Praça da Matriz será revitalizada

Restauração pode trazer novidades históricas sobre o passado da Capital

Mauren Xavier

Praça da Matriz será revitalizada em 10 meses | Foto: Tarsila Pereira

Praça da Matriz será revitalizada em 10 meses | Foto: Tarsila Pereira

Palco de grandes manifestações políticas e populares, a Praça da Matriz será restaurada. O projeto foi entregue pela coordenação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas de Porto Alegre nesta semana à Caixa Econômica Federal, que é responsável pela liberação dos recursos. O contrato deve ser assinado até o final do ano para que seja aberta a licitação. O projeto aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tem valor estimado em R$ 3 milhões e prazo de 10 meses de execução.

Está prevista a restauração dos passeios de pedras portuguesas do início do século passado e da iluminação que será ampliada, mais a reforma de todos os bancos e dos gradis. Além disso, haverá a retirada do asfalto das ruas que fazem o seu contorno, dando vida novamente às grandes pedras, como na avenida Sepúlveda.

Ponto turístico, a Matriz, que oficialmente se chama Marechal Deodoro, está cercada pelo Palácio Piratini, pela Assembleia Legislativa e pelo Palácio da Justiça, representando a praça dos Três Poderes. Compõem o cenário ainda o Teatro São Pedro, o Memorial do Ministério Público e a Catedral Metropolitana. Mas o seu valor histórico e simbólico é bem maior do que sua localização. Foi na Matriz que a cidade de Porto Alegre efetivamente começou, uma vez que estava localizada no ápice de uma colina e de onde era possível controlar as embarcações e a movimentação no entorno, recorda o historiador Sérgio da Costa Franco. “A Praça da Matriz foi cenário de quase tudo o que aconteceu na política gaúcha, desde a Monarquia até os dias atuais”, lembra.

Com o início da restauração existe a expectativa de importantes descobertas históricas. Há relatos de que embaixo da praça esteja o primeiro cemitério da Capital. Assim, a obra será acompanhada de arqueologistas e historiadores. “Aprendemos muito durante a obra de restauração da Praça da Alfândega. Sabemos que poderemos encontrar muitas coisas durante a obra”, ressalta Briane Bicca, que coordena o PAC Cidades Históricas de Porto Alegre.

Principais acontecimentos ocorridos na praça

Pronunciamento militar dos Menna Barreto em solidariedade a Dom Pedro I (19 de junho de 1823).
Recepção ao imperador dom Pedro II (1865).
Aclamação da República (1889).
Deposição de Júlio de Castilhos (1891) e recondução ao governo (1892).
Manifestações de grevistas que paralisaram a cidade (1917).
Sessões na Assembleia Legislativa que reconheceram a reeleição de Borges (1922), estopim da Revolução de 1923.
Atos da Constituinte Estadual (1947).
Campanha da Legalidade (1961).
Sessões da Constituinte no Palácio Farroupilha (1989).

Fonte: Memorial do Ministério Público

Correio do Povo



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22 respostas

  1. Mas sobre tirar o asfalto, achei ótimo. Será que o paralelepípedo na frente do palácio vai ter o desenho que tinha?

  2. Nessas horas a gente vê a falta de importância que se dá para prazos. Se vai haver trabalho arqueológico é OBVIO que vai levar mais de 10 meses. Ela é antiguíssima e esse tipo de trabalho é minucioso e complexo.

    Veja, não sou contra fazer isso, até acho importante. Mas é assim que abrem uma cratera que nunca é fechada.

  3. Esta praça é linda, um dos pontos mais atraentes da capital. Espero que façam um trabalho decente e que tenham o mínimo de capacidade de aplicar proteção anti-pixação nos monumentos, porque é algo fácil de ser feito e fundamental né. Vide:

  4. Olha toda semana a PMPA informa que vai restaurar algo. Mas eu tenho sempre a sensação do que eles estão reformando, não é o que realmente importa.

  5. Legal. Mas nenhuma revitalização da praça será eficaz se as árvores não tiverem suas copas levantadas drasticamente e podadas, para que os monumentos nela e os prédios em volta possam ser vistos.

  6. Eu só queria mesmo saber quando é que iremos restaurar o fundamental; o povo.
    Podem deixar o monumento impecavelmente limpo; o povo irá vandalizá-lo no minuto seguinte. Podem deixar os bancos maravilhosos; o povo irá destruí-los na hora seguinte.
    Podem varrer o lixo, a mendigagem, vadiagem e drogadição; a imundície retornará no dia seguinte.
    Administrar não é gerenciar as consequências. É, principalmente, gerenciar as causas. A nossa pífia legislação e sistema penal deixa qualquer gestor refém da permissividade do estado. (Isso sem falar da própria incompetência e ineficiência da PMPA)

    • Pergunte a Curitiba.

