Profissionais dizem que notório saber de Niemeyer morreu com ele e não pode ser “transferido”
Ao longo dos últimos dias, uma aparente onda de spams inundou o serviço de denúncias online do Ministério Público (MP) gaúcho, todas com o mesmo texto, mas assinadas por pessoas diferentes. O que encucou a equipe responsável por analisar as demandas era, na verdade, o resultado de um movimento contrário à escolha do escritório de Oscar Niemeyer para construir um centro de eventos no Estado, iniciado na Faculdade de Arquitetura da UFRGS.
O assunto mobiliza professores da faculdade pelo menos desde o final do ano passado. Revoltado com a possibilidade de contratação por notório saber do escritório do arquiteto, falecido em dezembro de 2012, o professor Eduardo Galvão procurou o MP. O assunto foi divulgado por redes sociais, virou página no Facebook, entrou na pauta de blogs e sites e o texto original passou a ser copiado e enviado em sequência ao MP, dando origem à onda confundida com spams.
– Era mais fácil terem feito um abaixo-assinado. Embolou o meio de campo aqui – brincou uma funcionária.
A mobilização é grande na UFRGS. Assim como a revolta com o risco de não haver um concurso público para a realização da obra, avaliada em R$ 200 milhões. Um dos principais argumentos é de que o arquiteto está morto e o notório saber dele não se transfere para os demais componentes do escritório – entre eles, familiares de Niemeyer. Outro questionamento é sobre o terreno onde ficará o centro. O local ainda não foi definido.
– Um dos grandes absurdos da coisa é contratar alguém sem ter o terreno, que é essencial na arquitetura – afirmou o professor titular da Faculdade de Arquitetura da UFRGS Edson Mahfuz.
Área será definida antes de qualquer contratação
O secretário-adjunto estadual do Turismo, Márcio Cabral, garante que o escritório do famoso arquiteto não foi contratado. Segundo ele, o governo quer primeiro definir a área para depois decidir se contratará por notório saber ou realizará concurso público. A definição do local deverá ocorrer depois de o governador Tarso Genro retornar da viagem internacional de que participa, provavelmente entre os dias 6 e 10 de maio. Na sexta-feira, Cabral se reuniu com integrantes da seção gaúcha do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RS) e prometeu “levar em consideração todas as opiniões”:
– Se o MP nos questionasse agora, veria que não tem contrato. O que há são conversas. O Niemeyer esboçou o projeto e apresentou uma concepção. Graças a ele, a questão do Centro de Eventos está tendo essa projeção.
Presidente do IAB-RS, Tiago Holzmann da Silva participou do encontro e destacou a informação de que não há nenhum contrato com o escritório e que um concurso público pode virar realidade. Uma alternativa seria utilizar a concepção de Niemeyer para a obra, baseada na ágora da democracia – a praça onde os atenienses tomavam suas decisões.
– Entendemos que o notório saber não é a melhor maneira de contratar porque não combina com o tempo atual, com a democracia. Além disso, a genialidade do Niemeyer foi com ele – argumentou Holzmann.
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Estou publicando esta matéria de ZH pois o Blog Porto Imagem foi um dos que iniciou esta campanha, veiculada com apoio dos arquitetos da cidade no Facebook.
Grupo criado por mim no Facebook: http://www.facebook.com/groups/128699070656908/
Eu também mandei o texto ao Ministério Público.
Categorias:Arquitetura | Urbanismo, Centro de Eventos do RS
concordo.
só um detalhe, poderia dar uma olhada nessa noticia e ve se não é parecida com a NOSSA orla: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/04/1270069-mansoes-em-frente-ao-mar-vao-perder-espaco-na-orla-de-guaruja-sp.shtml
TInha que acontecer o mesmo aqui!
Importante chamar a atenção que não existe usocapião sobre área pública, pode-se ficar 100 anos e não se cria direito.
Com toda razão a manifestação da sociedade com relação ao concurso, aliás, esta de saber notório não passa de casuísmo que foi realizado pelo Pref. Mun. POA, ato realizado pelo Pref. Fortunati, o que não cabe este tipo de procedimento agora por parte do Governo do Estado.
Tudo tem limite, em que tudo pode, mas neste caso, convenhamos.
Com a palavra o Sr. Governador Tarso Genro.