Eliminação de favelas – o exemplo português

Com a vinda de imigrantes das ex-colônias portuguesas (Angola, Cabo-Verde, Moçambique) começou-se a formar algumas favelas – eles chamam de bairros de lata- em Lisboa e no Porto. A situação foi, como no Brasil, deixada de lado por um certo tempo, mas o Governo Português ao longo dos últimos seis anos tem colocado no chão essas favelas, transformando-as todas em conjuntos habitacionais.

O maior bairro de latas da cidade, a Musgueira, com mais de 300 ha, foi  totalmente arrasado e as pessoas realojadas no mesmo local. Isso permitiu usar os terrenos que sobraram para construir habitação para a classe média numa tentativa de estabilizar o bairro.  Muitas vezes o Estado dá o terreno onde estão as barracas a uma construtora com a obrigação de realojar as pessoas e a possibilidade de vender ou construir nos terrenos sobrantes. Nas condições deste contrato fica ainda a obrigação das construtoras a construir um determinado número de equipamentos públicos, como escolas, jardins, equipamentos desportivos etc.

Lá o apartamento normalmente não é oferecido. A propridade é do município, ficando o usuário a pagar um aluguel em função do rendimento. O imóvel portanto não pode ser vendido para que espertinhos invadam outro terreno. Não há compensação monetária. Quanto à electricidade, água e gás têm que ser os próprios beneficiários a pagar. A desocupação é mandatória, por bem ou à força.

Para onde foram as famílias faveladas enquanto se constroiam os novos prédios? Obviamente não é tudo derrubado ao mesmo tempo. Geralmente há algum espaço no entorno da favela e aí constroi-se o primeiro edifício, sendo realojadas um conjunto de pessoas. Logo que o espaço dessas casas fica livre, constroi-se outro edifício e assim sucessivamente. Normalmente um edifício de 4 andares apenas ocupa o espaço físico de 5 barracas, no entanto pode realojar 20, 30 famílias, libertando espaço para a construção de mais edifícios.

Fotos:

1- Favela e remoção:

Abaixo: favela: os três prédios longos em baixo são os primeiros conjuntos para realojamento dos favelados.

n

2 – Conjuntos residenciais construídos no lugar:

Abaixo: posto policial e colégio público.



Categorias:Arquitetura | Urbanismo

Tags:, ,

27 respostas

  1. Não teve um projeto anos atrás em São Paulo, que estava substituindo as favelas por prédios, bem antes do MCMV? Como é que ficou? Alguém sabe?

  2. Aqui JAMAIS isso vai ser feito, porque as favelas (que apelidaram de “comunidades”) são endeusadas pelos sociólogos e outros bestiólogos do regime PT, que adoram aquele cheiro de excrementos escorrendo pela rua e a estética da paisagem dos morros a ser desfrutada enquanto o tiroteio come e os desempregados bêbados sustentados com esmola do nosso imposto estupram as filhas menores dia e noite. Esperem sentados que se transforme essas malocas, berçários do crime e do voto de cabresto, em alguma coisa que preste.

  3. A mensagem do post: para tudo tem solução, basta querer e ser competente.

    Respeitando as realidades locais, podia-se fazer o mesmo com todas as favelas de POA.

    Mas aqui a cultura forte de “direitos” intocáveis, como permanecer na rua ou na favela, engessa qualquer tipo de ação, além de uma pusilanimidade enorme do poder público em planejar e executar ações como a que é mostrada neste post. Soma-se a isso uma legislação que se arrasta por anos a fio em ações infindáveis uma preguiça/desdém do Governo em erradicar a pobreza, e essas coisas realmente não acontecem aqui.

    Quando acontecem, as moradias são ridículas e de última categoria (vide post do Minha Casa Minha Vida abaixo).


    E ainda fazem piadas de português.

  4. No Rio ou Floripa a favela é nos morros, em POA no centro histórico.

  5. Aqui no brasil as pessoas até saem da favela mas a favela nao sai das pessoas

  6. Depois os brasileiros fazem piada de português… sinto vergonha.

  7. Um conjunto residencial desses seria vendido como prédio de luxo no Brasil.

    Mas né, Brasil.

  8. Portugal está de parabéns, muito boa ideia e muito lindo ficou o complexo de moradia, deu vida ao lugar, além de um aspecto moderno e habitável.

    Isso serve como inspiração não só para moradias, mas qualquer tipo de construção que possa ser construída para substituir uma antiga.

