Jornal Metro – Porto Alegre, 06/03/2014
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Quem mora ou já morou na região próxima a Praia de Belas/Borges sabe que é uma ideia terrível. Os principais problemas que eu vejo nesse projeto:
1) A Borges e a Praia de Belas sempre tiveram características de tráfego diferentes: a Borges, por ter menos ocupação em volta, sempre pode ter menos sinaleiras e ser, portanto, mais rápida; já a Praia de Belas tem uma porção de atividades humanas acontecendo, e acaba sendo mais difícil ir rápido. É super fácil de constatar isso: experimente vir da Zona Sul pela Borges um dia, e vir pela Praia de Belas no outro. A hierarquia entre as duas vias é evidente. Como binário, ficaria muito esquisito, pois a capacidade final dos dois sentidos seria diferente.
2) Atualmente, o trecho Norte da A avenida Praia de Belas (entre Ipiranga e Açorianos) não é duplicado. Hoje ele tem três faixas ao todo, e novamente os padrões de circulação são bem mais lentos que os da Borges ao lado. É meio óbvio que o binário iria requerer a duplicação desse trecho e, sim, existe espaço, pois se trata de um recuo previsto no plano diretor. É meio óbvio, mas a matéria não menciona isso, e nem o prazo curtíssimo da obra parece permitir que algo desse porte seja feito.
3) É uma abordagem esquisita, principalmente depois da transformação da Beira-Rio em superautoestrada.
4) O viaduto Dom Pedro I, hoje, leva o fluxo Bairro-Centro para a Borges, passando por cima do cruzamento da Borges com a José de Alencar. Ele é útil assim, e só assim. Inverter o sentido dele seria muito estúpido, pois o sentido Bairro-Centro teria que parar no cruzamento embaixo. Então, para ele continuar sendo útil, ele teria que continuar sendo sentido Bairro-Centro, mas teria que se conectar com a Praia de Belas depois. Pra fazer isso tudo de uma maneira “rápida”, teríamos que construir uma chicane passando por cima da Praça Itália. Maravilha né? E provavelmente precisaríamos comer um pedacinho do Marinha pro sentido Centro Bairro também. De novo, não parece ser algo que caiba nos 90 dias mencionados na matéria.
5) Como deve dar pra notar nessa imagem acima, temos um problema matemático óbvio aqui: teremos 6 pistas vindo da Borges, e teremos apenas 3 pistas na Padre Cacique. Mais ao Sul, o problema persiste, pois depois da confluência com a Beira-Rio (que tem três pistas), a Padre Cacique passa a ter somente 4. Ou seja, 3+3+3, subitamente vira 3+3 para finalmente virar 4. Que beleza hein?
6) Até agora só falei do problema puramente da visão de quem vai de carro. Isso porque essa obra visa única e exclusivamente o carro, esse dono da cidade. Apesar de existir uma coisa chamada “BRT” supostamente indo pra Zona Sul via Padre Cacique, esse projeto maluco NÃO SUGERE a instalação de um corredor de ônibus em nenhum lugar desse binário. Vai ser o primeiro BRT sem corredor de ônibus do mundo. Só Porto Alegre mesmo.
7) Nem queria ter que tocar no ponto das ciclovias aqui, mas tocarei. A prefeitura já está acostumada a ignorar as determinações das leis que ela mesmo faz né? O plano diretor cicloviário prevê que, sempre que uma via for alargada para o previsto no plano diretor, ela tem que ser dotada de ciclovia/ciclofaixa. Quero só ver qual a desculpa que eles vão aplicar dessa vez.
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Uma proposta muito mais razoável, com muito mais possibilidade de humanização, e potencialmente capaz de resolver o desafio do BRT da Zona Sul seria manter a Borges exatamente como está (talvez asfaltá-la, talvez dotar de mais uma faixa por sentido), e focar a intervenção urbana na Praia de Belas, em harmonia com o projeto do BRT.
A Praia de Belas ideal, para mim, teria seu atual sentido Centro-Bairro convertido em corredor de ônibus (ou bonde, no mundo dos sonhos) bidirecional, aproximando a linha do BRT da Zona Sul dos moradores do bairro Menino Deus. Já o atual sentido Bairro-Centro seria acalmado fortemente, sendo transformado em uma via de duas mãos com apenas uma pista em cada sentido, acompanhado de ciclovia. Esse formato seria apenas até a Ipiranga; da Ipiranga em diante, o corredor de ônibus continuaria, e haveria UMA pista extra para tráfego local. A Praia de Belas deixaria de ser uma via “que atravessa bairro”, e passeria ser um novo centro de atividade e humanização para o Menino Deus.
Essa proposta, que não é cara de implementar, aliviaria a Borges ao tirar do seu fluxo os ônibus, além de tornar a viagem desses mesmos ônibus mais segregada e, portanto mais rápida. Além disso, teríamos a oportunidade de construir uma parada de ônibus mais “parruda” na área embaixo do Viaduto Dom Pedro I. Ficaria algo do tipo:
Eu concordo com cada palavra que tu escreveu. E eu me sinto sem voz. Tem muita gente que raciocina e entende os problemas e que não tem voz nessa cidade. A EPTC inventa merd@ e nós temos que engolir.
