IAB-RS: Transição demolidora do bom senso

O diretório do Rio Grande do Sul do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB RS) manifesta sua perplexidade com a “Transação Judicial” firmada entre o MP RS e os advogados da empresa Goldsztein, que autoriza a demolição de três dos seis casarões da Rua Luciana de Abreu entre outras decisões questionáveis, irremediáveis e, em nosso entendimento, parciais e totalmente equivocadas.

Perplexidade porque, aparentemente, a tal “transação” não ouviu todas as partes envolvidas, apenas a empresa interessada no empreendimento. Afinal, se Ministério Público existe para defender a sociedade, por que ficou à margem da decisão os moradores e suas associações, os técnicos e suas entidades, os especialistas da área do patrimônio e o COMPAHC, as universidades, sem falar na massa de cidadãos que manifestou na rua e nas redes sociais seu apoio à preservação do patrimônio ambiental e edificado da cidade de Porto Alegre?

Perplexidade porque, ao que nos consta, o instrumento da “transação” não tem atribuição de legislar sobre o Plano Diretor municipal ou alterar determinações aeroviárias federais em benefício de particulares.

Perplexidade pela insistência da empresa em impor sua solução arquitetônica padrão “goela abaixo” de toda sociedade organizada e de suas instituições administrativas e jurídicas, mesmo que ao elevado custo de ver sua imagem seriamente prejudicada na opinião pública, no meio cultural e artístico e na mídia.

Perplexidade pela falta de sensibilidade da empresa e dos órgãos reguladores em buscar novas alternativas arquitetônicas e urbanísticas que estejam mais adequadas ao nosso tempo que exige preservação, sustentabilidade, inovação, novas alternativas e soluções mais arrojadas e inteligentes. Será por preguiça, por incompetência ou apenas por ganância mesmo?

E, finalmente, ficaremos ainda mais perplexos se a sociedade – moradores, técnicos, especialistas, professores, estudantes, trabalhadores, comerciantes… – calar diante desta “transação” arbitrária, parcial e equivocada. Neste sentido, o IAB RS coloca-se à disposição da sociedade para participar novamente deste novo esforço para a preservação da nossa história e da qualidade de nossa paisagem urbana.

Nota enviada pela Assessoria de Imprensa do IAB-RS (Alexandre Lucchese) em 07/11/2013.



Categorias:Arquitetura | Urbanismo

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16 respostas

  1. Do Brasil não dá para esperar-se outra coisa que a falta de sensibilidade desses senhores que se acham todo-poderosos em suas decisões. Se acaso as Pirâmides do Egito estivessem aqui, com certeza, já teriam sido demolidas.

  2. Glauber , concordo com vc ,apenas acho e é acho mesmo, que se essas casas não estão tombadas,o proprietario delas pode fazer o que ele achar mais conveniente ,mas tbm acho que ali por se tratar de um terreno nobre tem que ser exigido um predio a altura do lugar.

    • Se estas casas ainda não estão tombadas é por um problema de burocracia e não por falta de valor. Os casarões são simplesmente obras do nosso maior arquiteto e isso foi atestado por diferentes instituições e profissionais. Os casarões já estão a altura do lugar, aliás, este patrimônio histórico não tangível de casarões, arborização e ruas tradicionais é que fazem o bairro ser nobre. Já os projetos da Goldztein são banais, ridiculamente iguais a qualquer outro prédio e podem ser construídos em qq outro local. É impressionante a morosidade da nossa prefeitura. Nessas horas nos indagamos se a doação da Goldzstein feita legalmente na campanha do Fortunatti não esta interferindo nesse processo.

  3. A COMPLEXIDADE, s existe quando, o segmento do PRIVADO, impe sobre a comunidade seu interesse maior, que o especular o segmento imobilirio.

    O que est em foco no a Edificao, mas sim o seu entorno, onde envolve as manifestaes URBANSTICAS, e que esto a clamar um estudo RESPONSVEL de Unidade de Vizinhana.

