Planejamento urbano em Porto Alegre, por Cristiano Tatsch

As grandes cidades brasileiras vivem o grande desafio de projetar seu futuro sem deixar de levar em conta a mobilidade urbana. As exigências são cada vez maiores, já que a frota de veículos cresceu 105% entre 2002 e 2012 no país. O Brasil baseou seu crescimento econômico no apoio à indústria automobilística, mas faltaram investimentos em infraestrutura viária e na criação de uma real estrutura de transporte.

Neste ano, porém, a pressão das manifestações populares está fazendo esse quadro mudar. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as despesas federais no setor devem saltar de R$ 2 bilhões ao ano para cerca de R$ 50 bilhões nos próximos quatro anos.

Em recente seminário em São Paulo, sobre mobilidade urbana, especialistas foram unânimes em reafirmar o que já sabemos: os vários sistemas de transportes têm de estar interligados, as linhas de metrô devem ser interconectadas por coletivos e o carro e a bicicleta devem ser complementares.

O problema é como estabelecer o limite do uso do automóvel, já que estudos mostram que sua utilização equivale à mesma tarifa do ônibus, mas com a metade do tempo de percurso. O grande dilema é como equiparar o nível de conforto do automóvel à qualidade ainda precária do transporte público.

Para mudar esse paradigma, precisamos dar condições à mobilidade individual, melhorando as vias públicas e investindo em ciclovias. Mas também é preciso pensar em como restringir o uso excessivo dos automóveis, como em Londres, que adotou pedágio para o seu uso nas áreas centrais, e em Nova York, onde o uso de bicicletas é incentivado.

Há quase cem anos, Porto Alegre foi a primeira capital a ter um planejamento urbano. Na segunda metade dos anos 1980 e na década seguinte, no entanto, pouco foi investido em infraestrutura. Agora, com os projetos do metrô e do sistema BRT (Bus Rapid Transit), a cidade avança para recuperar o tempo perdido, aproveitando a oportunidade aberta pela Copa do Mundo.

O prefeito José Fortunati vai se tornando um vencedor nesse desafio de fazer os investimentos necessários para atualizar o sistema de transporte público, sem abrir mão do equilíbrio fiscal do município, conquistado a duras penas. Urge redesenhar o futuro da cidade, como foi feito no passado, para que Porto Alegre seja uma cidade com ainda mais qualidade de vida e que ofereça mais conforto aos seus cidadãos.

* Cristiano Tatsch é o atual Secretário de Urbanismo de Porto Alegre.

Prefeitura de Porto Alegre



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15 respostas

  1. “O prefeito José Fortunati vai se tornando um vencedor nesse desafio de fazer os investimentos necessários para atualizar o sistema de transporte público, sem abrir mão do equilíbrio fiscal do município, conquistado a duras penas.” WHAIT…
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    Ele está falando do José Fortunati? O mesmo que deixou todas as obras atrasarem por falta de planejamento e de projetos executivos? O mesmo que deixou a cargo de um órgão público (que não me vem a cabeça) a realização dos projetos de mobilidade sabedores que o mesmo não tinha experiência e equipe para tanto em nome da transparência que acabou não acontecendo e fazendo com que obras começa-se no final de 2012? O mesmo José Fortunati que não comparece na audiência pública sobre o plano diretor cicloviário? O mesmo José Fortunati que entrou na Justiça para derrubar a lei que garantia 20% das multas de trânsito em construções de ciclovia? O mesmo José Fortunati que não apresenta estudo de demanda para duplicar da Edvaldo Pereira Paiva (não que seja contra, mas não comprovou a necessidade da obra.) no trecho do Parque Harmonia ao Gasômetro? O mesmo que fez a Prefeitura assumir todas obras de infraestrutura da Arena do Grêmio (sou sócio do club) em vez de cobrar a contrapartidas, pedidas pelo EIMA, da OAS? O mesmo que vai investir dinheiro público em área privada, no entorno do Beira-Rio e ainda deixou o projeto avançar sobre a via pública? O mesmo José fortunati que bateu o pé para que o Iguatemi desse a contrapartida para duplicação da ‘Avenida’ Anitta Garibaldi?
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    É desse mesmo José Fortunatti que ele está falando? Sim! Ok. Era só para saber.
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    Baita gestor! Parabéns, Prefeito!

  2. Cristiano Tatsch = Antonio Britto. Foi um dos responsáveis, junto com o finado Nelson Proença pelas privatizações do Gov.Britto (pedágios inclusive). Logo…

  3. Ouvi uma historia que nao sei se é veridica: é verdade que o governo federal ta dando a “bolsa habilitacao” ?

    Trata-se do seguinte: quem tem bolsa-familia estaria ganhando ajuda do governo federal, com gratuidade ou desconto para tirar carteira de motorista.

  4. “O problema é como estabelecer o limite do uso do automóvel, já que estudos mostram que sua utilização equivale à mesma tarifa do ônibus, mas com a metade do tempo de percurso. O grande dilema é como equiparar o nível de conforto do automóvel à qualidade ainda precária do transporte público.”

    Ufa, não sou só eu que penso assim.
    Mas não se preocupem, parece que vão proibir a venda da gasolina comum, vai ficar mais caro manter um carro, quem sabe as coisas não mudam?
    haha

  5. Texto totalmente hipócrita! Veja os milhões gastos em obras que beneficiam unicamente os automóveis e veja o que são esses “investimentos” em transporte coletivo? São nada mais nada menos que os corredores de ônibus. Vai ver esses corredores de ônibus é até coisa do PT.

    • As “despesas” na infraestrutura viária na verdade são investimentos, mesmo não sendo os ideais. Despesa é a caralhada de CC’s que tem na prefeitura.

      Mas concordo que automóveis E bicicletas devem ser complementares ao transporte público.

      • Olha o que dar postar sem reler rsrs… postei no lugar errado, e lendo de novo vi que a última frase ali não tá legal, desconsiderem…

    • E a guerra pra conseguir o metrô?

      Os buracos nas ruas?

      Ampliação nos corredores de ônibus?

      O investimento não é o ideal nem para o transporte publico, nem para o transporte individual, só não esquece que se não tiver um investimento em vias, nem os ônibus vão circular.

  6. Onde esta a parte do planejamento citado no titulo do texto?

    Planejamento pra mim e’ fazer o exercicio de planejar a cidade para os proximos 100 anos, isso extrapola os limites de Porto Alegre e engloba toda a regiao metropolitana.
    Os governos so’ pensam nos seus 4 anos e pronto.

    Queria deixar um exemplo de planejamento urbano: Shanghai Urban Planning Exhitibion Center
    http://www.supec.org/english/english_page.htm

    • Isso não se faz nem no Brasil, imagina se em Poa fariam?
      haha

      É muita grana pra isso, infelizmente nossos politicos não pensam como deveriam pensar.

  7. Acho que precisamos de um prefeito com muito mais “culhão” que o atual para fazer alguma mudança de verdade. Agora quem é esse(a) pessoa é uma boa pergunta!

    • E ta ai o maior problema, o unico ate agora que peitou algumas pessoas foi o Fortunati e a Yeda pelo governo do estado.
      Ainda assim não ta facil…

      As outras opções, bom, todo mundo deve saber que eram os do contra o Cais, Pontal, bla bla bla, e bla bla bla….

  8. Se o Fortunati é um vencedor, quem SOMOS OS PERDEDORES?!

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