Transporte é mais caro para brasileiros

Mobilize foi garimpar informações sobre o valor das tarifas e a renda média em outras cidades do mundo. Conclusão: ou a renda no Brasil é muito baixa ou a tarifa é alta

tabela1

Em meio aos debates e manifestações sobre o preço do transporte público no país, a equipe do Mobilize Brasil foi garimpar informações sobre o valor das tarifas em outras cidades do mundo. E concluímos que nas cidades brasileiras o custo relativo do transporte é alto, muito alto.

Encontramos todos os dados reunidos no site Numbeo, que tem uma seção inteira dedicada ao custo de vida nas cidades. O site é uma plataforma colaborativa que reúne dados atualizados de milhares de localidades, incluindo qualidade de vida, trânsito, criminalidade, assistência e saúde, poluição, custos de viagem e vários outros indicadores.

Selecionamos algumas cidades de vários continentes e verificamos a adequação das tarifas às rendas médias reais locais, tal como fizemos no Estudo Mobilize 2011 e na seção Acompanhe a Mobilidade. A ideia é mostrar quantos bilhetes de transporte se pode comprar com essa renda média.

Finalmente, comparamos os resultados obtidos nas cidades mundiais com aqueles relativos às cidades brasileiras. No Brasil, com a renda média das cidades é possível adquirir cerca de 630 bilhetes de ônibus ou metrô, contra 1.581 de Nova York, 2.002 em Tóquio, ou 2.986 bilhetes na Cidade do México.

Uma explicação para essa enorme diferença pode estar no baixo subsídio governamental ao transporte público, cerca de 12%, enquanto alguns países chegam a bancar 70% dos custos das tarifas, segundo o especialista Lúcio Gregori.

A média brasileira está mais próxima de Lisboa, onde o salário médio de 850 Euros (R$ 2.422,50) pode comprar 608 bilhetes no valor médio de 1,40 Euros (R$ 3,99). Ou de Londres, onde as 2.000 Libras (R$ 6.700,00) do salário médio compram 667 bilhetes simples de metrô, ao valor de 3 Libras (R$ 10,05).

Veja o gráfico com a comparação das várias cidades e a tabela, que mostra os dados de cada localidade.

tabela2

Fontes: Numbeo (http://www.numbeo.com)

IBGE, Pesquisa Mensal de Emprego Abril/2013

Banco Central (http://www4.bcb.gov.br/pec/conversao/conversao.asp)

*Pesquisa, edição de dados e redação: Ricky Ribeiro, Henrique Rodrigues e Marcos de Sousa

Mobilize.org.br



Categorias:Meios de Transporte / Trânsito

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17 respostas

  1. Legal mesmo seria a tabela ter uma coluna extra: lucro das empresas concessionárias do transporte público.

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    • Eu acredito que as empresas estão realmente dando prejuízo, mas devido à má gestão. A culpa disto é do poder público que criou as regras que resultaram nesse contexto. Essas regras dão a concessão do serviço a um beneficiário que fica décadas sem concorrência. Essa concessão deveria ter critérios de qualidade e investimento mais elevados.

      A cronologia dos fatos é a seguinte:
      – poder público define regras frouxas de qualidade
      – poder público entrega concessão do serviço
      – poder público não retoma a concessão nem exige evolução da qualidade do serviço
      – empresas sem competição ficam acomodadas e não inovam nem evoluem
      – população se enfurece e exige que o valor da passagem baixe ao nível do serviço
      – cadastro vez mais pessoas usam carro em vez do transporte coletivo, cuja qualidade continua a cair

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    • Com certeza. Mas enquanto não houver transparência não ficaremos sabendo disso.

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  2. Números errados, a situação é pior do que isso pro Brasil. Em Londres, por exemplo, a passagem é somente £1,30 (usando o cartão Oyster Card que TODO MUNDO tem). A renda média de Londres beira os £3.000.

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    • E quanto é 1.3 libra? Mais de 5 reais!

      Como eu disse, custo não tem a ver com a renda. Não adianta comparar assim. É óbvio que na Inglaterra eles podem pagar por um transporte muito melhor e ainda sobra muito mais dinheiro no fim do mês. Eles investiram em educação, qualificaram sua população, e assim aumentaram a produtividade média e a renda, tornando o valor do transporte *relativamente* barato.