    O que queremos que a LUCIANA de ABREU, mantenha a sua PAISAGEM NATURAL em meio urbano, e que esta consagrada e consignada no ESPRITO do LUGAR.

    O que devemos como SOCIEDADE CIVIL, por vez ltima exigir que os OMISSOS sejam IDENTIFICADOS, inclusive o MP.

    Assim! Devemos conclamar que a INSTITUIO IAB/RS conclame com a sua LIDERANA NATURAL e PERMITA apresentar mais uma vez o seu papel de DEFESA da IDENTIDADE e MEMRIA COLETIVA do CIDADO.

    E o ICOMOS/RS, est sendo considerado?

    CHAMEM que tem domnio sobre o tema.

    ATUEM em nome que uma PORTO ALEGRE mais, sem este apelo de imagem e marca e sem discusso do solo criado e sem a marca do LUCRO e PRIVILGIOS, o MP tem que achar os OMISSOS.

    • Pergunta simples então: por que os interessados na preservação destas casas não as compraram e restauraram lá em 2001, antes da goldstein o fazer?

      Isto é, enquanto as casas viravam lixo (eu andava por lá antes de 2000 e já estavam precárias) as pessoas de sentimento nobre que querem a “preservação” não fizeram nada a respeito.

      Lá na Europa, onde as coisas funcionam, a alta sociedade, juntamente com entidades dos bairros (da “comunidade”) e institutos de arquitetura (tal qual o IAB), criam fundos para compra e preservação dos elementos históricos. Se a alta sociedade do bairro (que é ENORME comparativamente) não tem interesse nessa preservação (visto que não compraram as casas quando poderiam), então que não se preserve e ponto final.

      Numa cidade com falta das coisas mais básicas seria esdruxulo pedir para gastarmos dinheiro publico com essa preservação. Que se gaste o dinheiro privado, desde que haja interessados em botar seu dinheiro nisso. Se não há, então guardaremos fotos das casas.

  4. É lamentável esta caixa de comentários, nem parece que estamos num blog de urbanismo. Os casarões foram projetados pelo Wiederspahn, um dos maiores arquitetos do nosso estado (pesquisem no google). A cidade é grande e a Goldsztein pode construir seus prédios em qualquer lugar, então por que destruir as obras do nosso melhor arquiteto? Esses casarões são uma fonte de estudo e memória. Infelizmente não adianta explicar sobre o valor do nosso patrimônio para quem ignora a própria história.

    • Glauber, os casaroes nao foram projetados, vc nao viu que a incorporadora ja ganhou em primeira e segunda instancia?

      • O que fez a incorporadora vencer foi uma tramitação jurídica e não uma validação histórica. As plantas e atestados informam que Alberto Aydos, Theo Wiederspahn e Frantz Filsinger construíram estes casarões. A construtora não quer negar esta verdade, eles querem o direito de demolir inventário que não esta tombado, independente de quem construiu.

  5. Nunca li tanta besteira junta, cruzes. Esse cara como entendedor de direito é ótimo arquiteto.

  6. Achei bizarro.

    Ou derruba tudo, ou que fique tudo em pé.

    Se é um conjunto, acredito que não teria como ser metade historico com motivos pra ser preservado, e a outra metade não.

    Posso estar enganado, mas penso assim.

    No final das contas, melhor do que nada,

  7. Esse IAB não serve pra nada, e os arquitetos gaúchos não conseguem nem projetar uma ciclovia razoável (aquela da Ipiranga tá caindo aos pedaços).

  8. Meu deus, já perderam em primeira e segunda instância.
    Já choramingaram, fizeram protesto, bateram perna e conseguiram 50% das casas serem preservadas…

    Deviam ficar felizes, se fosse eu o MP, depois disso tudo, revogaria e mandava destruir tudo!

    Meu deus que povo que não sabe perder

  9. Offtopic: “Kate Middleton e príncipe William andam de ônibus em Londres” – Em Porto Alegre nem prefeito e nem mesmo vereador anda de ônibus.

    http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/donna/noticia/2013/11/kate-middleton-e-principe-william-andam-de-onibus-em-londres-4325906.html

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