    • Prezado Oscar, vou ser obrigado a discordar de você. Em qualquer lugar do mundo há vandalismo, depredação e degradação. Atá na Finlândia, na Noruega, há pichadores, por exemplo. A diferença é que nesses lugares há uma coisa chamada MANUTENÇÃO, que é feita diariamente, ou pelo menos com uma frequência adequada. Assim, os agentes degradadores do espaço público não “se criam” e o que se vê, via de regra, são espaços públicos bem cuidados.

      Qualquer ambiente, seja público ou privado, tem uma tendência natural à desordem, à entropia. É por isso que em shoppings e aeroportos, por exemplo, se vê pessoal de limpeza e manutenção trabalhando ininterruptamente.

      Por outro lado, o que vemos nos espaços públicos em Porto Alegre é o infeliz ciclo “descaso -> degradação -> revitalização”, sem que haja uma manutenção efetiva, que evitaria a necessidade de revitalização.

      • A depredação na Finlândia, Noruega, Dinamarca, Cingapura, Suíça, é uma fração da que temos por aqui. Afirmo categoricamente que naqueles países se gasta muito menos recursos públicos com o quesito manutenção, pois como as leis são muito mais rígidas, a fiscalização é muito mais eficaz e, consequentemente o povo tem muito mais medo da punição, o ente público não desperdiça um décimo do dinheiro do que gastamos cá, para tapar as cacacas feitas pelo povo.
        Coloque no papel quanto custa repor cabos elétricos e de telefonia roubados a cada semana? Lavar e repintar paredes pichadas a cada mês? Lâmpadas de iluminação pública a cada dia? Orelhões destruídos? Paradas de ônibus? Isso custa uma verdadeira fortuna ao contribuinte. Não há manutenção suficiente neste mundo capaz de dar conta de tamanho vandalismo e falta de educação.

      • Outra coisa…um pouco OFF, mas na mesma ágora da manutenção; se eu fosse administrador de shopping, colocaria câmeras de vigilância até nas cabines dos vasos sanitários. Recém reformaram completamente os banheiros do Praia de Belas e já estão pichados. Há gente que deveria ser proibida de frequentar a sociedade. São animais. Deveriam pegar os pulhas que emporcalharam os banheiros e cortar-lhes os dedos. Gente que não merece estar viva.

      • Concordo em parte com o Enrico. A Teoria da Janela Quebrada DEVE ser aplicada em POA. Mas por um prefeito firme de direita, não por um socialista esforçadinho. (com essa vou ser alvejado por negativações!:-)

        Mas também concordo com o Oscar que no Primeiro Mundo a agressão à coisa pública é muito menor por causa do nível de educação do povo.

        Mas igualmente há diferenças gritantes entre a preservação do meio público entre POA e Curitiba, ambas em matéria de respeito do povo e da manutenção da prefeitura.

  7. ^^ Pode ter certeza que nao so vao mante-la, como vao pintar em cores mais gritantes e cafonas.

  8. Tomara que tirem aquela pracinha horrorosa com balanço laranja, gangorra verde, escorredaor vermelho… Esta uma praça historica e importante! Veja se outras praças semelhantes do Brasil e do mundo têm pracinhas!

  9. Já deu pra ver que vai ser uma obra que nunca vai ficar pronta.
    Já falaram que podem encontrar um antigo cemitério no local.

    De qualquer forma, gostei da ideia de tirar o asfalto, vai ficar bem mais bonito com paralelepípedo.

    Triste é deixarem o monumento assim.

    • “A obra será acompanhada de arqueologistas e historiadores. “Aprendemos muito durante a obra de restauração da Praça da Alfândega. Sabemos que poderemos encontrar muitas coisas durante a obra” AMD! Vão achar o pinico do índio Tupãmiritã e levar 15 anos pra acabar com essa modesta revitalização. Que desastre!

    • Lamentavelmente as ações da prefeitura nunca são sincronizadas. Portanto a praça será revitalizada, e o mais urgente, que é o monumento todo pichado, não será restaurado. Isso por que a revitalização da praça é uma ação da Smam e o monumento é tarefa da secretaria de Cultura. E nada foi anunciado em relação ao monumento.

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