Área entre os bairros Cidade Baixa e Menino Deus não poderá ser alienada ou dividida
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) informou nesta quinta-feira sobre a identificação do território da comunidade quilombola do Areal/Luiz Guaranha, de Porto Alegre. A área tem 4,5 mil metros quadrados e fica localizada entre os bairros Cidade Baixa e Menino Deus. Após a regularização, ela não poderá ser alienada ou dividida.
De acordo com o relatório antropológico feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a ocupação da área remete à baronesa de Gravathay que, no século 19, cedeu as terras de sua chácara para os negros que viviam na região. “Ressurge como herança viva do antigo território e se constitui como um grupo etnicamente diferenciado, com profundos laços de enraizamento no local em que vivem”, diz a antropóloga do Incra-RS, Janaina Lobo.
Segundo ela, agora é necessário aguardar um prazo de 90 dias para contestação do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação do Território por parte dos ocupantes da área. O governo do estado e a prefeitura de Porto Alegre têm terrenos no local. Após esse período, será publicada portaria na qual a presidência do Incra reconhece o território. Em seguida, um título coletivo será emitido em nome da comunidade.
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As pessoas nem conhecem a história negra de porto alegre e já saem distribuindo preconceitos. Afinal, temos é que glorificar a imigração européia (principalmente ítalo-germânica) e ignorar a influência negra e indígena, não é? Pesquisem aí sobre o Areal, Ilhota e a criação da Restinga.
Marcelo o link que coloquei acima é um texto em pdf chamado: ‘Entre a avenida Luis Guaranha e o Quilombo do Areal’, um trabalho de pós-graduação na UFRGS de Olavo Ramalho Marques. Vale a pena conferir (165 paginas). Novamente:
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/6158/000525962.pdf?sequence=1
Luiz Guaranha… não é onde tem uma vila?
Pode ser:
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/6158/000525962.pdf?sequence=1
Tomara que o projeto de alguma forma melhore a vida do pessoal que mora ali então. Confesso nunca ter passado pelo lugar e fiquei sabendo dessa vila semana passada, quando uma amiga tinha me dito que morava atrás da vila Guaranha.
É uma parte histórica de Porto Alegre, entretanto negada por todos nós que desconhecemos a área.
“Obrigado Souza, interessante a história. Mas o que será que vão fazer? Se a ideia for preservar os poucos que ainda restam ok (apesar de eu não concordar), mas expulsar os “novos” moradores e o comércio da região e trazer as pessoas de volta seria um crime de estado”
Esse foi o primeiro pensamento que me veio na cabeça quando li ontem. Espero que as informações prestadas pelo Paulo as 11:32 estejam erradas, caso contrario será um problemão. Nasci e morei ali (não moro mais e não sou afro descendente), porém, conheço varias pessoas como eu cuja vida ainda gira em torno daquela área.
Outra pergunta: O INCRA ( Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ) é uma autarquia que é de EXCLUSIVIDADE para administrar Reforma Agrária, mas tem poder em centro URBANO? Acho que não…
http://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_Nacional_de_Coloniza%C3%A7%C3%A3o_e_Reforma_Agr%C3%A1ria
Estou boiando com essa noticia, o que isso representa?
@Felipe X: não está claro (a confirmar), mas ‘parece’ que são áreas próximas a barão e baronesa do gravataí, incluindo joão alfredo, ou seja centro!
Desculpem a ignorância, mas na pratica o que isto significa?
Pois é, eu honestamente não entendi que área é o que isso significa, mas não vou cair logo pro comentário-ataque enlatado como outros colegas foristas acima. 🙂
Não consigo imaginar que a João Alfredo tenha algo de Quilombola na forma que entendo, pois duvido que hajam muitos moradores “tradicionais” ainda por ali.
Hoje não Felipe, mas a João Alfredo onde nasci em 1957 tinha muita influencia negra. Lembro de vários centros religiosos de candomblé onde inclusive ia com minha vô inglesa bater tambor (ela adorava e eu não entendia, mas ficava fascinado). Soma-se a 4 jacos e baronesa/barão do Gravataí se estendendo da getulio até a praia de belas, talvez englobando também a 17 de junho (acho). Quem tem imoveis ali deve ficar preocupado? Ou não?
Pelo que sei, já que vários quilombolas estão sendo demarcados em Canguçu e em Morro Alto, onde tenho vários conhecidos passando por este drama, quem estiver dentro da área demarcada e não for pertencente ao quilombola, perderá a área, e em sua grande maioria, sem nenhuma indenização. já que são considerados invasores.
Obrigado Souza, interessante a história. Mas o que será que vão fazer? Se a idéia for preserver os poucos que ainda restam ok (apesar de eu não concordar), mas expulsar os “novos” moradores e o comércio da região e trazer as pessoas de volta seria um crime de estado.
O negócio é virar quilombola o quanto antes, alegando ser tatataraneto de escravos (ignorando o fato de ter decendência majoritariamente européia) e reinvindicar um terreno… onde me inscrevo??
Não sei qual órgão é formado por gente mais “sem noção” no Brasil, se o Incra ou a Funai, com seus relatórios antropológicos encomendados.
O assunto já foi discutido tangencialmente neste Blog. O que estas pessoas querem é uma garantia que não serão retirados desta zona como já ocorreu em imensas áreas em Porto Alegre.
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Só para dar um exemplo mais recente. Na região onde se encontra a Centro Municipal de Cultura o estádio Tesourinha, o Colégio Protásio Alves e talvez o prédio da RBS (?) fazia parte do que se chamava a Ilhota, era o último resquício da chamada Colônia Africana. .
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Não era o local exato em que existia a Colônia, pois a Ilhota foi o exatamente o que sobrara. A Ilhota era uma zona baixa, sem as mínimas condições de saneamento ou infraestrutura urbana. Entretanto era próxima ao centro onde seus moradores trabalhavam.
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Pois bem, os moradores da Ilhota e regiões próximas foram objeto de EXPULSÃO PURA E SIMPLES, para o que se veio a chamar a Restinga. Esta remoção feita em 1967 com tropas do exército e participação do DEMHAB, hoje em dia seria classificada como crime. Em torno de 1000 moradias populares foram removidas e jogadas num bairro sem a mínima infra-estrutura e nem emprego. Foi o que se chama uma ação “higienista”. Acho inclusive que devido a data ser recente para a história de nossa cidade, deveríamos procurar resgatar melhor este crime promovido pelo poder público.
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Talvez como havia um mínimo de condições na rua Luiz Guaranha, mas não era um alvo da especulação imobiliária da época, os seus moradores conseguiram manter a posse. Acho que também a remoção destas vilas tenha ficado no imaginário popular dos moradores do atual remanescente Arraial da Baronesa.
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Discutir a história da nossa cidade é importante para termos noção do que já foi feito de errado e não repetirmos nossos erros.
Que área é essa? Não me localizei.