A Mobicidade contatou o Ministério dos Transportes (MT) nessa segunda-feira, questionando a previsão de ciclovia nas obras de ampliação da BR-116, cujo edital será publicado nesta sexta-feira.
Confira abaixo, a mensagem enviada ao MT:
Prezadas senhoras e prezados senhores,
A Mobicidade vem, através deste, questionar se o edital das obras da BR-116 na Região Metropolitana de Porto Alegre, preverá a implementação de ciclovia.
A criação de uma ciclovia interligando as cidades da Região Metropolitana é urgente, pois embora sejam separadas por poucos metros, os limites entre os municípios são verdadeiros muros que impedem o direito de ir e vir dos cidadãos entre essas cidades, permitindo apenas a passagem de automóveis.
Hoje a BR-116 é a principal ligação entre os municípios de Porto Alegre, Canoas, Sapucaia, Esteio, São Leopoldo e Novo Hamburgo. Entretanto, essa rodovia não apresenta um acesso seguro para quem deseja fazer esse trajeto em bicicleta, e a situação será mais precária ainda após a extinção das ruas laterais.
No entendimento da Mobicidade é inadmissível que uma obra desta envergadura, que atravessa o coração da região mais povoada do Rio Grande do Sul, não contemple a construção de acesso seguro e segregado para os usuários de bicicletas.
Salientamos que não incluir no planejamento uma via segura para ciclistas é em nossa opinião uma violação do Artigo XIII da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário, que diz:
“Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.”
É cercear a liberdade daqueles que não tem condições de ter seu automóvel particular ou optam por fazer seus deslocamentos utilizando um transporte limpo que contribui para a redução dos congestionamentos, a bicicleta. É priorizar os deslocamentos motorizados de grandes distâncias sobre a vida das pessoas das comunidades que essas vias atravessam, mantendo as cidades divididas, e dividindo-as mais ainda. É importante que todo projeto dessa magnitude e com tamanho impacto nas comunidades locais leve em conta as necessidades dos habitantes da região e os deslocamentos em pequenas e médias distâncias.
Numa situação como essa, vale levar em consideração também a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), Lei nº12.587 de 3 de janeiro de 2012, que em seu Artigo 5º declara os princípios sobre os quais está
fundamentada, entre eles:
“I – acessibilidade universal;
II – desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões socioeconômicas e ambientais;
[…]
VI – segurança nos deslocamentos das pessoas;
VII – justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes modos e serviços;
VIII – equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros;”
E seu Artigo 6º que afirma que:
“A Política Nacional de Mobilidade Urbana é orientada pelas seguintes diretrizes:
II – prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado;”
A PNMU tem ainda por objetivos — estabelecidos em seu Artigo 7º:
“I – reduzir as desigualdades e promover a inclusão social;
II – promover o acesso aos serviços básicos e equipamentos sociais;
III – proporcionar melhoria nas condições urbanas da população no que se
refere à acessibilidade e à mobilidade;
IV – promover o desenvolvimento sustentável com a mitigação dos custos
ambientais e socioeconômicos dos deslocamentos de pessoas e cargas nas
cidades; e
V – consolidar a gestão democrática como instrumento e garantia da
construção contínua do aprimoramento da mobilidade urbana.”
E finalmente o Artigo 16º dessa mesma lei, que diz:
“§ 1º A União apoiará e estimulará ações coordenadas e integradas entre
Municípios e Estados em áreas conurbadas, aglomerações urbanas e regiões
metropolitanas destinadas a políticas comuns de mobilidade urbana,
inclusive nas cidades definidas como cidades gêmeas localizadas em regiões
de fronteira com outros países, observado o art. 178 da Constituição
Federal.”
Por estar essa obra no centro da Região Metropolitana e fazer a ligação
entre diversas cidades importantes e entre diferentes bairros de Porto
Alegre, é inegável que servirá para conexões urbanas e metropolitanas e,
assim sendo, a Política Nacional de Mobilidade Urbana deve nela ser
aplicada.
É fundamental ao fazer tal obra, garantir a mobilidade de todos,
indiferente do veículo que escolham para seus deslocamentos, para que elas
não cerceiem os direitos da população local e dêem uma opção segura e
confortável para aqueles que usam meios de transporte não poluente.
Por isso, acreditamos que é dever do Governo Federal, através do
Ministério dos Transportes e do DNIT garantir que todas futuras
modificações realizadas próximas a centros urbanos garantam deslocamentos
seguros para a população local que se desloca a pé e em bicicleta e
portanto pedimos a inclusão de ciclovia no edital da BR-116, bem como a
inclusão de faixa exclusiva para ciclistas em todas futuras modificações
nas rodovias que ligam Porto Alegre e as demais cidades da região
metropolitana.
