Fortunati descarta aumento das passagens para resolver impasse nos ônibus

Prefeito cogitou possibilidade de greve ter sido combinada entre trabalhadores e empresas

Greve de ônibus segue em Porto Alegre Crédito: Mauro Schaeffer

Greve de ônibus segue em Porto Alegre
Crédito: Mauro Schaeffer

O prefeito José Fortunati descarta aumentar o preço das passagens de ônibus em Porto Alegre para acabar com a greve dos rodoviários. Desde segunda-feira, apenas 30% da frota está circulando na Capital. “Não me compete questionar a grave. Infelizmente, as declarações dadas são no sentido de que o acordo só iria ocorrer se fosse aumentado o preço das passagens. Eu não farei isso”, declarou em entrevista coletiva nesta manhã.

“Há uma pressão clara de que o acordo entre patrões e empregados seja assumido de forma prévia da prefeitura como reajuste da tarifa. Não farei isso. Estamos aguardando uma decisão do Tribunal (de Contas do Estado) sobre dois itens da planilha, que podem modificar ou não o resultado final. Aguardo isso para depois decidir tecnicamente e poder anunciar para a população a nova tarifa do transporte coletivo. Enquanto tivermos dúvidas sobre qual tarifa, não farei isso”, seguiu.

Fortunati ainda levantou a hipótese de que a greve tenha sido combinada entre rodoviários e empresas para buscar o reajuste na tarifa de ônibus na Capital, que atualmente é de R$ 2,85. “Tenho na minha bagagem inúmeras greves e não vi nenhuma tão estranha quanto essa. Hoje, na frente das garagens, só há piquetes na Carris, não tem ninguém nas outras empresas. Os trabalhadores normalmente vão para frente das garagens e o que estamos vendo é uma lua de mel. Isso é muito estranho”, completou.

A prefeitura de Porto Alegre protocolou pedido no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) solicitando o aumento do número de ônibus circulando na Capital durante a greve. De acordo com o prefeito José Fortunati, o objetivo é assegurar 70% da frota trafegando nos horários de pico e 50% nas demais horas.

“O que eu quero é que dentro da lei de greve, que é uma garantia constitucional dos trabalhadores, tenhamos um percentual maior. Protocolamos o pedido para que fosse aumentada a frota na rua. Entendemos que apenas 30% não atende ao serviço essencial. Isso nos possibilidade apenas colocar os ônibus nos grandes eixos. Com isso, a parte mais pobre da população não é atendida. Tenho a preocupação de atender as pessoas que mais precisam do transporte coletivo”, avaliou.

Confira os eixos que são atendidos durante a greve:

Carris (100 veículos)

Linhas que vão circular: T1; T2, T2A; T3; T4; T5; T6; T7; T8; T9; T11; 343 – Campus Ipiranga

Avenidas que vão atender: como são linhas transversais, atenderão a diversas vias das zonas Leste, Norte e Sul.

Conorte (116 veículos)

Linhas que vão circular: 662 – Rubem Berta; 661 – Jardim Leopoldina; 656 – Passo das Pedras; 637 – Chácara das Pedras; 704 – Humaitá; 718 – Ilha da Pintada; 631 – Parque dos Maias; 621 – Nova Gleba; 613 – Elisabeth; TR62 – Troncal Baltazar; 520 – Triângulo/24 de Outubro; 624 – São Borja; 632 – Fátima; B51 – Parque/Postão

Avenidas que vão atender: Assis Brasil, Baltazar de Oliveira Garcia, Manoel Elias, Aj Renner, Ilhas, Plínio Brasil Milano, Cristovão Colombo, Benjamin Constant, Farrapos

Unibus (95 veículos)

Linhas que vão circular: 398 – Pinheiro; 398.2 – Pinheiro/Azenha; 441 – Antônio de Carvalho; 341 – Bento/ Antônio de Carvalho; 491 – Passo Dorneles/Safira; 494 – Rubem Berta/Protásio;

Avenidas que vão atender: Bento Gonçalves, Protásio Alves, Antônio de Carvalho e João de Oliveira Remião, João Pessoa, Azenha

STS (125 veículos)

Linhas que vão circular: 165 – Cohab; 171 – Ponta Grossa; 173 – Camaquã; 184 – Juca Batista; 188 – Assunção; 209 – Restinga; 210 – Restinga Nova; 211 – Restinga Velha; 267 – Lami; 268 – Belém Novo; 314.1 – Restinga/Puc/3ª Perimetral; 260 – Belém Velho/Oscar Pereira; 284.3 – Belém Velho/Rincão/Azenha; 289 – Rincão/Oscar Pereira

Avenidas que vão atender: Edgar Pires de Castro, Juca Batista, Serraria; Cavalhada, Cel. Marcos, Wenceslau Escobar, Oscar Pereira, Borges de Medeiros, João Pessoa, Azenha.

Correio do Povo



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34 respostas

  1. Agora, o paradoxo. Uma certa parcela da população pediu congelamento e redução das passagens. Contudo, isso tem um preço: ausência de renovação da frota e engessamento de investimentos/aumentos de salário.

