Governador oferece incentivos para que fábrica de carros venha ao Estado
Em visita ao escritório central da Foton, empresa automobilística que decidiu em agosto montar fábrica no município de Guaíba, o governador Tarso Genro ofereceu incentivos para que, além de uma planta para a fabricação de caminhões, seja implantada a produção de carros no local. Ele destacou que no terreno há espaço para isso. “Essa visita visa não só a consolidar nosso relacionamento, mas a abrir novas possibilidades”, afirmou durante encontro com a diretoria da empresa chinesa na sua sede, no distrito de Changping, em Pequim. “O Rio Grande do Sul ainda não está saturado em capacidade industrial”, completou.
A Foton é considerada a maior empresa de fabricação de automóveis da China, possui nove fábricas no país e conta com cerca de 40 mil funcionários. O Brasil foi eleito pela empresa um dos cinco países estratégicos para investimentos, além de Indonésia, Rússia, México e Índia. O vice-presidente, Wang Xiangyin, destacou que a fábrica no Rio Grande do Sul encontra-se em fase de liberação da obra.
O encontro entre chineses e gaúchos durou cerca de uma hora. De um lado da mesa sentaram dez representantes da comitiva do governador gaúcho, entre eles os três deputados que integram a missão internacional – Marisa Formolo, Miriam Marroni e Raul Carrion. A reunião foi mediada por tradutores. Ao final, Tarso e Xiangyin trocaram presentes – o governador ganhou uma réplica em miniatura de um dos veículos produzidos pela empresa.
Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro das Comunicações e, agora, presidente da Foton no Brasil, também presente no encontro, destacou que o início da construção da fábrica em Guaíba depende apenas da autorização da Fepam. “Temos promessa e convicção de que até 15 de janeiro teremos essa autorização”, afirmou. Ele disse ainda que a fábrica da Foton em Guaíba pode ser o início de uma parceria muito importante para o Estado. A diretoria da brasileira da Foton recebeu do governo federal a liberação para importar 8,5 mil caminhões sem IPI para montar sua rede de vendas e distribuição no país. O processo deve levar dois anos.
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A meu ver é o seguinte, o senhor governador sabe que deixou muito a desejar e taí o ano eleitoral né então o cara sai como um aloprado e vai para o outro lado do mundo fazer toda uma mise-en-scène de bravia luta por investimentos para o estado gaúcho! Se não vier o tal investimento (como de costume), não nos esqueçamos que ele batalhou. Tudo estrategicamente bem planejado.
Sem querer reclamar, investimento é sempre bom, mas por que essa força de vontade toda por uma fabrica, apenas quando for uma chinesa, que todo mundo sabe que não vai ter grandes vendas, ainda mais quando envolve caminhões, onde as exigências de qualidade, garantia de peças entre outras coisas vão ser muito maiores?
Por que não um esforço para fabricas que realmente vão vender?
Não digo que o produto deles sejam ruins, não conheço, mas sei que o consumidor brasileiro é burro e preconceituoso.
Recentemente eu tive uma aula de Introdução de Novos Modelos de Negócios, com o Professor R. Edward Freeman, da Universidade da Virginia e um dos assuntos foi sobre a atração de investimentos pelos Estados.
Nesta aula tivemos exemplos de investimentos que no sentido literal da palavra investir não possuem nada, um deles seria de formar parcerias ou atrair novar indústrias em que é de conhecimento público que estas empresas em suas fábricas já em funcionamento exploram a mão-de-obra de seus funcionários, sem dizer de outras práticas ou políticas questionáveis.
Citou exemplo da Apple quando alguns funcionários de seus fornecedores (Foxcon) cometerem suicidios ou morreram em razão de carga de trabalho em exceso, onde os consumidores, público e o governo americano solicitaram a Apple esclarecimentos sobre o assunto e, também, sobre as empresas de vestuário de grife que utilizam mão-de-obra quase escrava em Bangladesh, sendo que após a tragédia do desabamento do prédio que matou milhares de pessoas, os consumidores canadenses e americanos estão revendo seus conceitos de vestuário.
Após estes exemplos, o Professor comentou que trazendo empresas com essas características para um outro País, é o mesmo que incentivar esta prática de oportunismo, onde o resultado final não acrescentará em nada para o desenvolimento ecônomico da região “beneficiada” pelo investimento.
Acrescentou que, estudos de doutorandos demonstravam que a situação ecônomica de cada região beneficiada teve um aumento inicial, mas com o tempo houve uma queda muito forte, pois a cultura deste tipo de negócio é de explorar e não de agregar.
Resumindo, ele efetuou um contraste com investimentos que deram certo, onde a atração de empresas de tecnologia de ponta ou, simplesmente, em questões de desenvolvimento e pesquisa em empresas ou investimentos já existentes possuem resultados muito melhores do que atrair empresas exploradoras.
Dentro dos exemplos citou a Irlanda, onde esta buscando concentrar todo o desenvolvimento de IT do Mundo, focando em Pesquisa e Desenvolvimento, buscando atrair empresas onde o nível médio de educação de seus profissionais seja de mestrado para cima, sem dizer que deste modo impulsiona o desenvolvimento local.
Na minha opinião, atrair investimentos de empresas orientais é pensar pequeno, pensar que construir carros de plástico, sem segurança, utilizando tecnologia do século 19 e apenas adicionando periféricos modernos, é deixar de investir no Polo Tecnológico de São Leopoldo, deixar de investir no TecnoPUC, deixar de investir em laboratórios de Eficiência Energética, para investir no emprego do João da Silva, como montador de parachoque de plástico num carro.
Enfim… nossa realidade sempre será aquela que deixamos de lutar.
Abs.