Atenciosamente,
MOBICIDADE – Associação Pela Mobilidade Urbana em Bicicleta
Fonte: Mobicidade
Categorias:Outros assuntos
Tá cada vez mais engraçada as “reivindicações”.
Daqui a pouco vão pedir ciclovia junto as pistas do aeroporto, sabe como é, direito de ir e vir.
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E o pior é que grande parte da população não utiliza essas vias, isso que me indigna.
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Uau, baita comparação. Direito de ir de Canoas a POA pedalando é a mesma coisa que andar de bicicleta numa pista de avião que acaba em lugar nenhum.
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Não entendo como querem uma ciclovia junto à uma rodovia interestadual, uma via expressa. É quase a mesma coisa se quisessem colocar uma ciclovia ao lado dos trilhos do trem, nos trilhos anteriormente utilizados pela linha Porto Alegre – Uruguaiana, dentro dos alambrados do trem. Aquele é um espaço destinado ao trem, assim como as BR são espaços destinados à veículos em alta velocidade.
Daí vem alguém de mimimi, dizendo que eu estou defendendo o “carrocentrismo”, a cultura do carro, altas velocidades…
Reconheço que falta ciclovias em toda a RM, mas seria muito mais útil fazer ela nas ruas paralelas à BR, quem sabe na Guilherme Schell, na Victor Barreto, na Venâncio Aires, mas na BR é simplesmente loucura. A alta poluição sonora e ambiental pode ser prejudicial à saúde de ciclistas e pedestres a beira da BR.
Realmente, seria bem legal uma ciclovia metropolitana, pois existem muitos ciclistas que fazem o percurso Canoas Porto Alegre, mas principalmente, entre Esteio Sapucaia e São Leopoldo Novo Hamburgo, porém, não na BR, e quem sabe até com pontes próprias sobre os rios dos Sinos e Gravataí, exclusivas para pedestres e ciclistas, como há em alguns países, uma via expressa para ciclistas, como foi feito se não me engano na Alemanha.
Quanto à BR 116, ainda sonho com o dia em que ela se torne algo parecido com isso:

Só que com a linha da Trensurb (devidamente segregada) no lugar do BRT.
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Claro que seria melhor em uma secundária, mas a verba está sendo liberado para uma BR então é a hora de reinvidicar 😛
Não considero “mimimi”, a questão é que não há discussão sobre essa ciclovia metropolitana e, olha só, tu deu umas ideias boas!
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Tenta ver se agora consegue abrir a foto, é de uma via expressa em Lima.
E ainda que o dinheiro está sendo destinado à uma BR, tu se sentiria seguro e confortável circulando ao lado de uma via com veículos circulando de 80 à 100 km/h? E olha que boa parte do fluxo da BR é de caminhões pesados. Além da velocidade dos carros, a poluição é uma das coisas que ciclistas amigos meus reclamam.
Será que não é agora a hora de pensar em uma ciclovia metropolitana ao invés de simplesmente enjambrar uma na BR (que eu já não sei de onde vão tirar espaço para alargá-la)?
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Eu já concordei que não é a melhor solução 🙂
Se fosse fazer ali teria que segregar bem segregado. Não que tenha a mesma dimensão ou tráfego, mas olha como é na Harbor Bridge de Sydney http://www.rms.nsw.gov.au/roadprojects/projects/shb_precinct/nth_cycleway.html
Não consegui abrir a foto.
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Minha última tentativa, tenta ver se abre agora.
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Agora abriu, valeu!!! 😀
Achei bacana o lugar, mas não é similar a nossa 116 mas com um BRT em vez de trem?
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Acabou indo a imagem errada. Vou tentar colocar de novo, mas caso não abra, é uma via experessa que deve estar rebaixada uns 6 metros em relação ao nível do solo no local. No caso, ela não chega a ser tapada, tem somente passarelas sobre ela, mas como a via já está mais baixa, a passarela e o viaduto são planos.
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Ahhhh sim, isso é muito bom mesmo. Eu vi algo parecido na Cidade da Guatemala. Fica bem menos aquele aspecto de “cidade dividida”.
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Não consegui abrir tua foto.
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http://www.opencyclemap.org/?zoom=6&lat=47.71549&lon=5.66053&layers=B0000
As linhas vermelhas são ciclovias ou trilhas cicláveis.
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Que massa. Interessante que a França é praticamente circulada por cicláveis.
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Tão zoando né, aonde vamos parar? Que país há uma ciclovia junto a uma rodovia interestadual?
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Além do que, NÃO existe mais espaço na BR116, nem acostamento tem mais.
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Um país que não valoriza o quesito de segurança dos motoristas e que coloca a culpa neles quando algo dá errado. Ao invés de construir rodovias de qualidade, quando batem a culpa é dos motoristas.
