Euclides Bitelo
Portal do Governo do Estado do RS
Após 55 anos de história, incluindo motins e superlotação, o Presídio Central de Porto Alegre começou a ser demolido nesta terça-feira (14). Composta por seis pavilhões, com capacidade para abrigar 1,6 mil presos, esta é a maior casa prisional do Rio Grande do Sul. Mas o local já chegou a abrigar mais de cinco mil detentos e, atualmente, com a retirada dos presos do pavilhão C, conta 3,7 mil internos.
Exatamente às 10h da manhã, uma marretada do secretário da Segurança Pública, Airton Michels, na parede do Pavilhão C, simbolizou o início da demolição do Central. A previsão é de que o serviço leve 45 dias, com funcionários trabalhando (alguns deles detentos) de segunda a sexta-feira. O Pavilhão D será o próximo a desaparecer do mapa carcerário do Rio Grande do Sul.
Todo o serviço, no C e D, custará R$ 1,1 milhão. “Não é um simples ato de esvaziar, transferir e demolir o Central, mas uma nova visão de como lidar com o problema da criminalidade. Uma visão mais humanizada, mas ao mesmo tempo dura com os presos, com maior disciplina e oportunidades para a reabilitação”, destaca Michels.
Novas vagas
Conforme estimativas do Governo do Estado, com a abertura de novas cadeias e criação de novas vagas no sistema carcerário gaúcho, até o final do ano, serão geradas vagas suficientes para reduzir a população do Central a 500 detentos até o início de 2015. O planejamento estratégico elaborado para o esvaziamento da casa prisional começou em junho, com a remoção de 847 detentos para outras casas prisionais.
“É um momento importante, pois concretiza essa idéia que temos de mudar o sistema prisional do Estado. Este presídio que tanto envergonhou os gaúchos será substituído por cadeias modernas e com melhores condições para os apenados e para os trabalhadores da Segurança Pública”, afirma o superintendente dos Serviços Penitenciários, Gelson Treiesleben.
Fim de uma era
Inaugurado em 1959 para abrigar os presos de Porto Alegre, o Central, situado no bairro Partenon, passou por diversas reformas, ampliações e melhorias. Nada disso foi suficiente para amenizar a situação no local, que foi considerado o pior do país pela CPI do Sistema Carcerário do Congresso Nacional. As imagens que chocaram o país, mostrando as condições inóspitas do presídio, como superlotação, esgoto correndo a céu aberto, proliferação de doenças e risco de incêndio, levaram o Brasil a ser denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, organismo ligado à Organização dos Estados Americanos (OEA).
Michels disse que este é o cenário que ele espera encerrar até a metade do próximo ano. A escolha do pavilhão C, o menos abarrotado e que abrigava cerca de 370 condenados, considerados menos violentos, deve-se à sua localização e à facilidade para transferência dos detentos. Além disso, o local já sofreu com motins, como em meados de 2008, quando presos destruíram a terceira galeria (terceiro andar), deixando o local como se tivesse sido devastado.
Quando chovia, antes do local ser reformado, apenados dormiam em redes penduradas no forro, pois as celas eram inundadas. Para o Major Dagoberto Albuquerque, diretor do Central, este é um grande momento para a Segurança Pública do Rio Grande do Sul. “Estou muito feliz com este momento que é histórico. Costumam dizer que o Central é uma bomba relógio, pois estamos desarmando este explosivo e entregando um novo modelo carcerário para os gaúchos”.
Planos para o futuro
Após a demolição dos pavilhões C e D, que ficam lado a lado dentro do complexo penitenciário, os prédio A, B, E e F também irão ao chão. A ideia é manter os pavilhões G, H, I e J, cuja construção ocorreu nos anos mais recentes. Todos foram entregues em 2008, mas o pavilhão J teve parte de sua estrutura destruída em um motim, no mesmo ano. Acabou reinaugurado em 2011. Nestes locais a Susepe prevê uma nova cadeia para 1,5 mil presos temporários de Porto Alegre.
A cozinha, reinaugurada em 2012, ao custo de uma reforma de R$ 1,2 milhão, também será mantida, juntamente com os prédios administrativos, que contam com estrutura completa e auditório, que, segundo Michels, deve ser entregue para o uso da comunidade. “Podemos abrir ruas e praças onde hoje estão localizados os pavilhões que serão demolidos, e mesmo mantendo uma cadeia para presos provisórios, o restante será reformulado para servir à comunidade”, garante o titular da Segurança Pública.
Penitenciária de Canoas
Os presos dos pavilhões C foram transferidos para a Penitenciária de Charqueadas e outros presídios do interior do Estado. Presos de outros pavilhões que serão destruídos na seqüência seguirão o mesmo caminho, com a inauguração da Penitenciária Canoas I, hoje com 95% do projeto edificado e previsão de 393 novas vagas imediatas.
A Susepe também confirmou o avanço da construção da Penitenciária de Guaíba, prevista para ser concluída em novembro, com 672 novas vagas. Já o Complexo Prisional de Canoas, com 2.415 vagas, deve ficar pronto em dezembro. Desde 2011, já foram aplicados R$ 270 milhões no sistema prisional do Estado.
SUL 21 e Portal do Estado do RS
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Os fotógrafos tiveram que ser rápidos. Manter uma marreta no alto por alguns segundos é uma tarefa hercúlea para quem nunca pegou no pesado a vida toda. Será que a marreta da foto não é de plástico? hehe
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Olha…eu já tinha visto várias obras serem iniciadas simbolicamente com o lançamento da pedra fundamental, vi vários lançamentos de navios com a champanhada no casco, com autoridades e celebridades comparecendo à cerimônia. Mas é a primeira vez que eu vejo uma autoridade inaugurando uma demolição de obra. “A marretada fundamental”. Nem na queda do Muro de Berlim acho que fizeram um cerimonial oficial do marretaço. Nossa capacidade de marketing supera-se a cada dia. Coisas de uma república de fachada. Zé Simão, tu tens razão! O Bra”z”il é o paí”z” da piada pronta.
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“A marretada fundamental” foi ótima!
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Ridículo esses políticos com martelos, “simbolismo” mais imbecil…
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Até para derrubar um presídio tem que colocar uma “otoridade” posando para a foto com uma marreta na mão.
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más noticias para os especuladores imobiliarios que acharam que o presidio sairia por inteiro de la
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