      Investir em educação é a solução pro transporte e pra maior parte do resto. Mas o povo tem que mudar sua cultura. O Brasil tem que desistir de ser um país de festas e virar um país de estudo e qualificação.

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    • http://www.tfl.gov.uk/tickets/14416.aspx

      A coração da libra é de 3,46.

      O preço do ticket unitário na zona 1 (área central da cidade) é de R$7,20 (2,1*3,46). O valor do ticket diário (uso ilimitado no dia) na zona 1 é R$30 (8,8*3,46). O valor do ticket mensal é de R$400 (116*3,46).

      Logo, o que nos falta é renda, e não passagem mais barata. Para termos mais renda precisamos produzir mais. Para produzir mais precisamos de mais educação.

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      • Concordo plenamente.

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      • Acredito que o inverso também seja verdadeiro: mais renda, mais educação. Um professor ou trabalhador qualquer, por exemplo, com mais dinheiro no bolso, tem mais tempo para se educar, investir em sua cultura, pagar acesso à Internet (mais cara do mundo), tempo livre para ler um livro… O governo tem que investir forte na educação, mas educar uma população é um processo de longo prazo. Enquanto isso pode subsidiar a tarifa do transporte público, sobrando mais dinheiro para o trabalhador.

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      • Concordo plenamente! Troco CCzada por salário digno aos professores!

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      • ESTES VALORES SÃO DOS TRENS DELES. E REALMENTE SEMPRE FORAM MAIS CAROS. NO ENTANTO FAZEM VIAGENS MUTO LONGAS. EU MORAVA NA ZONA 4 E DE TREM AO CENTRO DEMORAVA 30 MIM. MESMO ASSIM SE TU PAGARES O VALOR ANUAL FICA MUITO BARATO COMPRADO COM O NOSSO VALOR AQUI.

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  3. Gráfico tendencioso. Colocaram várias cidades com altíssima renda média e o México que tem subsídio.

    Comparar usando a renda não vai resolver, pois vão achar que tem que baixar a tarifa para um valor equivalente. O valor de um produto ou serviço não é pra ser proporcional à renda. É pra ser proporcional aos custos. A renda é que tem que aumentar.

    Levando-se pelo que o gráfico propõe, teremos no Brasil: 1/5 da renda, 1/5 do preço da tarifa e 1/5 da qualidade do transporte obviamente.

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    • O preço das coisas não é proporcional ao custo. O custo do serve para decidir se algo é viável ou não. O preço das coisas depende de quanto as pessoas estão dispostas a pagar. Se ha muita game comprando moto, andando de carro ou brigando por ciclovia é porque essas pessoas não estão dispostas a pagar o preço do transporte coletivo.

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  4. Os números são indiscutíveis… Isso prova definitivamente que os protestos contra esses aumentos são legítimos.

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  5. Esses valores estão totalmente equivocados. Esses valores não estão considerando os pacotes mensais , semanais ou diários. Quando morei em Londres em 2008 eu pagava 8 libras por semana ( valor 50% menor por ser estudante) e podia usar o ônibus quantas vezes fosse necessário. Eu usava uma média de 8 vezes por dia ( pois tinha dois empregos). Façam as contas, eu pegava 8 vezes por dia x 7 dias por semana = 56 / 8 = 14 centavos de libras por viagem. Isso na cidade mais cara do mundo. Lá quem administra é uma empresa pública e os ônibus passam de 2 em 2 minutos. Só quem já saiu do Brasil sabe o quanto as coisas são caras e mal feitas aqui.

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  6. Lembrando que Lisboa e Londres (2 piores no mundo, exceto Brasil) possuem uma extensa malha de metrô e/ou VLT, e ônibus de ótima qualidade (por exemplo ecológicos).

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    • *piores = menor renda/tarifa

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    • Além disto, Lisboa tem uma modalidade de ticket mensal que permite andar a vontade no metrô por ~25-30 euros (R$70).
      Londres também tem tickets mensais e outros benefícios para a população. Se não me engano, o máximo que se gasta é 6 libras por dia, o restante é livre.

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