Basicamente eles criam 10 problemas e não resolvem nenhum, porque inicialmente não tinha problema algum pra resolver.
Acho um desperdício isso não ser um artigo 🙂
Também acho. Felipe, passa pra post ! Ta desperdiçando as tuas ideias.
Farei um artigo com isso, mas pode demorar um pouco porque quero fazer uma produção melhorzinha 🙂
Show! E o pior é que é isso mesmo. Avaliação 100%. Nota 10. Alô EPTC!!!!
Postando aqui o que escrevi no facebook,
A EPTC parece que faz as coisas na tentativa e erro, porque quem sabe QUALQUER COISA sobre urbanismo e transporte sabe que essa mudança só influi negativamente pra região. É possível que tenha uma melhora quase não significante no trânsito que dirige através da região, mas a região em si, que importa, só vai piorar com a mudança.
Simplesmente porque uma via de mão dupla valoriza muito mais a região e diminui trajetórias de carro e bicicleta.
Uma via de uma mão só aumenta a distância total trafegada, aumenta a velocidade de tráfego, valoriza o motorista, e não o ciclista e o pedestre, que tem que atravessar uma rua do dobro do tamanho.
Fora isso,
A Beira-Rio a uma quadra de distância devia servir de via expressa da zona sul, ao invés do foco ser a borges. O parque devia avançar sobre ela de uma maneira que fosse seguro aos pedestres que a velocidade dela fosse aumentada pra 80km/h e que os cruzamentos fossem removidos.
Bons exemplos disso:
http://i.imgur.com/8bMMdSw.png (Porte de Bagnolet, Paris)
http://i.imgur.com/qJm9CXE.png (Downtown I-405, Portland)
Projeto:
http://blog.oregonlive.com/mapesonpolitics/2009/03/portland_talked_about_capping.html
http://media.al.com/businessnews/photo/proposed-hwy-cappedjpg-74739469f9abb392_large.jpg (Birmingham, AL)
Gilberto, tu consegue colocar os links dos comentários para abrir em uma nova guia? Sempre acabo clicando neles e fechando ao invés de voltar pra página, acidentalmente…
Motoristas gaúchos dirão que uma highway enterrada é feia para dirigir
Só se enterra ruas aqui se for em benefício do trânsito de automóveis então é impossível.
O trânsito de automóveis sempre ganha com o enterramento de rodovias, mas a região também ganha! Maior velocidade pros carros, mais segurança pra redondeza (e sem barulho).
Gostei.
Ja vi em diversas cidades e funciona bem.
Eu queria saber pra que vai servir o viaduto Dom Pedro I depois da implantação desse binário…
Ao se analisar a proposta do binário, verifica-se que não haverá ciclovia neste trecho, outros diriam para quê?; a obra em si atende os interesses do ente privado instalado na avenida e que é sócio de um jornal?; asfaltar a Av. Borges iriam criar mais um problema, os alagamentos, claro que o ente privado só quer gastar na instalação de placas e pintura da avenida, caso contrário, o ente privado teria que bancar uma obra de grande porte para o escoamento da água.
Enfim, mais um fato que deixa a sociedade como um todo refém aos interesses privados, em que as políticas de trânsito são voltados para atender os interesses não da sociedade e dos cidadãos que pagam impostos.
Diante de tudo isso, o que fazer, nada, pois os projetos são impostos e colocados à povo como determinantes, ficando o cidadão distante de inclusive opinar.
Com o projeto até agora apresentado teremos na verdade uma avenida expressa, não levando em consideração o grande fluxo de pessoas que circulam na área.
Aliás, o povo que se exploda.
E Agora José, o que dizer para o cidadão que paga impostos???????
O marinha deve ser suficiente para absorver água ali.
Se fosse suficiente por si só, não teríamos os alagamentos que durante décadas atormentava quem morava na José de Alencar e arredores, e que só foram resolvidos depois que fizeram aquele piscinão perto do Beira-Rio e o novo sistema de drenagem.
http://folhadoporto.blogspot.com.br/2007_01_01_archive.html
Bem, com certeza o Marinha não vai chupar a água de todo menino deus. Mas a borges é colada nele.
E veja, aquela região do beira rio é um aterro. E o menino deus sempre foi alagadiço, antigamente inclusive inundava por causa do dilúvio.
Mas concordo que estâo fazendo outra via expressa onde deveria ser valorizado o pedestre, estão cercando o marinha.
Show de bola!
Não sabia desse projeto. Espero que executem essas obras o quanto antes, pois o trânsito nessa região é um caos, principalmente no cruzamento com a Ipiranga.
