Como será o transporte urbano do futuro?

Futurama, 1939: a cidade pensada para o carro virou realidade. E agora?

Futurama, 1939: a cidade pensada para o carro virou realidade. E agora?

Nesta semana, assistimos a uma apresentação do pesquisador Lincoln Paiva que lembrou a mostra “Futurama, construindo o mundo de amanhã”, de 1939. A exposição foi organizada pela General Motors, durante a Feira Mundial de Nova York, para mostrar aos cidadãos do mundo como seriam as cidades por volta de 1960, quando o automóvel seria a principal forma de transporte. A “futurama”, de fato, virou realidade, com suas autopistas repletas de carros, em todas as partes do mundo. Mas as pessoas, ao contrário do que imaginavam os homens de 1939, não estão felizes e sorridentes no interior de seus carros e nem fora deles.

Nesta mesma semana, publicamos um texto sobre a interessante exposição “Direito de Passagem, Mobilidade e Cidade”, em cartaz na Sociedade de Arquitetos de Boston (EUA). A mostra, que segue aberta ao público até maio próximo, reúne informações sobre inovações tecnológicas que poderão otimizar o ir e vir nas cidades. E também se debruça sobre o modo como os humanos – serão mais de 5 bilhões nas cidades até 2030 – ocupam e se movem nos espaços urbanos.

A cidade do futuro, ensina a exposição, até poderá ter carros voadores, mas provavelmente a maior parte das viagens será feita a pé, de skate, bicicleta, metrô, ônibus e bondes elétricos, sem fios, como ensina o miniartigo de nosso colaborador Cláudio Mantero, de Portugal. Ou, ainda, por meio de carros compartilhados, como aponta a iniciativa posta em prática no Recife, uma das primeiras cidade no Brasil a utilizar carros elétricos e aplicativos para a localização dos veículos disponíveis.

A propósito, o governo do estado de Pernambuco anunciou ontem um plano para dotar a capital de 590 km de ciclovias nos próximos dez anos. A proposta envolve o investimento de 354 milhões de reais, parte da Prefeitura do Recife, parte do Estado. É uma boa notícia e esperamos que não seja apenas mais um factoide publicitário pré-eleitoral.

Mais ao norte, em Belém, ciclistas e pedestres criticam a estranha obra realizada pela Prefeitura local, que instalou uma faixa de asfalto sobre a calçada de uma avenida como forma de estimular o compartilhamento do pavimento entre andantes e pedalantes. A novidade não agradou ninguém, e em tempo, a Prefeitura anunciou que a obra ainda não está pronta. Vamos aguardar.

De São Paulo vem a notícia de que o site Catraca Livre e o pessoal do aplicativo Colab irão publicar um relatório sobre a (má) situação das calçadas na capital paulista. O mapa foi elaborado a partir da colaboração de voluntários, que postaram fotos e comentários sobre os passeios públicos da cidade, tal como fez o Mobilize entre 2012 e 2013.

Os organizadores também pretendem entregar este novo relatório ao prefeito da cidade, Fernando Haddad. Esperamos que ele leia os dois documentos e inicie já uma ampla campanha para melhorar este importante item da mobilidade urbana. Óbvio demais?

Marcos de Sousa
Editor do Mobilize Brasil



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5 respostas

  1. O desenvolvimento das cidades voltadas pro uso do carro nos EUA se deu principalmente pelo preço baixo do carro em si e da gasolina. No Brasil o uso do carro é incessante mesmo com presos abusivos, o que mostra o poder do marketing sobre a ideia de ostentação em se ter um carro.
    Criar bairros caminháveis é a melhor maneira de diminuir o uso do carro. Diminuir o número de faixas, substituir faixas de rodagem por estacionamento e ciclovias, e alargar calçadas. Simplesmente isso já transforma um bairro.

  2. Diante do caos e das ilegalidades praticadas e continuadas de Agentes Públicos com o transporte público em Porto Alegre, isto que foram alertados a bastante tempo, deram continuidade aos atos ilegais e agora se vitimizam perante a sociedade alegando que a Pref. Mun. POA fez a sua parte, claro depois de várias decisões dos Tribunais TJ, TRT, MP,Tribunal e Contas e olhe lá se cumpriram.

    Esperamos que a Licitação do Transporte Público Municipal não tenha o seu Edital direcionado para a máfia que sustenta os partidos políticos dentro do Paço Municipal.

    Aliás, José, não subestimem a população que falsas ilusões como as obras da Copa do Mundo o qual se elegeu.

    Parece que os atos dos movimentos sociais não foram o suficiente??

    E Agora José, o que fazer??????

  3. Não gosto desses aluguéis onde o veículo fica em qualquer lugar, independente de ser bicicleta, carros elétricos, skate ou patinete. Assim, mesmo que um aplicativo no smartphone te diga onde está o veículo mais próximo, você fica refém de ter um veículo próximo, podendo haver ou não, principalmente se morar num lugar que a demanda seja baixa. Por isso prefiro serviços que ofereçam estações fixas, pois mesmo que seja necessário existir uma estação, e podendo não haver nenhuma próximo à minha moradia/trabalho/faculdade, você ainda terá a certeza de que a estação estará lá, e o aplicativo te diz se ainda há veículos disponíveis lá.

  4. “Ou, ainda, por meio de carros compartilhados, …”

    Que eu saiba a legislação atual proíbe isto… faria concorrência com as máfias, diminuindo o lucro destas.

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