  9. Só pra constar: qual a fonte do texto?
    (mania do Marcelo de postar texto sem fonte)

  10. Espetacular.
    Não apenas em razão da construção de moradias dignas, mas também pelo fato de o Poder Público ter efetivamente tomado conta daquela zona de risco, instalando um posto policial e uma escola naquela região.
    Poderia ser feito isso aqui no Brasil, em vez desse modelo ridículo das UPPs.

  11. Não fica claro se as fotos são dos conjuntos habitacionais populares ou dos destinados à classe média que passou a ocupar o local. Também transparece que a desocupação envolve ação policial, ou seja, não deve ser tão maravilhoso assim, pois do contrário as pessoas não ofereceriam resistência alguma à desocupação.

    Sobre a questão da propriedade, o modelo português não resolveria o problema por aqui. Beneficiários desse programa poderiam alugar o imóvel para um terceiro, já que provavelmente não haveria fiscalização. O inquilino também não iria denunciar para não perder a moradia. Um aspecto positivo de Portugal é que lá o transporte coletivo em Lisboa e no Porto devem ser melhores, então não deve ser tão mau negócio ser realocado na periferia como é aqui.

    Acho interessante o que o Felipe X disse sobre a densidade das habitações populares. Elas até são densas considerando o número de moradores por área construída. Por outro lado, são pouco densas se considerarmos a quantidade de andares que poderiam ser construídos por terreno. Aquele condomínio da Bento com vários blocos de 20 andares é de classe média, mas me pergunto por que a mesma abordagem não é usada em condomínios populares?

    • “pois do contrário as pessoas não ofereceriam resistência alguma à desocupação” – discordo pois isso parte do princípio que pessoas não querem sair sempre por motivos objetivos e mensuráveis. As vezes não querem por que, sei lá, desconfiam do governo, construíram a casa com as próprias mãos, estão acostumadas com um pátio (coisa que o terreno invadido propiciava, etc)

      • Em suma, você está concordando comigo. Como eu disse “não é tão maravilhoso assim”. Se fosse, as pessoas desocupariam suas casas de bom grado para ocuparem suas novas residências.

      • Eu não estou exatamente discordando, só acho que nunca vão sair na paz. A não ser que ganhem um imóvel melhor do que eu tenho e que me custou uma boa dívida para comprar.

  12. Tudo interessante, mas o que mais gostei é a densidade. A nossa administração ainda insiste em fazer sempre casas populares de baixa densidade. Eu acho uma solução muito ruim e as mais novas continuam assim, veja por exemplo as que estão fazendo perto do barra shopping.

    Queria ver fazerem puxadinhos nesses prédios aí. No rio já fazem edificios.

    • Prefiro a favela horizontal à vertical. E outra, como um papeleiro, que vive de recolher material reciclável, vai morar num prédio? E mais outra, levando em conta a qualidade lixo dessas casinhas, eu nem imagino o que deva ser um prédio popular desses do Rio.

      • Vai morar num prédio sim. E daí?

      • Ricardo. Convido você pesquisar sobre o condomínio no conjunto da favela da mangueira o projeto de 2009 do arquiteto argento Jorge Joreg além do projeto também criou um trabalho de pos vendas. Ou seja ensinando como moradores deveriam usar vaso a pia, não utilizar a sacada como mais um cômodo e o significado de área de convivência num prédio enfim.. Uma série de ensinamentos para pessoas que souberam em outra senão nos barracos.

      • Concordo com o Thiago e não sei de problemas naquele prédio de dois andares que foi feito na esquina da João Pessoa com a Azenha. Talvez o único caso de habitação popular vertical em POA?

    • Edifícios de até 4 andares eliminam os custos altíssimos com energia e manutenção de elevadores. Quanto menor a edificação, mais se diminuem os problemas administrativos e as situações de conflito. Na minha modesta opinião, grandes edifícios não são uma boa opção para moradia popular.

  13. Como se isso já não existisse aqui em Porto Alegre. Só que aqui a gente sabe no que resulta no passar do tempo.

    • Aqui não fazem sempre os prédios antes de transferirem as pessoas não. É o bônus ou o alguel social até terminarem a obra do “minha casa minha vida”. Geralmente com atrasasos claro.

  14. Lá não tem o jeitinho de querer tirar vantagem de tudo… logo as construções são de qualidade e bom gosto… aqui todo mundo quer tirar uma lasca… o político, a construtora e até o futuro morador…

Faça seu comentário aqui: