Prefeitura de Porto Alegre propõe derrubar Aeromóvel para construir Parque Gasômetro

Determinada a não recuar da obra de alargamento da Avenida Edvaldo Pereira Paiva, que prevê o corte de 115 árvores nativas em Porto Alegre, a Prefeitura Municipal pediu reunião com o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) nesta quinta-feira (2). O vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB) e o secretário municipal de Gestão, Urbano Schmitt estiveram na Promotoria de Justiça e Defesa do Meio Ambiente para defender o projeto do arquiteto Jaime Lerner e apresentar uma possível alternativa para compensação dos danos ambientais causados com a obra. “A prefeitura está muito inclinada a retirar o Aeromóvel da Loureiro da Silva (em frente à Usina do Gasômetro)”, disse a promotora Ana Maria Marchesan.

A sugestão de derrubar o primeiro Aeromóvel do Brasil, abandonado no final da década de 80 antes mesmo de entrar em funcionamento, foi a única proposta concreta feita pelos gestores municipais à promotora que pediu a suspensão dos cortes. De acordo com Ana Marchezan, qualquer proposta só será aceita “se houver desenho do traçado e prazos bem definidos para o trabalho que se pretende executar”. Segundo ela, “tudo ainda está insuficiente” em termos de viabilidade do Parque Gasômetro e de previsão das compensações das árvores. Por outro lado, a promotora diz que a intenção do MP-RS não é trancar a obra, mas garantir, com o menor impacto possível, a preservação do ambiente natural e da urbanística.

“A prefeitura está muito inclinada a retirar o Aeromóvel da Loureiro da Silva” revela promotora Ana Maria Marchesan | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

“A prefeitura está muito inclinada a retirar o Aeromóvel da Loureiro da Silva” revela promotora Ana Maria Marchesan | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Quando dos primeiros cortes de árvores na Edvaldo Pereira Paiva, que surpreendeu a sociedade e gerou protestos na capital, o MP-RS foi completamente contrário à derrubada de qualquer vegetação naquela região. Diante da clara determinação da Prefeitura em não recuar do projeto, o órgão passou a cogitar uma negociação sobre as compensações. “Somos abertos à negociação dos cortes por compensação. Mas agora a bola está com eles (prefeitura). O corte segue suspenso até o julgamento do agravo, que deve acontecer em breve, mas não sabemos quando eles vão apresentar algo mais concreto”, disse.

O Parque Corredor do Gasômetro apresentado por Sebastião Melo e Urbano Schmitt pretende integrar as Praças Brigadeiro Sampaio, Julio Mesquita e as áreas no entorno do aeromóvel e que, atualmente, são utilizadas pelo Dmae, DEP e Incra. Por esta razão, haveria a necessidade da retirada da estação do aeromóvel inaugurada em 1983. “Estamos abertos a conversar e construir a melhor alternativa para a cidade. A criação do Parque está dentro desse contexto. Através do diálogo e da transparência chegaremos a um entendimento com a sociedade e os órgãos de controle”, afirmou o vice-prefeito, Sebastião Melo.

Vereador que apresentou a proposta da lei (aprovada) que cria o Parque Gasômetro, atendendo ao pedido do Movimento Viva Gasômetro, o engenheiro Carlos Comassetto (PT) é contrário a derrubada do aeromóvel. “O aeromóvel é suspenso, não conflitua com o conceito de parque natural. O protótipo erguido lá foi um investimento do poder público na época que pode ser aproveitado agora para o novo aeromóvel em desenvolvimento na cidade. Já existe inclusive estudo da Trensurb neste sentido. Antes da tese da destruição, temos que esgotar as possibilidades com o que já temos”, defende.

Aeromóvel poderia ser utilizado no novo traçado até Zona Sul

A Trensurb elaborou o estudo de modelagem de demanda de uma linha da tecnologia Aeromovel na Zona Sul de Porto Alegre e encaminhou à Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). O trajeto previsto tem 9,3 quilômetros de extensão e 10 estações, conectando a Estação Rodoviária de Porto Alegre às imediações do Hipódromo do Cristal, indo ao longo da Primeira Perimetral e da Av. Edvaldo Pereira Paiva, passando por locais como Mercado Público, Usina do Gasômetro, Parque Marinha do Brasil, estádio Beira-Rio e Fundação Iberê Camargo.

Apesar de não ter sido consultado sobre o projeto do Aeromóvel da Zona Sul, o inventor do aeromóvel no Brasil, Oskar Coester acredita que a melhor alternativa para o trânsito da região em debate é investir no transporte de um trem aéreo movido a ar. “Quem administra a cidade é que tem que pensar as decisões. Mas o aeromóvel não tem poluição ambiental nem sonora, é melhor do que vias expressas que não suportam mais o trânsito das grandes cidades. Já estudamos isso desde a década de 60”, conta o empresário.

