Estudantes criam serviço de aluguel de carros elétricos em Porto Alegre

Sistema deverá estar disponível à comunidade universitária até o final de 2014. Projeto está em fase de levantamento de recursos e pesquisa de público

Modelo de carro elétrico que será usado em projeto créditos: Divulgação

Modelo de carro elétrico que será usado em projeto créditos: Divulgação

Uma ideia de três jovens engenheiros e estudantes de pós-graduação promete trazer novo fôlego à mobilidade urbana em Porto Alegre. O projeto consiste em implantar na Capital um sistema de aluguel de carros elétricos semelhante ao que já ocorre com bicicletas, mas que permita uma utilização dos veículos em viagens que durem mais de uma hora.

A iniciativa é de Cezar Reinbrecht, Gerson Scartezzini e Lucas de Paris, que criaram a startup MVM Technologies para viabilizar o negócio. Os dois primeiros são, respectivamente, alunos de doutorado e de mestrado no Instituto de Informática; o terceiro é mestrando na Unicamp. Cezar e Lucas também trabalham na NSCAD, empresa de tecnologia incubada no INF. Eles preveem que até o final de 2014 o SiVI, Sistema Veicular Inteligente, com investimento inicial de R$ 3 milhões, esteja em funcionamento.

Inicialmente, estarão disponíveis para aluguel 20 veículos elétricos. Nessa fase, de testes, apenas a comunidade da UFRGS poderá utilizar o sistema, que posteriormente será ampliado para outras universidades da Capital e depois aberto à população em geral.

“Nosso interesse é, principalmente, buscar um futuro melhor para as pessoas na cidade. As palavras-chaves que pretendemos colocar nas ruas são: tecnologia verde, utilização consciente e uso compartilhado”, esclarece Cezar.

Funcionamento

Haverá, em um primeiro momento, apenas dois pontos de retirada dos veículos, um no Campus do Centro e outro no Vale, e o trajeto será limitado a esses locais. Para alugar um carro, o usuário deverá realizar um cadastro e fornecer número de cartão de crédito para pagamento. A cobrança será tarifada por viagem, mas haverá a possibilidade de serem adquiridos pacotes para mais de um percurso.

Durante o cadastro será exigido número de CNH do condutor, para verificar pontuação na carteira, pois o sistema irá beneficiar bons motoristas, relata Gerson. A utilização consciente também é preocupação dos empresários: “Nosso sistema oferecerá descontos às pessoas que compartilharem os carros”, explica.

Preço

O valor ainda está em estudo, mas Lucas comenta que a ideia é reduzir o custo à medida que o sistema se consolida. “O preço inicia mais alto e depois diminui, conforme a aceitabilidade do público a essa concepção de transporte”, elucida o mestrando.

Carros elétricos importados

Para viabilizar a ideia, serão trazidos veículos da Espanha, a partir de um convênio firmado com a empresa Hiriko. Além de serem 100% elétricos, os modelos são dobráveis, o que reduz o espaço necessário para estacionar. Para marcar a presença do SiVI na cidade, a pintura dos carros será feita com cores que se destacam no trânsito: como verde limão, rosa, amarelo e laranja.

Investimento

Na fase atual do projeto, de captação de recursos, Cezar, Gerson e Lucas buscam parceiros que tenham interesse em financiar o negócio. “Estamos estudando também editais do governo que ofereçam recursos de incentivo a ações de ciência e tecnologia”, observa Cezar. Questões legais e jurídicas estão em desenvolvimento, e as tratativas com a prefeitura para liberação de espaços para instalação dos pontos de retirada estão avançadas.

Pesquisa de público

Para conhecer melhor os futuros usuários do sistema, os estudantes estão realizando uma pesquisa pela internet. “Queremos saber quantas pessoas estão interessadas e os horários e dias em que pretendem utilizar o serviço, para podermos aprimorar o SiVI”, explica Gerson. A ideia, segundo ele, é poder tirar o máximo de vantagem e transferir o menor custo para quem irá utilizar esse modelo de transporte.

O formulário está disponível no seguinte endereço: https://mvmtech.typeform.com/to/qkYt5v.

Startup tomou forma em curso de inovação promovido pela Intel

O início de tudo se deu com a inscrição da equipe para participar da seleção para o T2MA – Time to Market Accelerator, um curso de empreendedorismo inovador em escala global, promovido pela multinacional Intel, em parceria com a Universidade da Califórnia. Os estudantes submeteram a ideia e foram escolhidos para realizar a capacitação no Vale do Silício, berço da inovação tecnológica mundial.

Junto com outros 23 grupos de universidades de vários países (entre eles Turquia, China, India, Irlanda e Quenia), participaram de dois meses de intensas atividades para evoluir as iniciativas a um patamar de negócios nos mesmos moldes empregados no Vale do Silício. Ao final da etapa, as equipes com as ideias mais maduras, entre elas a MVM Technologies, foram convidadas para um treinamento de três dias, em que se encontraram e receberam dicas de investidores internacionais.

“Conversamos com empresários do Vale do Silício e obtivemos um ótimo feedback deles, o que possibilitou amadurecer ainda mais nossa ideia. Além disso, assistimos palestras de pessoas renomadas, como o Guy Kawasaki, que nos deu dicas aprendidas por ele quando trabalhou com Steve Jobs”, avalia Lucas.

Agora, de volta ao Brasil, eles trabalham para implementar a proposta em um contexto real de negócios, o que deu origem à MVM Technologies.

Interessados em contatar o grupo podem escrever para lucas.paris@ufrgs.br. Outras informações pela página da MVM Technologies no Facebook (facebook.com/mvmtechnologies).

