Uma cidade sem identidade é uma cidade fantasma. Para seus moradores ou frequentadores fica tudo meio nebuloso. Não se distingue de fato o que ela é, nem o que ela tem a oferecer de especial. Falo da nossa Porto Alegre, capital gaúcha que hoje vive sob esta neblina. E assim não decolará.
Urge que seus gestores, sociedade civil, empreendedores, pensadores do urbanismo e da economia busquem juntos uma nova identidade. E isto é possível, pois Porto Alegre tem seus encantos mil quando olhada de perto – porque as coisas boas andam escondidas, sem nexo uma com a outra.
Muitos elos, laços, redes foram rompidos. Chegou a hora de juntar, amarrar, soldar para criar uma capilaridade entre o que existe de positivo, corrigir os equívocos, começar a plantar o novo.
Porto Alegre tem um bom caminho na área de ciência e tecnologia. A começar pela Lomba do Pinheiro, onde se encontra o Ceitec, um centro de prototipagem de chips que poucos conhecem. Abrigamos, também, o centro tecnológico da UFRGS e o Tecnopuc, junto com um conjunto de empreendimentos hospitalares e clínicas de alta resolutividade em Saúde, mas que vivem sem muita conexão.
Este caminho precisa que ser ampliado e cimentado com o que há de mais avançado em inovação. Apesar de terem acabado com a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, resta-nos a Secretaria de Porto Alegre, a INOVAPOA.
Já caminhamos para a segunda década do grande evento mundial que é o FISL – Fórum Internacional do Software Livre. Temos novidades no IV Distrito, zona Norte da cidade, que deve ser repaginado para atividades de inovação na área da comunicação, design, moda, Telecom, etc. A identidade da Porto Alegre do futuro tem que ser clara: uma cidade inovadora.
Mãos à obra!
Adeli Sell
Vereador de Porto Alegre por 16 anos
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Quando penso em cidade sem identidade, a primeira coisa que me vem à cabeça é Curitiba.
Concordo e discordo. Se formos falar do que ela era, concordo. Mas ela se reinventou e hj tem a sua própria identidade, por mais que muitos torçam o nariz, como fazem com Gramado, considerada apenas fake por alguns. Hj a imagem de cidade modelo, cidade verde e etc virou a identidade da cidade, por mais que isso não seja bem verdade.
não sei como era Curitiba no passado mas a conheço a uns 15 anos e me parece ser melhor que Porto Alegre em vários quesitos. A unica coisa que eu não gosto é a especulação imobiliária que tomou conta de lá e do Brasil inteiro.
Aqui vão algumas sugestões de projetos que poderiam ser tocados pela câmara de vereadores ao invés da troca do nome de ruas:
– Estabelecimento de uma comissão de recuperação dos parques e canteiros públicos com a contratação de agrônomos e paisagistas para liderar equipes de manutenção desses espaços, poderia-se criar grupos de voluntários dispostos a trabalhar sob a supervisão desses profissionais. Isso é feito em outras cidades: os cidadãos foram morar em apartamentos e sentem falta de mexer com canteiro, terra, jardinagem. Estabelecem-se equipes lideradas por profissionais com conhecimento técnico que estabelecem o que e como deve ser feito, e os voluntários fornecem a mão de obra necessária para deixar o seu bairro bonito, cortando a grama, retirando capim, plantando e mantendo canteiros com flores, etc.
– Estabelecimento de legislação para obrigação de existência de conforto térmico nas novas edificações público e privadas, prevendo vestíbulos, portas giratórias, janelas com vedamento, aquecimento central, pois é bom lembrar que um dia no futuro isso irá acontecer, não sei se em 100, 200 ou 500 anos, mas um dia Porto Alegre terá uma estrutura de obras civis condizente com o seu clima, os nobres vereadores poderiam estabelecer normas de construção que obrigassem as construtoras a implementar esse tipo de estrutura.
– Estabelecimento de legislação que obrigue as novas edificações a contemplarem as novidades de reuso de água, contendo encanamento para “agua cinza” para reaproveitamento.
– Estabelecimento de convênios e incentivos para o uso de energia verde, implantação de mini usinas de energia solar em escolas e locais públicos
– Implantação de recuos e quebramolas em esquinas movimentadas e entroncamentos com ciclovias, que obriguem os motoristas a reduzir a velocidade ao converter, o que o tornaria inviavel para o motorista acelerar ao ver a pessoa tentando utilizar a faixa, o que é muito comum hoje em dia na nossa cidade.
– Facilitação de liberação de áreas comerciais nas calçadas nos bairros próximos ao centro, facilitando o estabelecimento de comércio nessas regiões, o que comprovadamente reduz a insegurança nos locais onde isso é implementado.
Caso o nobre verador queira mais dicas de projetos que já deveriam ter sido pensado há décadas na nossa cidade, me coloco à disposição. Há muitas ideias daonde essas saíram.
Urge que os vereadores se preocupem mais em discutir o plano diretor da cidade, alternativas de mobilidade, viabilização de projetos em pareceria com a INICIATIVA PRIVADA já que o governo não tem dinheiro, e menos em discutir NOMES DE RUAS e medalhas para parentes.
Ele pode ter sido contra o Pontal, mas concordo com o que ele disse nesse texto.
Bobagem. Aquela Ceitec é um tremendo de um dinheiro jogado fora, produzindo chips de terceira categoria. O governo do Estado tentou encontrar empresários interessados, mas ninguém quer aquela bomba. Mais de R$ 600 milhões já foram enterrados lá. Mereceria uma CPI
Lembrem que Adeli Sell votou CONTRA o Pontal do Estaleiro.
Só pra não ser injusto com ele, lembro que o Adeli pessoalmente era a favor do pontal, mas votou contra em função de sua bancada, mas antes disso, ele fez um discurso denunciando a demagogia daquele debate. Nunca fui eleitor do Adeli, mas se tu for criticar ele, é bom antes criticar nosso sistema partidário que gerou essa contradição.
Perfeito comentário Glauber.