Prestes a inaugurar o primeiro aeromóvel do país, próximo ao Aeroporto Salgado Filho, Coester diz que o modelo existente na Loreiro da Silva foi aprovado pelo Plano Diretor de Porto Alegre. Segundo ele, um estudo está sendo feito junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Companhia de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul (CEEE) para inclusive abastecer o modal via energia solar. “Eles têm uma linha de patrocínio de projetos de energias renováveis e estamos estudando a criação de uma usina solar para alimentar o aeromóvel da Loreiro da Silva”, fala.

Prefeitura cogita diminuir número de árvores a serem cortadas na Edvaldo

Na reunião entre a Prefeitura de Porto Alegre e o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), os gestores municipais cogitaram fazer um reestudo sobre as árvores que poderiam permanecer na Edvaldo Pereira Paiva. Além disso, a localização do estacionamento, previsto para a Praça Júlio Mesquita, também poderá ser revista.

Conforme o secretário de Gestão, Urbano Schmitt, a proposta da criação do Parque Corredor do Gasômetro está dentro do conceito de qualificação dos espaços urbanos, melhorias na mobilidade urbana da população e a manutenção de áreas verdes da cidade. E também proporcionará a integração entre os parques próximos ao local – Maurício Sirotsky Sobrinho e Marinha do Brasil, juntando-se aos grandes investimentos na Orla do Guaíba e Cais Mauá.

A Frente Parlamentar pela Reforma Urbana também debateu o tema nesta quinta-feira (02), onde o vereador Carlos Comassetto apresentou um projeto alternativo ao da Prefeitura de Porto Alegre. “É um projeto adequado ao texto da lei que cria o Parque Gasômetro e integra os demais projetos da cidade desenvolvidos pela prefeitura, desde os projetos de Revitalização da Orla do Guaíba e do Cais Mauá até o do Bonde do Centro Histórico”, garantiu.

Conforme Comassetto, o layout estudado propõe a manutenção do rebaixamento da Edvaldo Pereira Paiva conforme o previsto no projeto de Jaime Lerner. “É viável e está previsto no projeto da prefeitura. Só que, nós alteramos o traçado para poder unir as praças (Júlio Mesquita e Sampaio) à Orla, Cais e Usina do Gasômetro, fazendo um grande parque Gasômetro”, diz. Segundo o vereador, nesta alternativa as árvores seriam todas preservadas. “Não precisaria cortar. Nós sugerimos que a Loureiro da Silva tenha continuidade no sentido que hoje não tem, na altura da Receita Federal até a Rótula das Cuias. Isto auxiliaria no escoamento do trânsito já fazendo a ligação com a terceira perimetral, sem precisar ampliar a Edvaldo”, afirma.

Neste trecho, algumas áreas públicas pertencentes ao estado teriam que ser negociadas e talvez os custos do projeto fossem alterados, admite o vereador. O que ele garante que é viável. “É área da CEEE, é possível negociar. Além do que, o Ministério das Cidades está liberando R$ 5,4 bilhões para esta obra. Certamente teríamos como ampliar, porque é obra da Copa”, argumenta.

A Prefeitura pretende retomar o GT com a Câmara Municipal e o MP-RS para solucionar a questão. Nesta sexta-feira (3), o vereador Carlos Comassetto e o vice-prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo teriam reunião para apresentação do projeto alternativo proposto pela Frente Parlamentar de Reforma Urbana.

Projeto do vereador Carlos Comassetto (PT), prevê área do Parque Gasômetro sem ampliação da Edvaldo Pereira Paiva | Imagem: Leonel Albuquerque

Projeto do vereador Carlos Comassetto (PT), prevê área do Parque Gasômetro sem ampliação da Edvaldo Pereira Paiva | Imagem: Leonel Albuquerque

 

SUL 21



Categorias:Parques da Cidade, Projeto de Revitalização do Cais Mauá

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24 respostas

  1. Sou totalmente favorável a retirada do Aeromóvel. São estruturas pré-moldadas que podem ser recolocadas em outro lugar. As árvores que foram cortadas no Gasômetro poderia ficar em um canteiro central, mas cortou-se as árvores para preservar aquela sucata de transporte público que não passa de um monumento à incompetência da Prefeitura que em 30 anos não deu utilidade para esse sistema.
    É possível e relativamente barato REALOCAR o aeromóvel.

  2. Derrubar o aeromovel é muita burrice! Ainda bem que há vida inteligente no #RSdoContra!
    Começaram ampliar o campo de visão vendo que a derrubada ou não das arvores é puro falta de diálogo. Existe muitas pessoas tendo idéias as vezes “loucas” que depois de 35anos se prova reais e positivas. #FICAAEROMOVELPILOTO

  3. É um ardil dessa admimistração associar a defesa do Parque à retirada do Aeromóvel.

  4. Existem um importante projeto de energia solar em andamento com CEEE/ANEEL- UFRGS – CIENTEC- AEROMOVEL – CP Eletrônica: http://www.cientec.rs.gov.br/?model=conteudo&menu=110&id=1456

    Este projeto ganhou nota máxima em concurso nacional da ANEEL.