Portal Mobilize Brasil

12/11/2013



Categorias:Carro Elétrico, Meios de Transporte / Trânsito

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19 respostas

  1. Cruzando os dedos pra que a idéia dê certo!

  2. Eu acho que estações de aluguel de carros compartilhados devem ficar em locais específicos onde o transporte público não atinge por completo, pra evitar a necessidade de TER um carro. Esse é o grande objetivo do car sharing, não é diminuir o trânsito, porque ele é um carro como qualquer outro, mas é uma alternativa pra necessidades esporádicas de uso de transporte privado.

  3. Criatividade, o Planeta agradece.

  4. Ótima ideia. Quando não está em uso fica no seu estacionamento, como as bicicletas do BikePOA, sendo que podem ficar carregando enquanto estão parados, fora que é possível o uso de tecnologias como o reaproveitamento de energia das frenagens e a cobertura do estacionamento podem ser placas fotovoltaicas. Fora que é uma boa opção para quem não tem carro e precisa ir ao supermercado, por exemplo (obviamente, quando o serviço expandir e estiver consolidado).

  5. Ó T I M A iniciativa… finalmente boas noticias pra Porto Alegre.

  6. “Uma ideia de três jovens engenheiros e estudantes de pós-graduação promete trazer novo fôlego à mobilidade urbana em Porto Alegre.” Colocando mais carros nas ruas? Não entendi muito bem.

    • Vão ser 20 carros apenas !!!
      E vão funcionar quase como taxis, só que o motorista será a própria pessoa.

    • O número médio de passageiros transportados em um taxi é de 0.2 (o motorista não conta), ou seja, 80% do tempo o taxi trafega sem passageiro nenhum. Um taxi ocupa espaço na rua para prover disponibilidade. Esse veículo tende a substituir o taxi com um número médio de passageiros maior que 1. Resumindo, essa iniciativa diminuirá o número de carros nas ruas.

    • Pela foto podemos ver tambem que é praticamente um SUV.
      Um absurdo isso.
      hahaha

    • Não colocando mais carros nas ruas, mas substituindo carros com motor à combustão por carros compactos (ocupam menos espaço no transito e no estacionamento) e elétricos (sem poluição local). Por enquanto são só 20, mas seria interessante que com o tempo se expandisse, em cidades como Paris e Amsterdã esses serviços dão certo.

    • “Haverá, em um primeiro momento, apenas dois pontos de retirada dos veículos, um no Campus do Centro e outro no Vale, e o trajeto será limitado a esses locais”. Não vejo, a partir da descrição do trajeto de funcionamento do serviço, como esses 20 carros elétricos irão contribuir para a diminuição da quantidade de táxis, ou trazer fôlego nas ruas. A maioria das pessoas que transitam entre os campus da UFRGS são estudantes que para isso utilizam ônibus, não táxi. Não sou contra a iniciativa. Realmente acho que a cidade deve fazer uso de diferentes modais de circulação. É uma ideia muito bem vinda. Porém, tenho algumas dúvidas sobre a implantação do serviço: Talvez essa definição dos locais de retirada não estaria desestimulando o uso de transporte coletivo? Será essa a maneira mais eficiente de implantá-lo?

      • São apenas os primeiros testes. Pelo fato de ser um projeto de estudantes da Ufrgs, é natural que comece lá, onde eles podem acompanhar mais de perto, e com o tempo e sucesso da iniciativa, se estende à mais partes da cidade, assim como é com o BikePOA.

      • PS: Eu mesmo sou um, que nem a pau saio de Canoas para ir até a Ufrgs de carro, mas para me locomover entre os Campi, dependendo do horário, preferiria muito mais usar um carro de aluguel (ainda mais elétrico, onde o torque é constante e disponível desde 1 rpm) do que cozinhar na parada esperando o bus.

    • A questão não é se vão ser só 20 carros ou não, a questão levantada pelo autor do comentário é o fato de ser um transporte de 1 veículo ~ 1 pessoa, ou seja, pessoal.
      Mas car sharing é diferente de carro pessoal, a pessoa não possui o carro pra si, ela só aluga por hora, quando precisa, e devolve a uma estação. http://zipcar.com http://igocars.org http://www.enterprisecarshare.com
      Existem inúmeros pelo mundo.

      • Lucas, o carro é para 2 pessoas. Se você responder à pesquisa, umas das informações que eles colocam é que, se você compartilhar o carro com outro interessado, os dois recebem desconto. Para o trecho que simulei (Centro-Campus Vale), para 1 pessoa o trecho sairia por R$ 24,00. Se compartilhar o carro com outro interessado, o valor seria R$ 10,00 por pessoa.

  7. Muito show.

    Espero que isso mostre os beneficios dos carros elétricos e que o lixo dos governantes deem algum beneficio para esse tipo de carro, ja que só sabem cobrar absurdos por sucatas que são vendidos como novos aqui.

  8. Desejo mais sorte a eles do que desejo ao NSCAD. Esta porcaria atrasou minha tese (e de ao menos mais 2 alunos que conheço) por mais de 1 ano por ficarem se fresquiando em fazer o serviço que são pagos para fazer: instalar e dar suporte aos kits de tecnologia de fabricação de semicondutores que estão disponíveis à universidade.

    A resposta padrão deles para qualquer ajuda é: não damos suporte a esta tecnologia blah blah blah…

  9. Respondendo à pesquisa do site deles, o preço, por trecho (Centro – Campus Vale) seria de R$ 24,00. Acredito que seja viável, pois para o mesmo trecho, de táxi, seria R$ 32,38 (Bandeira 1) e R$ 40,54 (Bandeira 2). Fonte: http://www.tarifadetaxi.com/porto-alegre

  10. Ótima iniciativa, que comece logo em toda a cidade, apesar que vai demorar muito ainda, alem de ser bonitinho os carrinhos.

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