Proteste avalia ciclovias em 12 capitais: resultado preocupante

Quem é ciclista sofre: não há sinalização, nem orientação.

cicloviaAs ciclovias estão longe de atender bem aos seus moradores e visitantes. Falta de tudo: estrutura adequada de circulação, interligação entre as vias, orientação para os ciclistas, placas indicativas de rotas e, o principal, segurança.

Na maioria das 12 capitais integrantes do estudo, a PROTESTE Associação de Consumidores constatou ciclovias espalhadas sem cumprir a função de levar as pessoas a diferentes destinos, com exceção de um trecho no Rio de Janeiro.

O país prometeu muito em termos de mobilidade urbana para a Copa do Mundo, mas pouquíssimo foi cumprido. Essas obras, que fariam parte do legado prometido à população, não saíram do papel.

Em Brasília, as promessas de novas rotas e maior mobilidade não saíram totalmente do papel. As ciclofaixas estavam em péssimas condições, com a tinta no chão gasta e a sinalização inadequada. Havia muitos trechos em construção, mas com baixa qualidade. Além disso, deixavam a desejar na qualidade das vias, sinalização e a funcionalidade, por não interligar as principais áreas da cidade.

Em Manaus, as ciclovias são restritas aos parques – e são muito curtas. Não é possível usar esses espaços para outras atividades cotidianas que não sejam o lazer do final de semana.

Cuiabá também precisa urgentemente cuidar dos poucos quilômetros de ciclovias e ciclofaixas que tem e falta criar novas áreas para os ciclistas. As existentes estavam em péssimas condições e não servem para melhorar a mobilidade, não sendo alternativas seguras. A PROTESTE constatou total descaso: falta de sinalização, lama, abandono de materiais de construção na pista e até mesmo o uso do espaço como acostamento.

Em Natal, o maior e principal trecho de ciclovia (cerca de 8 km) segue a orla da reserva do Parque das Dunas. Ela é separada da via e pintada na cor vermelha. Mas não tinha sinalização, alguns trechos estavam quebrados e a vegetação da praia invadia a pista. Nos trechos de travessia de veículos, não havia sinalização e havia postes no meio da via.

As ciclovias de Curitiba estavam bem sinalizadas, embora sofram com o vandalismo. As condições das vias poderiam ser melhores, mas nada que impedisse a circulação. As ciclovias primam pela indicação de atenção aos cruzamentos, travessia de carros e pedestres e orientação ao destino. Pensar em novas rotas dentro dos bairros com destino ao centro é um ponto de melhoria.

Em Porto Alegre, as ciclovias são pequenas (menos de 15 km), não são interligadas, mas a maioria é bem sinalizada. Causou estranheza uma ciclofaixa no centro da cidade, bem pequena (menos de 1 km dividida em dois trechos e cortada por uma praça). A via contava com muito lixo e pouco respeito dos pedestres. E poderia ser maior e interligar a outros lugares.

São Paulo conta com cerca de 43 km de ciclovias, divididas em cinco diferentes trechos. O mais importante é o da Marginal do Rio Pinheiros, com quase 22 km. O percurso é bem sinalizado e isolado dos carros, com guarda-corpos para evitar quedas no rio, e integrado a algumas estações de trem. A segunda mais importante é a da Radial Leste, com boa sinalização e bem protegida. Mas havia alguns pontos com falta de limpeza, mas nada que atrapalhasse os ciclistas.

O Rio de Janeiro conta com a maior malha cicloviária do Brasil e uma das maiores da América Latina, com 366 km. Mas ainda falta indicações de destinos. E as ciclovias construídas na Zona Oeste, principalmente as próximas ao BRT na Avenida das Américas, não tinham sinalização, apresentavam péssimo acabamento e a travessia de uma calçada para outra não era adequada. Também havia postes no meio da via, interrompendo o tráfego de bicicletas.

Em Belo Horizonte, há 50 km de ciclovias espalhadas pela cidade. Elas estavam bem sinalizadas. As ciclofaixas, em determinados locais, eram separadas por pequenos blocos de concreto, o que é muito bom, mas isso não ocorre em toda sua extensão. No geral a sinalização era boa, embora não houvesse qualquer sinalização para orientar especialmente o ciclista. Não havia indicação de até onde a ciclovia pode levar, e por serem curtas, não interligam os bairros.