Não tem acostamento em boa parte da freeway na entrada de Porto Alegre por causa da ampliação dela pra rodovia do parque, isso é patético. Um trecho urbano que tem uma grande chance de acidentes. Um acidente para a rodovia inteira. Sem falar as saídas à esquerda no trevo 290+116 no aeroporto, aquilo é um gargalo imenso.
O trevo da rodovia do parque com a freeway também é perigoso, ele foi construído de maneira a ficar visualmente agradável e economizar um pouco de dinheiro e ficou de tal maneira que a velocidade deve cair à metade ao pegar qualquer rampa, por causa das curvas serem muito fechadas.
Não vejo esperança pra essa cidade em questão de rodovias, tudo é uma porcaria.
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Então qual a outra proposta? Deixar como está por que está bom?
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Não viaja… na própria 101 tem vários trechos com ciclovia nas vias laterais.
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Pois há espaço para tal. Mas ok, quer meter uma ciclovia ali, blz, só não chora depois, e nem protesta, pois foram os próprios que pediram para colocar uma ciclovia onde não devia.
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Brasil. BR-101.
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A ideia é interessante. Mas com a educação do motorista gaúcho, não faltará panquecas espalhadas ao longo da rodovia.
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Na realidade o único meio de transporte que se tem de verdade entre PoA e Canoas é o trem, pois deslocar-se de ônibus é terrível e de carro, em certos horários nem pensar.
Acho que uma grande quantidade de pessoas usaria a bicicleta entre a zona norte de PoA e Canoas para ir e voltar ao trabalho, uma vez que a conexão entre as duas cidades é completamente não integrada.
Da praça do Avião em Canoas até o começo da Farrapos dá cerca de 10km, ou seja entre 30 e 40min de bicicleta. Duvido que se faça isso de carro no horário de pico.
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E o que é melhor: terreno absurdamente plano! não tem nem a desculpa de que tem muita lomba no caminho….
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Quanto drama.
hahahaah
“Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.”
Quem vê parece que se não for de carro, não pode transitar entre as cidades, mesmo tendo o trem, ônibus e ate mesmo as pernas pra isso.
Eu acho loucura pedalar na 116, mesmo com uma ciclovia, se fosse pra fazer isso, só depois de rebaixar o trem e criar um espaço entre as vias com algum tipo de proteção.
Ou então que façam isso pelas ruas de dentro.
A 116 é uma das rodovias mais movimentadas do Brasil, com um enorme fluxo de ônibus e caminhões, mesmo com forte movimento, é uma rodovia de velocidade, com a retirada das pistas laterais vai se tornar um risco enorme para as pessoas, tanto ciclistas como pedestres, principalmente na madrugada quando tem um monte de bebados circulando entre as cidades.
A 116 deveria ser aquelas auto estradas americanas, que separam completamente pedestres dos veículos, mas no Brasil nada sai direito, ficou como ta.
A melhor coisa pra região seria aterrar a 116 e o trem, isso salvaria quilometros de areas degradadas das cidades.
Alias, o melhor que deveriam fazer, era transformar a 116 numa avenida comum, e criar uma rodovia para essa capacidade de fluxo por fora das cidades, algo como a rodovia do parque, mas com mais faixas para cada sentido.
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Não sei por que direito de ir e vir e de escolher seu meio de transporte é drama, e a frase é da declaração dos direitos humanos e não da Mobicidade.
Tu acha que dá pra vir a pé de Canoas? Ou que o trem é uma opção boa? Se pudesse levar as bicicletas nele eu até concordaria, mas ele vem lotado de gente e sem essa opção.
Mas também acho que podem ser feitas ciclovias pelas ruas de dentro, seria até melhor. O ponto é tentar encaixar a viabilização de ciclovia nesse projeto.
Sobre enterrar o trem, até acho uma boa, daria espaço para aumentar a estrada e fazer pistas de bicicleta ou até corredores verdes. Mas é muito caro e não acho que melhoraria a degradação do entorno se a ideia é fazer uma estrada “estilo americano”.
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A 116 integra um eixo importante, acho que faria sentido. Talvez não nela, mas nas paralelas, conheço gente que vem pedalando pela Guilherme Schell de Canoas… até rola, mas é ruim.
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on topic: As cidades da serra já perceberam o valor econômico e turístico da bicicleta:
http://espn.uol.com.br/noticia/426916_cidades-gauchas-lancam-rota-cicloturistica-em-conjunto-bike-e-legal
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A serra sempre deu uma aula de como evoluir pro resto do RS e pro BR.
Sabe aquilo que falam que o RS é melhor e tudo mais? Se referem à serra e aos vales do rio pardo e taquari, porque o resto do estado parou no tempo.
No mais, bela iniciativa. Já vi muita ciclovia no interior.
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