    Ainda está pouco divulgado, mas prova que, enquanto a Linha Piloto não é estendida (e será), há importantes trabalhos sendo desenvolvidos, alinhadíssimos com a preemente questão ambiental.

  5. Nossa, achei a proposta bem melhor do que eu imaginava! Que boa notícia. Pena ver certa negatividade aqui no fórum, mas é POA né.

    E mais uma vez: Isso prova que ir para a rua adianta assim. Só assim para o governo trabalhar pelo coletivo em vez de pelo interesse de certos grupos.

  6. Esta posição da Pref. Mun., representada pelo Pref. Fortunati, vem na verdade a atender os interesses de grupos de empresários que estão na dependência da aprovação das alterações viárias, com isso haverá maior valorização dos prédios que serão construídos na área, claro que tudo isso com dinheiro público.

    O projeto até agora em andamento na cidade de Porto Alegre vem a atender os interesses de entes privados e Agentes Públicos na manipulação para adequar os interesses privados.

    Enfim, tudo pode, tudo vale, viva a Copa.

  7. A região já possui o marinha, o harmonia e a redenção. Nao vejo porque precisamos de mais um parque naquele local para ficar sucateado, abandonado e gerar problemas de segurança.
    Nossos governos sequer dão conta de administrar os que existem…

    • Então porque a prefeitura não dá manutenção não deve ser criado novos parques?

      Não é “mais fácil” fazer a prefeitura cuidar melhor da cidade?

      Alias, hoje tava cuidando o prédio “dos fundos” da prefeitura (na Siqueira): tá num estado deplorável! mato crescendo nas marquises, pintura inexistente…. se ela não cuida da própria casa, irá cuidar decentemente da cidade?

      • Não foi o que eu disse.
        Eu disse que talvez não precisemos de mais um parque naquela região pois já temos o Marinha, o Harmonia e a Redenção. E aí sim citei que os que já existem estão jogados e que mais um parque NA MESMA REGIÃO pode gerar transtornos.

  8. Ele devia ser expandido.
    Estender até o centro administrativo, subir a Borges, chegar à Maua, ir até a Rodoviária.
    Depois subir a elevada, Sarmento leite, ate encontrar com a Loureiro novamente. Pelo outro lado correr pela orla ate encontrar com a Borges.
    O estacionamento do centro administrativo vira um parknride pra quem vem da zona Sul.
    Faz-se outro parknride derrubando meia dúzia de armazéns de ratos próximos a rodoviária para atender a zona norte.
    Limita-se o transito de carros particulares no centro. E talvez ate de ônibus.
    Hoje é muito difícil se deslocar no centro da cidade, se vc quiser ir de ônibus do gasômetro à rodoviária ou à Salgado filho creio ser impossível.

    Agora vou me abaixar para levar as pancadas dos críticos.

    • Realmente o. Deslocamento no centro e um problema, eu morava no centro perto do gasometro e tarbalhava perto da farrapos, acabei largando o emprego pois nao tinha transporte e nem lugar pra deixar o carro no trabalho

    • Não precisa se abaixar não, tua proposta é excelente.

      Na verdade é o que muitos querem aqui, retirar os carros do centro tendo um transporte coletivo decente ali.

  9. Os vereadores provaram que alternativas melhores que a proposta pela prefeitura existem. O que falta é vontade política de estabelecer diálogo e de mudar projetos ultrapassados.

  10. O petralha ganhou essa, a proposta dele e’ a mais sensata, libera toda a superficie para o lazer. Com o Cais funcionando e a orla ajeitada vai ser covardia com a concorrencia.

  11. até que emfim, antes tarde do que nunca!!, essa gerinçonsa ta lá só de enfeite A VERDADE É ESSA. Esse papo de vamos deixa pra utilizar futuramente..nao cola, dificilmente sairia do papel e se saísse nao seria naquela direção! fora o fato de cortar a visão para o rio e dos mendigos que moram debaixo

  12. Para o mesmo tipo de intervenção, quando onde os xiitas não querem que saia eles chamam de “trincheira”. Agora se eles querem, aí é apenas um “rebaixamento”.

    • Não és obrigado a ser especialista na área, mas
      1- É um tipo diferente de estrutura
      2- A própria prefeitura usa o o termo trincheira.

  13. Tomara que derrubem mesmo, se não vão utilizar.

  14. “A Trensurb elaborou o estudo de modelagem de demanda de uma linha da tecnologia Aeromovel na Zona Sul de Porto Alegre e encaminhou à Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC)”. Total perda de tempo, onde houver lugar que passe ônibus, EPTC/ATP NUNCA vão deixar uma linha maior que a do aeroporto sair do papel, pessimismo? Não, realidade, escrevam o que eu digo, infelizmente aqui é assim!

    • Bem, talvez por isso fizeram o projeto dessa linha de aeromóvel em um caminho bizarro, pela beira-rio. Não passa ônibus lá e condena ele a ser subutilizado, pois as pessoas naõ vão querer descer na orla para ir ao Menino Deus, por exemplo.

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