Cidades começam a ceder espaço para as bicicletas

Bikes transformam cidades

Texto do “The Economist” mostra como os sistemas de bicicletas compartilhadas estão formatando as cidades e até valorizando imóveis

Em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre os cicloativistas conseguem apoio das administrações públicas para criação de planos diretores cicloviários

Em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre os cicloativistas conseguem apoio das administrações públicas para criação de planos diretores cicloviários

Copenhague inova de novo. Depois de ser a primeira cidade europeia a operar um sistema de bikes públicas, a capital da Dinamarca vai lançar o GoBike, novíssimo sistema de bicicletas compartilhadas que terá bikes equipadas com tablets para que os ciclistas possam localizar os melhores restaurantes, as ofertas nas lojas próximas e também os horários de partida dos próximos trens. Qual será a próxima inovação?

O conceito de “bike-sharing” nasceu nos anos 1960, em Amsterdã, Holanda, quando os grupos da contracultura lançaram nas ruas as primeiras cinquenta “free bikes”. Elas rapidamente desapareceram e a explicação varia, dependendo de quem é o entrevistado. As autoridades afirmam que as bicicletas foram roubadas, mas os ativistas diziam que as bikes haviam sido recolhidas pela própria polícia.

A experiência somente se consolidou em 1995, com a iniciativa de Copenhague, que fechou o centro aos carros e instalou o “Bycykler København”. A partir dos anos 2000, o número de sistemas de bikes multiplicou-se pelo mundo inteiro, chegando a mais de 500, de Nova York a Dubai, de Porto Alegre à Cidade do México. O funcionamento é simples e se baseia na ideia de que o usuário cadastrado toma uma bike em um ponto da cidade e a entrega em outro ponto, com 30 minutos gratuitos.

Os modelos mais bem sucedidos tem um número grande de bicicletas (Nova York, por exemplo, tem seis mil), dezenas de pontos de retirada e entrega e grandes estações nas áreas de maior movimento, como terminais de transporte, praças, centros comerciais e universidades. Como as bicicletas são monitoradas eletronicamente, a administração do sistema pode ser feita a partir de uma central, por exemplo para planejar a redistribuição das bicicletas.

Em Barcelona, por exemplo, a equipe do “Bicing” faz todos os dias o transporte de dezenas de bikes da parte mais baixa para os bairros mais elevados da cidade, prova inegável de que a maioria das pessoas prefere pedalar a favor da força de gravidade.

A novidade é que os urbanistas começaram a notar o poder de estruturação urbana que as bicicletas compartilhadas podem ter sobre a cidade, tal como os sistemas de transporte de massa. Um censo ciclistico realizado em Londres mostrou que nas horas do rush matutino, quase metade do fluxo de pessoas que cruzam as três prinicipais pontes sobre o Tâmisa o fazem de bicicleta, o que levou as autoridades a criar uma série de ciclorrotas e a planejar novas intervenções para apoiar os ciclistas urbanos. E algumas metrópoles, como a Cidade do México, estão fechando suas principais vias aos domingos apenas para o tráfego de bikes.

O impacto começa a ser sentido também no mercado imobiliário londrino. Assim como as casas próximas às estações do metrô são mais valorizadas, recentes pesquisas revelam a valorização dos imóveis próximos de ciclovias, ciclorrotas e estações de bikes compartilhadas.

Ainda, os sistemas de bikes permitem o acesso das pessoas a áreas das cidades inacessíveis à noite, quando o transporte público deixa de funcionar. Em Montreal e Toronto, Canadá, quatro entre dez pessoas compram mais nas lojas próximas às estações de bicicletas, segundo uma pesquisa dirigida por Susan Shaheen, na Universidade da Califórnia (Berkeley). Ainda segundo essa pesquisa, em Washington (EUA) mais de 80% dos entrevistados declararam preferir shoppings e restaurantes que tenham fácil acesso aos sistemas “bike-sharing”.

Enquanto isso, o sistema continua a se desenvolver com rapidez. As novidades incluem o barateamento do modelo, com a utilização de aplicativos para a localização das bikes, sem a necessidade de estações, solução já em uso em Berlim, na Alemanha. E em breve sistemas com bicicletas elétricas permitirão viagens mais longas, com menor esforço, permitindo o uso de pessoas idosas. Em 2012, uma conferênca que reuniu prefeitos de centenas de cidades dos Estados Unidos concluiu o seguinte: “Cidades que investiram em facilidades para pedestres e ciclistas foram beneficiadas com maior qualidade de vida, saúde da população, valorização imobiliária, redução da poluição e, claro, mais alternativas de transporte urbano”.

Portal Mobilize Brasil



Categorias:Bicicleta, ciclovias

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16 respostas

  1. Estranho, que eu saiba andam fazendo algumas ciclovias/ciclofaixas em Porto Alegre, coisa que nunca teve.
    Quer dizer, ate teve uma ligando aos parques, que só podia ser usada nos finais de semanas e feriados.

  2. estava olhando Copenhague agora pelo google, é impressionante o numero de bicicletas que se olha na cidade, não teve um ponto que eu passei que não tinha pelo menos uma bicicleta na parede.

    mas também observei outras coisas tem muitas ruas sem ciclovias apenas na esquina tem um lugar marcando bicicletas, não sei para que serve talvez para quando elas venham andando pela rua tem preferencia, e outra coisa todas ruas que passei e ate nas avenidas tem lugar para estacionar o carro.

    não sei se é assim mas acho que é a cultura muito diferente onde as bicicletas e carros conseguem viver harmonicamente, coisa que vai levar muitos anos para acontecer por aqui.

    • Exatamente, mas a convivência pacífica não deve ser entre as bicicletas e os carros, mas sim entre as PESSOAS! Nem bicicleta nem carro tem mente, por isso acho ridículo matérias, artigos e agora até um documentário com títulos como “bicicletas vs carros” como se eles competissem. Mobilidade urbana se faz com integrações e convivência harmoniosa entre os modais, e querendo ou não, carro e bicicleta são modais de transporte.

      Aqui no Brasil isso e difícil pois a maioria das pessoas sempre quer levar vantagem. É o motorista que passa o sinal e acha que a rua é toda dele, é o pedestre que atravessa fora da faixa, e também (muitos vão me negativar por isso) o ciclista que também não respeita o sinal e a calçada. O ciclista tem que ter ciência de que o para-choque da bicicleta é o próprio corpo dele e deve obedecer leis de transito assim como o carro, e que ainda assim é mais “forte” que o pedestre, várias vezes vejo ciclistas andando rápido na calçada e reclamando dos pedestres que estão no caminho.

      O motorista tem que entender que o carro usado erroneamente é uma arma, e no transito devemos cuidar de nós e dos outros. Pois duvido que uma pessoa em sã consciência vá atropelar alguém, ciclista ou pedestre, por puro prazer. Fora que a caixa de aço em que ela está não é indestrutível.

  3. Por falar em bicicleta, sempre que vejo um indivíduo andando de mountain bike na cidade penso comigo mesmo: “filhão, compra uma road, deixa o trator para usar na fazenda”.

  4. E em Porto Alegre os comereciantes se queixando que iriam perder movimento sem as vagas de estacionamento…

    • “No parking, no bussiness. Vamos derrubar o mercado público e construir um estacionamento.” SANT’ANNA, Paulo; no auge da demência e espelhando o pensamento padrão do comerciante portoalegrense.

  5. Enquanto isso em Porto Alegre o Fortunatti está tentando aleijar o Plano Diretor Cicloviário.

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