    Brigaram pelo preço mas esqueceram da qualidade do serviço. A inflação existe e taí. Como que vão resolver? Não sei.

    • E os 20% de lucro comprovados pelo TCE?

      • “De acordo com a EPTC, o lucro previsto nas planilhas de cálculo corresponde a 6,7% do valor da passagem. Mas a auditoria do TCE mostrou que a média em 2011 foi de 9,74%, com casos de empresas que obteriam até 19%.”

        A média de lucro das empresas foi de 9,74% apenas 3% acima da lei. Não sei se tem margem pra aumento de salários aí considerando que o preço da passagem não vai aumentar e a inflação sim.

        • Nessa “média” está incluído a Carris que está lotada de CCs e apesar de ter linhas extremamente lucrativas era a única empresa que apresentava lucro negativo.

          Lembra que houve até uma greve relâmpago apenas na Carris e que houve até perseguição de uma funcionária da Carris?

        • A média foi nove quando o esperado era seis por cento. Ou seja, na média ganharam 50% mais do que o esperado. Gostei hein.

    • outro preço não citado: o ônus para a prefeitura gerir melhor o sistema (de acordo com os preceitos do serviço público, principalmente no que tange a transparência e a legalidade), visto que as planilhas de custo e lucro dos transportadores estão muito mal explicados e a licitação não foi feita.

  2. Ninguém mais notou que o preço da passagem no texto tá errada?

    “Fortunati ainda levantou a hipótese de que a greve tenha sido combinada entre rodoviários e empresas para buscar o reajuste na tarifa de ônibus na Capital, que atualmente é de R$ 2,85.”

    A passagem custa R$2,80 e não R$2,85.

  3. Como bem disse o Gustavo:
    Cadê a licitação!?!?!
    Pq ninguém pergunta isso ao grande Prefeito?
    Ou a todos desde o Olívio que insistem em não licitar o transporte.
    Certamente que ele seria racionalizado, com menos linhas fazendo trechos iguais, mais qualidade e preço mais baixo.
    Enquanto o lucro das empresas for função do custo, nada vai mudar.
    Eles são os primeiros a querer aumentos nos salários, não se preocupam com nada, afinal, quanto mais custa o transporte mais eles ganham.
    Isso é surreal.
    Queria uma empresa assim, quanto mais aumenta os custos, mais aumenta os lucros.

  4. E dai, vai aumentar igual no fim…Fortuna só joga pra torcida…
    E essa palhaçada de falar que é conluio dos trabalhadores com o patrões essa greve?
    baita babac8… de certo preferia que fosse como antigamente, quando se quebrava os busão, furava o pneu…
    Que cara ridéculo que temos de Prefeito: Somos todos DesaFortunati’s

  5. Abre a planilha já!

    A população quer saber quanto estes empresários lucram!

    Caixa preta com dinheiro público não é bom pra ninguém.

  6. Máfia da ATP querendo resultados através da greve.

    • Máfia dos sindicatos também! Daqui a pouco já temos os líderes se candidatando a vereador e levando uma leva de cc’s!

      • Pode ser. O que eu não entendo são coisas como a seguinte notícia:
        http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/transito/noticia/2014/01/agressao-a-motorista-pode-paralisar-o-transporte-coletivo-em-porto-alegre-4402486.html

        Aí eu pergunto: o que um trabalhador médio, assalariado, perde com a greve? Vai se atrasar no trabalho, mas terá uma desculpa perfeitamente perdoável pelo patrão. Quem sabe ainda, o patrão adotará jornadas mais flexíveis como plano de contingência. Para os patrões, por outro lado, perde-se bastante: assiduidade, pontualidade e produtividade do empregado. Enfim, queda nos lucros. Aí pergunto, mais uma vez, o que esse agressor tem na cabeça, será ele um patrão?

        Eu vejo essas colunas de opinião da ZH como o editorial, incluindo as colunas do Paulo Sant’Ana e da Rosane de Oliveira, expressando claramente o posicionamento patronal da questão. Há uma tentativa de convencer o trabalhador de que ele está sendo prejudicado com a greve, quando na verdade é o contrário. Greves bem sucedidas são ameaçadoras, subversivas, fazem com que o povo alterne da mentalidade de escravo para a mentalidade de colaborador, de protagonista do desenvolvimento.

        Não estou proferindo discurso de esquerda bitolada, mas é óbvio que, se não há conflito, não há problemas. Para a questão do transporte público ter uma resolução, uma evolução para melhor, o conflito é fundamental, e nesse jogo a greve e os protestos possuem um papel chave. Aí vem um pé-de-chinelo agredindo o motorista, colocando em risco a vida de todos os passageiros.

        Somos um povo pacato mesmo e merecemos o transporte que temos, com direito a sensação térmica de cinquenta graus e cheirinho de vômito para aguçar o apetite depois de um dia de trabalho.