Alguém sabe dizer se na obra está incluída a pavimentação asfáltica da Borges, entre a Ipiranga e a José de Alencar? É um absurdo uma avenida como a Borges ainda possuir apenas paralelepípedos, que por sinal está toda ondulada e torna a avenida bastante escorregadia.
A pavimentação executada em Porto Alegre além de mal planejada é de péssima qualidade. Recapeamento feito na Sertorio em dezembro de 2012 já está todo ondulado e criando buracos. Paralelepípedos deveriam ser utilizados em ruas de bairro. Com baixo tráfego. A água infiltra no solo e não gera alagamento. Já o asfalto deveria ser utilizado em vias de maior tráfego, como as nossas avenidas. A prefeitura tem feito tudo ao contrario. Asfaltou todo o bairro Sao Geraldo, criou novos pontos de alagamento, enquanto a Borges segue com seu paralelepípedo sabão em dias de chuva.
Um dos motivos pelo qual a Borges não é pavimentada é a própria infiltração da água. Aquela é uma região propícia a alagar, o que é diminuído pelo paralelepípedo, que na minha opinião não significa descaso com as ruas. Pelo menos aquele é o tipo de paralelepípedo bem feito, com todas as pedras retas e organizadas.
Mas para isso tem um parque enorme, 74 hectares, ao lado da avenida …. mas parece que é tombado… por isso que não pavimentam.
Além da questão histórica (tombado). Motoristas que dirigem com segurança e atentas as sinalizações de transito não sofrerão acidentes, seja no sabão, terra, areia, etc.
Mais uma vez, o cruzamento é péssimo mesmo mas poderiam buscar outra solução.
O paralelepipedo é tombado então infelizmente fica.
Esse binário vai ter ciclovias? Alguém tem essa informação?
Uma coisa que me incomoda é essa calma de deixar as coisas para depois. Arrisca oras! Faça a coisa acontecer no tempo previsto. Obras da copa foram deixadas para depois porque não ia dar tempo. Ah, então deixa para depois. Não vejo esforço para fazer as coisoas acontecerem no tempo previsto.
No sul do estado deixaram para inaugurar o último treco da duplicação da BR 392 depois do carnaval. Não seria melhor ter a estrada toda duplicada para atender a alta demanda do Carnaval?
Enfim, apenas um desabafo. Se estivesse na posição de gestor de obras públicas o negócio ia ser diferente.
Ta no texto que os canteiros centrais não serão retirados. Creio que apenas vão inverter o sentido de algumas pistas, mais nada. E considerando que não vai haver construção de nada, nem alargamento, quase certo que não vai haver ciclovia.
Acho que vão mexer na praia de belas no trecho Ipiranga – centro. Espero que não roubem um pedaço da praça na frente do IPERGS que nem foifinalizada, está em revitalização.
Tem uma ciclovia nova ali na beira-rio e um parque bem grande. Na minha opinião existem outras avenidas com mais urgencia de criação de ciclovia. E falando nisso, acho que deveria ter menos burocracia na prefeitura e “chatocracia” do portoalegrense quanto a criação de alternativas de transporte. Se não houvesse tanto mimimi haveriam muito mais ciclovia na cidade.
Bem, eu já mencionei outras vezes que não gosto de binários pois costumam aumentar a velocidade da via, aumentando junto o risco de mortes. Lembrem que perto do shopping (ou do IPERGS) há bastante fluxo de pessoas, então os pedestres são possíveis vítimas principalmente no sabão da Borges. Para mim o mais importante era acabar com aquelas sinaleiras de mil tempos nas esquinas com a Ipiranga, achando outra solução para alças de retorno, sei lá.
Mas tem um lado bom, ao menos os pedestres não precisarão mais esperar dois ciclos completos de sinaleira para fazer a travessia, hoje é o que acontece ao chegar nos canteiros centrais. Ao menos assim espero.
Uma solução para o caso dos pedestres seria rebaixar a via próximo aos pontos de travessia. É uma solução cara, mas que vale a pena se pensarmos no número de possíveis vitimas a longo prazo.
Uma solução para o caso dos pedestres seria fiscalizar e multar motoristas que desrespeitam os pedestres que tentam atravessar na faixa. É uma solução barata, e que vale a pena se pensarmos nas possíveis vítimas a longo prazo.
Inclusive, com se tipo de fifiscalização ee multas, os pedestres perceberão que na faixa de segurança existe segurança.
Até concordo mas o que a eptc é criar bretes (gradis) para os pedestres. Aqui vale a lei do forte.
Eu detesto binários. Pois não vai ajudar em nada. É totalmente paliativo. As pistas continuam as mesmas….
Sim, e esteticamente fica feio, só dar uma olhada na Venâncio Aires como fica estranha quando vira binário.
O que muda mesmo são os cruzamentos, pensa naquele horror da esquina da Borges com a Ipiranga. Por não ter o sentido da contramao não deve mais engarrafar tanto.
A pergunta é: o que ficará pronto a tempo da Copa?
Nada, e essa obra será atrasada por causa da copa 🙂