Fortaleza dispõe de 74 km de ciclovias e ciclofaixas. A ciclovia da Avenida José Bastos, que é nova, estava com problemas de conservação e sinalização. Ela foi criada sobre o canteiro central, mas os postes e placas para auxiliar os motoristas acabaram ficando dentro da ciclovia, podendo causar acidentes aos ciclistas.

No Recife, as pistas da orla estavam sinalizadas e conservadas, e é possível alugar bicicletas. Não são retas e fazem pequenos ziguezagues, para que o ciclista não corra, pois o tráfego de pessoas em direção à praia é intenso. O ponto negativo é que não há ciclovia nas ruas que dão acesso à orla, limitando o acesso dos ciclistas.

Em Salvador, um bom trecho da ciclovia da orla que vai da região de Pituba até Itapuã foi reformado, assim como a nova orla da Boca do Rio, que foi recentemente inaugurada e atrai pessoas de todas as idades. A ciclovia da Boca do Rio poderia ter melhor conservação e sinalização. Também não há ligação dessa ciclovia com outras áreas da cidade, o que é um erro frequente por parte dos urbanistas – e que acaba prejudicando quem busca esses espaços para lazer e para se deslocar rumo ao trabalho ou à escola.

Para a avaliação a PROTESTE percorreu, em fevereiro, ciclovias de 12 capitais brasileiras, para verificar se estão bem conservadas e sinalizadas e, ainda, se os pedestres e motoristas respeitam esses espaços. O objetivo era verificar a eficácia para a mobilidade de cada cidade analisada e seus impactos.

A conclusão é que é preciso definir novas metas para as ruas, a fim de atender à demanda dos ciclistas e, assim, reduzir os acidentes com veículos e os congestionamentos. Melhorar o transporte e implementar ciclovias também incentivam o comércio local e promovem um estilo de vida mais saudável. Por isso, devemos exigir que as cidades que abandonaram as ciclovias em seus projetos de mobilidade urbana venham a público se justificar e estabelecer novos planos para que futuramente eles possam sair do papel.

Fonte: Proteste – Associação de Consumidores



Categorias:Bicicleta, Ciclofaixas, ciclovias

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8 respostas

  1. Porto Alegre menos de 15 km de ciclovias bem sinalizadas pra ficar bem nas fotos. Está explicado.

  2. Vocês viram como SP está pintando os 400km de ciclovia que estão sendo criadas? Só uma faixa vermelha em vez de toda pista, sem sabão para os ciclistas lá.

  3. Das capitais, provavelmente Porto Alegre possui as piores ciclovias…

  4. Além de não serem interligadas, como diz o artigo, não são finalizadas nunca.

    Ontem a prefeitura já estava apresentando uma nova, na Santa Cecília. Ou seja, logo começa mais uma ciclovia mas vejamos quais estão em obras:
    – Av Ipiranga (desde setembro de 2011)
    – Av Beira Rio (o trecho que começa perto do novo viaduto e vai quase até o Iberê foi iniciado e não finalizado)
    – Av Loureiro da Silva (desde Fevereiro de 2014)

    Isso tudo sem mencionar a calçadovia do Gasômetro ou as três ciclovias unidirecionais e desconectadas do bairro Cristal, entre outras.

  5. Ontem resolvi fazer o trajeto até meu trabalho de bicicleta . Tem que ter MUITA coragem pra arriscar a vida disputando espaço com os carros. No trajeto que fiz, Jardim Botânico/Menino Deus ainda pego um pedaço da ciclovia. Sempre li reclamações sobre a tal ciclovia e achava que não devia ser tão ruim como diziam… e poxa… não faz muito tempo que fizeram e já está sucateada em VÁRIOS trechos, além da impressão de terem feito de qualquer jeito… Resumo… ainda não vale a pena usar a bicicleta.

    Pois é, não foi dessa vez que vou deixar de pegar o T1 Lotado.

    • heheh eu acho ela até pior do que dizem, ainda bem que não preciso dela no meu dia-a-dia.

      Tens que ver se no teu trecho não tem rotas alternativas mais seguras. Essas estruas (como a Ipiranga) são complicadas de pedalar. Não rola vir por dentro do Santana?

      • Pois não tinha pensado em atravessar o santana… pode ser que seja uma alternativa. Meu destino é a Botafogo.Eu segui pela La plata ali no Jd Botânico e segui pela Ipiranga, depois entrei na Erico!

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