        • Concordo. Mas tem “patrão” (entre aspas mesmo) que mete terror nos funcionários dizendo que se atrasarem (por mais que não seja culpa do mesmo) vão descontar salário, vão demitir, etc etc etc.

          Claro que se todos se imporem e não aceitarem terrorismos como esse ninguém cag*va na cabeça de funcionário. Mas nem todos tem coragem pra se impor assim.

        • Trabalhei numa empresa em que chegar atrasado um minuto era mijada pra tudo que é lado.
          Fiquei quatro anos por la.

          E o desconforto?
          To vendo pessoas reclamarem de 6 ônibus passarem e não conseguirem entrar por que estão lotados.

          Outras reclamando que onde moram não passa o ônibus que precisam…
          E assim vai…

  7. De qualquer forma, o maior problema (ou mais latente) é o transporte coletivo. Os usuários não estão satisfeitos, os trabalhadores não estão satisfeitos, os empresários não estão satisfeitos. E agora José? Vai continuar fazendo trincheira fingindo que o problema não existe?

  8. Já conheci empresários que trabalhavam com relações com sindicatos, um inclusive da ANFAVEA (associação das montadoras de automóveis), e eles me falaram que na maioria das greves existiam muitos acordos de cumpadres, muitas vezes os líderes sindicais saíam com muita grana dessas histórias pois eles tinham o poder de começar e terminar uma greve quando bem entendessem. O Lula foi um cara que juntou muita grana “trabalhando” com isso.

    • Só uma pequena correção, é ANFAVEA, Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores, e não ANMOVEA Associação Nacional das Montadoras de Veículos Automotores. Montadora não existe, mesmo que seja em regime CKD ou SKD ela sempre será fabricante de veículos.

  9. Não sou o maior fã do Fortunati, tenho muitas críticas à gestão dele. Mas definitivamente, não queria estar no lugar dele nesse momento.

    • As pessoas são responsáveis pelas suas escolhas, Guilherme.

      ELE escolheu se candidatar.

      ELE escolheu se vender para a máfia dos ônibus.

      ELE escolheu fazer demagogia com a população, anunciando licitações, BRTs e qualificação do transporte público.

      Tá com peninha dele agora? Ele só está colhendo o que plantou.

  10. Realmente, o Fortunatti pode estar certo. Essa greve pode ser combinada entre patrões e empregados das empresas. Ou ainda, os empregados podem estar servindo de massa de manobra dos sindicatos a pedido da empresa.

      • Sugeriram isso por ser surreal! Com certeza a empresa ia responsabilizar o funcionário por isso ou por no da prefeitura…

        • Eu acho que é uma saída para manter a greve sem prejudicar os usuários. Só depende da empresa aceitar.

        • Gustavo, que responsabilizem quem quer que seja. Os grevistas deram uma alternativa viável para que a população não seja prejudicada. Não é com a população que as autoridades estão preocupadas? Se a população é prioridade, não há nem que pensar duas vezes.

          Ingenuidade à parte, é óbvio que quando a imprensa marrom e as autoridades falam que se preocupam com a população, é balela. Se a população fosse prioridade máxima, aceitavam a oferta do sindicato e depois viam o que fazer, on-the-fly, durante a greve. Só que não.

        • Bora sugerir pros bancários saírem distribuindo dinheiro na frente das agências na próxima greve! Ma ooe! Quem quer dinheiro?

        • Obvio Semiografo, ninguem quer se comprometer a bancar a greve.

          Cadê a imprensa batendo na tecla da licitação do transporte e cobrando os brts?

        • Da mesma forma, 30% ou 50% de ônibus nas ruas é mais lucro para as empresas, pois é menos combustível, óleo, depreciação… e ônibus lotado de gente pagando.

    • Por mim, a greve continuaria por mais um mês… ou, quem sabe, dois. Ou até por tempo indeterminado, até que resolvam os problemas mais básicos do transporte coletivo:

      1- Motoristas menos estressados, o que reflete em solavancos e um mau trato com o passageiro;

      2- Ar condicionado ligado em todos os ônibus; instalação nos que não possuem o acessório. Muitos veículos estão há anos com o ar condicionado desligado “para não gastar”;

      3- Mais faixas exclusivas improvisadas; transporte público deve ser tratado como prioridade. Os carros que se danem! — e olha que tenho carro e raramente uso ônibus.

      4- Conforto. Chega de veículos imundos com vômito da semana passada e assentos sem estofamento. Vão tomar vergonha na cara!

      5- Acabar com a máfia do cartão TRI de isento. Se os rodoviários querem ganhar mais, que consigam reposição salarial com greves, nada de alugar cartão de isento.

      6- Segurança. O cidadão quer poder usar o seu tablet no ônibus sem ser importunado por um trombadinha. De preferência com Wi-Fi grátis para matar o tempo das longas viagens.

      Enfim, sou a favor de que a greve vá até a copa e a cidade fique um caos. Muito pior não vai ficar. E espero que empresários e trabalhadores do setor rodoviário, bem como o Bloco de Lutas, façam bastante barulho. Chega, já virou palhaçada esse desleixo com o transporte público!

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