar idéias leva a discussão para disputa entre nós/eles.
A grande virada do estado teria ocorrido com a continuidade do governo Brito, mantendo a política de atrair investimentos de fora do estado, fazendo a renda, os impostos e os serviços públicos crescerem juntos.
Ou seja, ainda estamos vivendo as consequência da expulsão da GM no DESASTRADO GOVERNO OLÍVIO, pois junto foram embora dezenas de outros investimentos, já que a ojeriza daquele governo a iniciativa privada fez a credibilidade do RS cair a praticamente zero.
Agora novamente sob um governo petista não vejo como fazer uma virada, porque, apesar de menos radical que o anterior, continuam atuando muitos pressupostos desse partido, que inevitavelmente levam a ineficiência, improdutividade e inoperância da máquina pública e a falta de perspectiva do setor privado.
Expulsão da GM?
Olha, eu achei ok o governo Brito, mas eu apostava mais na Yeda, que tentou abordar muito a infra. Vide Catamarã, plano de irrigação (que pelo jeito foi esquecido), plano hidroviário, etc.
A falta de infra é um dos motivos que temos que “comprar” grandes empresas como ele fez. Tanto que um dos motivos da Dell ir para Hortolândia é a via férrea até a capital daquele estado.
Perfeitas colocações… É muito difícil receber matéria-prima e enviar mercadorias. A infra-estrutura é muito precária.
Olha Felipe, como convivo com pessoas que trabalham em Irrigação e Drenagem, o tal plano de irrigação nunca foi tecnicamente estruturado. Ficou só no discurso, agora projetos reais (nem estou falando em obras) não saiu nada.
O RS virou um estado agro-pastoril. Isso agrega pouco valor e gera pouco emprego. Agora encaminha-se para ser um estado agro-pastoril-minerador-de-carvão. Há quem comemore, mas minerar carvão também agrega pouco valor e gera pouco emprego.